Entre 2004 e 2014, a proporção dos alunos de universidades públicas que pertencem aos 20% da população com a mais alta renda mensal familiar per capita do país caiu 33%. Há 11 anos, eles representavam 54,5% do total de estudantes no ensino superior da rede pública. Agora são 36,4%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) apresentados na Síntese de Indicadores Sociais (SIS), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (4).
A Síntese de Indicadores Sociais é uma publicação anual que reúne pesquisas sobre as condições de vida da população. Há dados sobre demografia, renda, trabalho, família, educação e saúde.
A queda de participação dos alunos ricos no total de matrículas representa uma redução de cerca de um terço no período. Ao mesmo tempo, a proporção, entre o total de universitários, dos estudantes que estão entre os 20% com menor renda mensal familiar per capita, cresceu mais de seis vezes, de 1,2% em 2004 para 7,6% em 2014.
O ensino superior ainda tem, porém, quase cinco vezes mais estudantes da camada mais rica da população do que alunos com renda mais baixa.
Rede privada
O ensino particular viu a proporção de universitários mais ricos cair ainda mais no mesmo período. Em 2004, eles representavam 68,4% do total de matrículas.
Em 2014, representavam 40,9% da totalidade de estudantes na graduação ou pós.
Apesar da queda, os estudantes desta faixa de renda continuam sendo a parcela com maior participação nas matrículas.
No caso da rede privada, os universitários que estão na camada de renda mais baixa do país também viram sua participação crescer, como na rede pública.
Em 2004, eles respondiam por 0,6% do total de matrícula, proporção que subiu 5,6 vezes, para 3,4%.
Cai diferença entre negros e brancos
Comparando a evolução em pontos percentuais, os dados da Pnad 2014 mostram que a expansão do ensino superior foi maior entre os estudantes negros do que entre os brancos nos últimos 11 anos.
Em 2004, 16,7% dos jovens de 18 a 24 anos pretos e pardos frequentavam uma universidade, número que subiu para 45,5% em 2014, um aumento de 28,8 pontos percentuais. Já entre os jovens brancos com a mesma idade, esse número variou entre 47,2% e 71,4%, o que representam um avanço de 24,2 pontos percentuais.
O recorte racial feito pelo IBGE mostra, porém, que a porcentagem de negros no ensino superior em 2014 continua sendo menor que a de brancos em 2004 e, enquanto quase três quartos dos jovens brancos estão na universidade, menos da metade dos negros estavam matriculados no ensino superior.
Avanço e escolaridade
O IBGE considera que a faixa etária entre 18 e 24 anos é a ideal para que os jovens cursem a graduação. No ano passado, 58,5% dos brasileiros com essa idade estavam matriculados nesse nível, "enquanto, em 2004, somente 32,9% desses estudantes estavam no nível de ensino recomendado para a sua faixa etária", diz o instituto.
O documento divulgado nesta sexta avalia que essa expansão vai acontecer de maneira acelerada nos próximos anos, por causa do aumento da taxa de frequência escolar líquida no ensino médio. "Um avanço nesse sentido pode ser observado por meio da queda significativa de 15,8% para 4,3% na proporção dos estudantes de 18 a 24 anos que frequentavam o ensino fundamental entre 2004 e 2014", explica o estudo.
O efeito, porém, só deve ser percebido nas gerações mais novas. Quase 40% dos jovens de 20 a 22 anos, por exemplo, não tinham concluído nem o ensino médio em 2014, segundo a Pnad.
Fonte: G1