As investigações da Operação Safra, deflagrada pela Polícia Judiciária Civil (PJC), apontaram que a organização criminosa responsável por roubos e furtos de cargas em Mato Grosso movimentou R$ 6 milhões. A quadrilha também atuava nos estados de São Paulo e Paraná. Oito pessoas foram presas até o momento.
Dentre os alvos dos mandados de prisão preventiva estão os líderes do esquema e os donos de uma empresa transportadora envolvida nos crimes, que fica situada no interior paulista. As ordens judiciais foram cumpridas nas cidades de Ponta Grossa–PR, Avaré–SP, Assis–SP e Garça–SP, Conchas-SP, São Miguel Arcanjo-SP, Paraguaçu Paulista-SP, Maracaí-SP e Tarumã-SP.
Conforme as apurações da força tarefa, os integrantes da organização desviavam cargas de grãos, principalmente soja, das fazendas produtoras ou armazéns graneleiros utilizando notas frias para a retirada dos produtos. Depois que revendiam as cargas, ainda dentro de Mato Grosso, os suspeitos saíam do estado com o dinheiro obtido no esquema, agindo como 'piratas.
Mais de 40 boletins de ocorrência foram registrados em Mato Grosso e a polícia investiga a participação do grupo nestes casos.
Esquema criminoso
As investigações iniciaram na Delegacia de Paranatinga, que apurou os furtos de duas cargas de soja ocorridos em março deste ano. A partir de outras ocorrências registradas nas cidades de Sorriso e de Ipiranga do Norte, a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) identificou o esquema criminoso envolvendo uma empresa de transportes sediada no município de Assis e utilizada para a prática dos crimes.
A investigação da Polícia Civil indicou, ainda, que o grupo liderado pelo proprietário da empresa, de 35 anos, entrava no estado para furtar as cargas e depois sair com o dinheiro obtido nas vendas criminosas. A apuração apontou que a quadrilha utilizava-se das mais variadas fraudes, aproveitando-se falhas no sistema de controle das fazendas e das transportadoras contratantes.
Depois de praticarem os furtos, voltavam à cidade de Assis levando o “espólio, valores em dinheiro.
O delegado de Paranatinga, Hugo Abdon, destaca que a operação foi realizada para reunir informações contra os alvos investigados e também interromper as condutas criminosas. “Além disso, o objetivo era também atingir o patrimônio da organização criminosa, ressarcir as vítimas dos prejuízos sofridos e, por fim, levar à punição dos associados”, explicou.
O delegado Vitor Hugo Bruzulato Teixeira, pontua que o inquérito instaurado pela GCCO apura os crimes de organização criminosa, furto qualificado pela fraude e por concurso de pessoas, além de haver indícios da prática de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
Além dos furtos, a organização criminosa passou a agir também roubando cargas, com uso de armas de fogo e mantendo as vítimas reféns durante a ação. “Ou seja, a quadrilha está também praticando os mais variados crimes, inclusive, usando de violência, com emprego de arma de fogo e zombando do sistema de justiça e do principal sistema produtivo brasileiro, que é o agronegócio”, apontou o delegado Vitor Hugo.
Somente em Paranatinga, a quadrilha causou um prejuízo de R$ 300 mil com as duas cargas de soja furtadas. Em Ipiranga do Norte, os criminosos desviaram quatro cargas completas de soja avaliadas em aproximadamente R$ 600 mil.