Problemas diversos, como na compra de ingressos, nos banheiros e na alimentação transformaram em martírio para o torcedor o primeiro jogo no segundo estádio inaugurado para o Mundial.
O primeiro foi o Castelão, em Fortaleza, há oito dias.
Cruzeiro e Atlético-MG foram escalados para se enfrentar. O confronto, antecipado da terceira rodada do Campeonato Mineiro a pedido do governo estadual, terminou em 2 a 1 para o Cruzeiro.
"Inauguraram um estádio que não está pronto", disse o delegado atleticano André, que não revelou sobrenome.
Ele estava acompanhado do filho, e ambos desejavam saborear o tradicional tropeirão, um feijão turbinado com farinha e calabresa. Não puderam, porque o bar do setor no qual estavam, o 339, não abriu –a previsão era de que 34 bares funcionassem.
"É uma vergonha. Disseram que não há tíquetes para oficializar as vendas, por isso não abriram esse bar", disse o barbeiro Fábio Alves.
Havia um bebedouro, mas a fila forçava os torcedores a esperarem meia hora para tomar água quente. Alguns se hidratavam usando as torneiras do banheiro –fazia mais de 30ºC às 16h.
No fim do primeiro tempo, a água disponível no banheiro e no bebedouro acabou.
O Ministério Público Estadual promete investigar, principalmente, problemas nos bares, detectados em vários setores. Segundo o promotor José Antônio Baêta, pode haver processo administrativo.
"É lamentável o que aconteceu aqui com relação aos bares. As pessoas não estão conseguindo comprar água", disse Baêta à rádio Itatiaia.
A concessionária Minas Arena, responsável pela realização da partida, informou que está levantando os problemas ocorridos e que nesta semana se pronunciará sobre o que motivou as falhas e o que será feito para correção.
DIVISÃO
O jogo não foi um evento- -teste da Fifa. Mas a Minas Arena usou padrões que a entidade exige para a Copa das Confederações, que ocorrerá entre 15 e 30 de junho, como seguranças privados e assentos numerados.
O estádio tem cobertura e telões, como manda a Fifa, mas está inacabado.
Os banheiros não têm acabamento nos tetos e espelhos, e havia elevadores sem funcionar. Falta pintura em parte do estádio. O vestiário dos árbitros só tinha um chuveiro e um sanitário para cinco profissionais escalados.
Como ocorre em arenas na Europa, não há divisões físicas para os setores das arquibancadas. Desacostumados, muitos torcedores partiram para lugares que não os seus.
O Mineirão ficou fechado por dois anos e oito meses, e foram gastos mais de R$ 690 milhões para sua reforma, feita pelo consórcio Minas Arena –formado pelas construtoras Egesa, Construcap e HAP Engenharia. A empresa recebeu do governo estadual, proprietário do estádio, concessão por 25 anos.
Fonte: FOLHA.COM