Por: Reinaldo Fernandes e Felipe Leonel
A crise política no Brasil, tendo o PT e PMDB como o foco das investigações da Operação Lava Jato, provocou mudanças na configuração política partidária em Mato Grosso, seguindo os resultados em outros Estados, com ampliação dos partidos ditos de direita.
O PSDB, sigla do governador Pedro Taques e também do candidato em segundo turno à Prefeitura de Cuiabá, Wilson Santos, foi o que mais cresceu nas eleições deste ano e conseguiu fazer a eleição de 39 candidatos entre prefeitos e vereadores. Na comparação com 2012, quando apenas três correligionários foram eleitos, houve aumento de 1.200% . Os números são de candidatos a prefeito.
O PSB foi o segundo em crescimento, apesar da totalidade ser baixa. Nas eleições municipais de 2012, o partido conseguiu eleger dez candidatos em Mato Grosso, dentre eles, o atual prefeito da capital, empresário Mauro Mendes. Neste ano, a sigla conseguiu ampliar em cinco o número de eleitos.
Fora o grupo dos tucanos, que está no lado dos grandes partidos brasileiros, somente as siglas “nanicas” conseguiram melhorar o desemprenho nas campanhas eleitores. O PSC, grupo ligado à religião cristão também aumentou o número de candidatos para cargos públicos eletivos, mas o número de representantes continua pouco expressivo. Aumentou de um candidato, em 2012, para cinco neste ano.
O PRB, da candidata à prefeita de Cuiabá, Serys Slhessarenko, fez dois candidatos eleitos a mais, em comparação com 2012, ano em que apenas um representante da sigla foi eleito. O PV, outro partido pequeno, conseguiu pela primeira vez vingar seus em Mato Grosso; a partir de 2017 três candidatos verdes vão exercer cargos públicos eletivos.
De volta no grupo dos grandes, o PMDB e PT viram seu campo de domínio encolher drasticamente. Em Cuiabá, o partido do candidato Emanuel Pinheiro, não conseguiu eleger nenhum candidato a vereador. Em Mato Grosso, o número caiu de 29 (2012) para 15 (2016). Os representantes petistas ficaram reduzido a dois eleitos dos dez que conseguiram se eleger em 2012.
Dados
O TRE/MT registrou 11.149 registros de candidaturas, 9.890 foram considerados aptos a participarem do pleito que custou R$13.447.361,00 para o Tribunal Regional. Em 2012, o Tribunal gastou R$17.121.505,00, ou seja, 20% a menos de recursos despendidos para a realização do pleito.
Em Cuiabá, o deputado estadual Wilson Santos (PSDB), apesar da grande rejeição inicial, conseguiu ir para o segundo turno e vai disputar o cargo de prefeito de Cuiabá com o também deputado Emanuel Pinheiro (PMDB). Emanuel Pinheiro obteve 34,5% dos votos; Wilson Santos, 28,40%; Procurador Mauro (Psol), 24,85%; Julier Sebastião, 8,12%; Serys Slhessarenko, 3,22%; e Renato Santana, 1,27%.
QUADRO:
Performance dos partidos nas eleições 2016 em MT
PSDB – 39 prefeitos e 190 vereadores eleitos
PSD – 23 prefeitos e 172 vereadores eleitos
PMDB – 15 prefeitos e 147 vereadores eleitos
PSB – 15 prefeitos e 141 vereadores eleitos
PR – 12 prefeitos e 106 vereadores eleitos
DEM – 7 prefeitos e 104 vereadores eleitos
PDT – 6 prefeitos e 70 vereadores eleitos
PSC – 5 prefeitos e 67 vereadores eleitos
PP – 4 prefeitos e 96 vereadores eleitos
PRB – 3 prefeitos e 32 vereadores eleitos
PV – 3 prefeitos e 36 vereadores eleitos
SD – 3 prefeitos e 57 vereadores eleitos
PT – 2 prefeitos e 38 vereadores eleitos
PROS – 1 prefeito e 23 vereadores eleitos
PTB – 1 prefeitos e 33 vereadores eleitos
Os partidos a seguir não elegeram candidato para prefeito, somente para vereador: PHS (4), PMB (15), PPS (35), PRP (10), PRTB (3), PSDC (6), PTC (2), PTN (2), PC do B (1), PSL (8) e PT do B (5).
Número de prefeitas e vereadoras eleitas é menor do que em 2012
Dos 3.305.531 habitantes do Estado de Mato Grosso 2.269.010 são eleitores aptos cadastrados no Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MT), sendo que 50,2% são formados por mulheres, mais de 11 mil eleitores a mais do sexo feminino. Porém esse dado não se reflete na realidade política. Dos 141 prefeitos eleitos neste ano, apenas 15 são do sexo feminino, o que representa uma parcela de 10,64%.
Para o cargo de vereador/a, as 141 cidades do Estado elegeram 1404 candidatos, no entanto apenas 13,46% mulheres, ou seja, só 189 irão ocupar uma cadeira nas casas legislativas. Em Cuiabá, além de não eleger nenhuma mulher, a única que tentou a reeleição após cinco mandatos e foi derrotada foi a assistente social Lueci Ramos (PSDB).
Em relação ao pleito de 2012, houve uma redução de prefeitas e também de vereadoras. Na gestão anterior foram 18 prefeitas eleitas e 198 vereadoras, uma diminuição de 17% e 5%, respectivamente para prefeitas e vereadoras.
Abstenções chegam a 20% em Mato Grosso
De acordo com um levantamento feito pelo Circuito Mato Grosso, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mais de 460 mil eleitores de Mato Grosso deixaram de votar. Isso representa um pouco mais de 20% do eleitorado, que terão que justificar o voto no TRE/MT.
As cidades onde mais eleitores deixaram de comparecer nas votações foi Nova Xavantina, onde houve uma abstenção de 27% dos eleitores, o que corresponde a 4.129 eleitores do total de 15.010. Cuiabá é a cidade onde o maior número de pessoas deixou de votar, 82.660, o que simboliza 20% da população que vota na cidade.
A segunda cidade com maior número de abstenções foi Várzea Grande, onde 37.899 pessoas deixaram de comparecer para a votação. A cidade que menos teve abstenções foi Araguainha, onde apenas 37 eleitores não votaram, ou seja, quase 4% dos eleitores da cidade.
Oito não conseguem reeleição em Cuiabá
Oito dos 18 vereadores que tentaram reeleição para a Câmara de Cuiabá não conseguiram vingar outro mandato. Todos são figuram conhecidas na capital e foram eleitos mais de uma vez para o cargo. Exemplo do ex-secretário de Saúde, Maurélio Ribeiro (PSDB), do apresentador de TV, Onofre Júnior (PSB) e de Lueci Ramos (PSDB), que está em seu quarto mandato.
Maurélio Ribeiro ficou na 26ª posição na lista dos candidatos com registro de 4.012 votos. Lueci Ramos aparece logo em seguida (27ª) com 3.556 votos. Já Onofre Ribeiro não ficou nem dentre os trinta mais votados; ele recebeu 2.810 votos, que lhe renderam a 31ª colocação.
Também não conseguiram reeleição Adilson Levante (PSB), que teve 3.320 votos; Arilson da Silva (PT) (1.152 votos); Marcus Fabrício (PTB) (2.803 votos); Oséas Machado (PSC) (2.174 votos) e Professor Néviton (PRB) (3.541 votos)
Dez das vinte e cinco cadeiras na Câmara de Cuiabá serão ocupadas por vereadores que atualmente já exercem o cargo. Uma proporção de 40% de novos nomes na cadeira do Legislativo considerada baixa pela situação também nova das eleições 2016 – PV (4), PSB (3), PSDB (3), PP (3), PSC (2), PSD (1), PT do B (1), PR (1), PROS (1), PRP (1), PTC (1), PRTB (1), PRP (1), PSL (1) e PSDC (1).
Devido ao encurtamento pela metade do tempo de campanha (de 90 para 45 dias) e limitação de gastos pelos concorrentes, a estimativa era que os candidatos já conhecidos saíssem à frente na corrida pela eleição para cargos públicos municipais.
“Esse número está abaixo do que se esperava durante a campanha, por causa das novidades nas eleições, que, em tese, dificultaria aos candidatos desconhecidos o exercício da campanha. Mas, a troca de 60% das cadeiras na Câmara de Cuiabá não significa que está se passando por uma renovação, o que vimos no período de campanhas foram nomes novos apresentando velhas ideias”, explica o analista João Edisom.
Misael Galvão estréia como o segundo mais votado
Na lista dos dez candidatos mais votados, cinco são vereadores que terminariam seu mandato em dezembro deste ano. Toninho de Souza (PSD) encabeça o ranking com 5.620 votos, logo em seguida vem Misael Galvão (PSB), que foi eleito pela primeira vez, com 5.095 votos, registrados em grande parte por vendedores camelôs, categoria que lidera em sindicato.
Renivaldo Nascimento (PSDB) ficou em terceiro lugar com 4.789 votos, abaixo dele aparece o reeleito Adevair Cabral, também do PSDB, com 4.789 votos. Gilberto Figueiredo (PSB) teve 4.299; Dr. Ricardo Saad (PSDB), o terceiro reeleito nessas eleições, teve 4.053 votos e Elizeu Nascimento (PSDC), 4.012 votos. Nas três posições seguintes estão Juca do Guaraná Filho (PT do B) com 3.845 votos, Chico 2000 (PR) 3.620, ambos conseguiram reeleição, e Marcelo Bussiki (PSB) com 3.583 votos.
Candidatos eleitos a vereador em Cuiabá
Toninho de Souza (PSD) – reeleito – 5.620 votos
Misael Galvão (PSB) – 5.095 votos
Renivaldo Nascimento (PSDB) -4.789 votos
Adevair Cabral (PSDB) – reeleito- 4.492 votos
Gilberto Figueiredo (PSB) – 4.299 votos
Dr. Ricardo Saad (PSDB) – reeleito – 4.053 votos
Elizeu Nascimento (PSDC) – 4.012 votos
Juca Do Guaraná Filho (PT do B) – reeleito – 3.845
Chico 2000 (PR) – reeleito – 3.620 votos
Marcelo Bussiki (PSB) -3.583 votos
Vinicyus Clovito (PP) – 3.576 votos
Dilemario Alencar (PROS) – 3.332 votos
Lilo Pinheiro (PRP) – reeleito – 3.278 votos
Diego Guimarães (PP) – 3.183 votos
Mario Nadaf (PV) – reeleito – 3.117 votos
Felipe Wellaton (PV) – 3.054 votos
Dr. Xavier (PTC) – 3.051 votos
Marcrean Santos (PRTB) – reeleito – 2.995 votos
Paulo Araujo (PP) – reeleito – 2.984 votos
Justino Malheiros (PV) – 2.917 votos
Delegado Marcos Veloso (PV) – 2.746 votos
Abilio Jr – Abilinho (PSC) – 2.623 votos
Sargento Joelson (PSC) – 2.616 votos
Orivaldo Da Farmacia (PRP) – 2.103 votos
Wilson Kero Kero (PSL) – reeleito – 1.938 votos
