O promotor de Justiça, Allan do Ó, disse que o escritório de grampos telefônico pode ter beneficiado o ex-governador Pedro Taques (PSDB) na eleição ao cargo em 2014. Ele afirmou que o caso a ilustrado pela eleição do tucano no período em que a central estava em funcionamento e a perda do cargo, em 2018, após o encerramento das escutas.
"É claro que [Pedro Taques] obteve vantagem ao monitorar os adversários [políticos]. [Mas perdeu em 2018] E ainda com a máquina na mão”, disse ele em nomear o ex-governador.
O promotor faz a acusação, a partir de hoje (6), contra cinco militares acusados de participar da operação dos grampos de telefones, sob a organização da Polícia Militar. Os coronéis Zaqueu Barbosa, Evandro Alexandre Ferraz Lesco e Ronelson Jorge de Barros, o tenente-coronel Januário Antônio Batista e o cabo Gerson Luiz Ferreira Corrêa Júnior serão julgados em três audiências na 11ª Vara Criminal de Cuiabá.
Pedro Taques é apontado nos depoimentos de Zaqueu Barbosa e Gerson Corrêa como um dos mentores da montagem do esquema antes da eleição ao Palácio Paiaguás. Segundo eles, Taques e seu primo, Paulo Taques, que viria a ser o chefe da Casa Civil, os procuraram para saber das condições da PM de se montar um esquema de escutas.
A defesa de Taques pediu a suspensão do julgamento, mas o recurso foi negado. O pedido veio da revelação do coronel Zaqueu à delegada Cristina Feldner que a placa usada na gravação das ligações foi destruída a mando do ex-governador. A versão é questionada pela defesa.
“Na delação, quanto mais você joga pra cima, mas você se livra [da pena]. Nem conhecimento sobre qualquer tipo de escuta ele [Taques] tinha. Eles dizem que a ordem partiu do governador, a partir de um encontro que no palácio. Isso é impossível”, disse o advogado.