Durante a "reprodução simulada do crime", Marlene Gomes afirmou que o crime não foi premeditado. Após uma briga, ela teria empurrado o amante, que caiu e "morreu". Em seguida, ela teria utilizado "a faquinha dele" para esquartejar Pedroso. "Eu cortei, cortei, cortei", disse Marlene na reconstituição.
O Ministério Público (MP) de São Paulo denunciou à Justiça, na quarta-feira (23), as três mulheres presas acusadas de matar e esquartejar o motorista.
De acordo com a denúncia feita pelo promotor Tomás Busnardo Ramadan, além de Marlene Gomes, a 'Mole', de 56 anos, foram indiciadas as prostitutas Francisca Aurilene Correia da Silva, a 'Thais', 34; e Márcia Maria de Oliveira, 'Sheila', 32. Elas foram acusadas de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
Segundo a acusação, Marlene era amante de Álvaro, que era casado e pai de dois filhos. Ela decidiu matá-lo porque o motorista queria romper o relacionamento e não dar mais dinheiro. Para isso, combinou o crime com as outras duas prostitutas.
Na opinião de Ramadan, o crime foi premeditado e o trio agiu "com vontade de matar". "A revelar a clara premeditação do assassinato", escreveu o promotor na denúncia.
A acusação ainda pediu a conversão da prisão temporária delas em preventiva para que fiquem presas até um eventual julgamento. Até a publicação desta matéria a Justiça não havia decidido sobre a solicitação. O G1 não localizou os advogados das detidas para comentar o assunto.
Corpo espalhado
Segundo o MP, a investigação da Polícia Civil concluiu que as três mulheres participaram do assassinato e esquartejamento de Álvaro. Ele foi morto após desaparecer no dia 22 de março, quando se encontrou com Marlene.
Partes de seu corpo foram espalhadas no entorno do Cemitério da Consolação, em Higienópolis, bairro nobre da capital. Quatro dias depois, sua cabeça foi encontrada na Praça da Sé. Os dois locais ficam na região central.
O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que investigou o caso, analisou câmeras de segurança que mostraram as três suspeitas passando pela área onde os pedaços do motorista foram achados. Depois, as prendeu entre os dias 27 e 28 de junho.
De acordo com a investigação, as detidas se prostituíam e se drogavam. Marlene era amante da vítima e confessou ser sido a mandante do crime por vingança. Ela alegou que não suportava mais ser ameaçada por Álvaro, que a torturava física e sexualmente, sugerindo sexo grupal com as outras denunciadas.
O crime
A Promotoria informou que Álvaro foi morto na madrugada do dia 23 de março, quando o motorista manteve relações sexuais com Marlene num apartamento na Rua dos Andradas, no Centro. Lá, a amante o embriagou com cerveja. Alcoolizado, ele foi tomar banho.
Foi quando quando Francisca e Márcia entraram no imóvel e foram ao banheiro juntamente com Marlene golpearam Álvaro com "instrumento contundente" na cabeça, matando-o. Depois, a amante teria usado uma "serra" para esquartejar o corpo e dificultar a identificação dele pela polícia. Também arrancaram as falanges dos dedos.
O trio comprou sacos plásticos e carrinhos de feira para espalhar as partes. Márcia e Francisca os abandonaram em quatro locais. No dia 23 de março, alguns restos mortais foram encontrados em Higienópolis: duas pernas e dois braços (esquina das ruas Sabará com a Sergipe); tronco (Rua Coronel José Eusébio); e duas coxas (Rua da Consolação). No dia 27 de março a cabeça foi achada na Praça da Sé.
Acusadas
As acusadas estariam na carceragem feminina do 89º Distrito Policial, Portal do Morumbi, Zona Sul, à espera de vagas num Centro de Detenção Provisória (CDP).
Além das três mulheres, um homem já havia sido preso pelo DHPP por suspeita de envolvimento no sumiço e morte do motorista. Mas, de acordo com a investigação o morador de rua João Eduardo Jerônimo, 29, preso em 4 de abril, não vai responder pelo crime. Apesar de câmeras gravarem ele empurrando um carrinho onde estavam os membros e o tronco da vítima, ele havia encontrado o objeto e não sabia o que tinha dentro. O G1 não conseguiu confirmar se ele continuava detido.
O DHPP divulgou um retrato digital da reconstituição do rosto da vítima a partir de análise do crânio achado. A identificação do corpo de Álvaro só foi possível por meio de exame de DNA. Familiares cederam material genético para comparar com o cadáver encontrado. O corpo acabou enterrado no dia 23 de abril, num cemitério da capital paulista.
G1