Mulheres dos policiais miltares bloqueiam portão de saída de quartel (Foto: Fernando Madeira/ A Gazeta)
O protesto de parentes de policiais militares do Espírito Santo chega nesta segunda-feira (13) ao 10º dia. Mulheres ocupam a frente da sede do Comando Geral da PM e prometem impedir a saída dos policiais. Mas a expectativa é que eles continuem a se apresentar para o trabalho diretamente nas ruas, como fizeram durante o fim de semana. Há ônibus circulando na Grande Vitória e as aulas estão sendo retomadas nas escolas estaduais.
O Espírito Santo ficou sem Polícia Militar nas ruas por causa do protesto de familiares, na porta de batalhões, que impede a saída dos PMs. Mas, após um acordo entre representantes da categoria e governo e um chamado do comando geral da PM, neste domingo (12), mais de 1.200 policiais voltaram para as ruas.
A Policial Militar não pode fazer greve porque é proibido pela constituição. Nas ocupações, as mulheres sempre alegam que são elas que estão no comando da paralisação. Mas, para as autoridades, essa é uma tentativa de encobrir o que, na verdade, seria um motim dos PMs.
Sem a PM, uma onda de violência se instaurou e 144 mortes foram registradas até as 17h deste domingo, 9º dia de protestos, segundo o Sindicato dos Policiais Civis (Sindipol).
As mulheres dizem que os portões só serão reabertos depois que o governador Paulo Hartung receber representantes do movimento para uma reunião, mas ainda não há informações sobre esse encontro. “O quartel só tem a guarnição, que é para guardar o quartel e os presos. O restante, liberamos todo mundo, só vamos abrir esse quartel quando o governador olhar nos nossos olhos”, afirmou uma manifestante.
Uma esposa de militar, identificada apenas como Maria, disse que todos os militares que estavam aquartelados foram liberados, mas as fardas e o armamento ficaram presos no quartel. “Não tem mais policial aquartelado. Quem estava de serviço foi descansar em casa, mas tiramos todo o uniforme deles porque não vamos deixar nossos policiais na rua sem armamento e sem condições psicológicas”, contou.
Outra manifestante, que também preferiu não se identificar, disse que os policiais que saíram dos batalhões de helicóptero foram forçados a voltar à atividade.
“Eles estão sendo obrigados a se apresentar. Estão fazendo uma lavagem cerebral neles. Eu soube que os que saíram do BME desceram de helicóptero na capitania e iam seguir de lancha até o 38º Batalhão de Infantaria, em Vila Velha. E que de madrugada seriam obrigados a saírem com o Exército”,disse.
Ela também disse que os policiais militares que estão fazendo o policiamento nas ruas são, na verdade, oficiais, e não os praças. “Os que estão aguentando são os oficiais, aqueles que normalmente não vão para a rua, mas que estão indo para fazer volume”, falou.
Segundo ela, muitos policiais precisaram dar entrada no Hospital da Polícia Militar (HPM) por estarem muito abalados psicologicamente, e outros até tentaram suicídio.
Fonte: G1