A cúpula do PT diverge sobre a melhor estratégia para acompanhamento do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal), em Porto Alegre. Reunido nesta segunda-feira (8), o comando do partido em São Paulo discordou da tática desenhada pela presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), questionando inclusive a possibilidade de Lula ficar em São Bernardo no dia 24 de janeiro, data do julgamento.
Pela orientação de Gleisi, os militantes e dirigentes petistas, bem como os da Frente Brasil Popular, devem se concentrar em seus Estados de origem. Em Porto Alegre, se reuniriam prioritariamente os residentes nos Estados do Sul do país. Lula, por sua vez, esperaria pelo resultado em São Bernardo, ao lado da família, possivelmente no Sindicato dos Metalúrgicos, berço do PT.
Além de evitar gastos com as viagens, a senadora Gleisi alega a necessidade de fortalecimento do ato da avenida Paulista, de visibilidade nacional.
Mas, por maioria, a Executiva estadual do PT definiu como estratégica a organização de uma comitiva com 40 ônibus para o Rio Grande de Sul. Em outra reunião, centrais sindicais decidiram organizar uma caravana também de 40 ônibus. Militantes menos otimistas acreditam que 60 ônibus partirão do Estado de São Paulo.
‘Ocupação’
Uma mensagem do ex-ministro Gilberto Carvalho precipitou um debate interno no PT. Chefe de gabinete de Gleisi, Carvalho enviou aos militantes a informação de que "Lula ficará provavelmente em São Paulo, onde haverá ocupação da Paulista desde cedo e será recebido pela militância no final da tarde".
"No dia 25, a Executiva nacional faz uma reunião extraordinária para confirmar o lançamento da candidatura Lula a presidente, seja qual for o resultado do julgamento", escreveu o ex-ministro.
Carvalho também causou ruídos ao afirmar que "sairá até o dia 10 uma edição especial do 'Brasil de Fato', com 5 milhões de exemplares a se distribuir em todo o país, demonstrando que Lula não pode ser condenado porque não praticou crime". Integrantes da Frente Brasil Popular afirmam que o número de exemplares é menor e sua impressão ficará a cargo das direções estaduais.
No dia 24, o caso do ex-presidente Lula a ser julgado será o do tríplex, em que ele foi condenado por Moro a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.
A acusação diz que a empreiteira OAS reservou a ele um tríplex reformado em Guarujá (SP) como propina em troca de contratos com a Petrobras. A defesa de Lula sempre negou as acusações.