Em 2016 o mandato do prefeito Mauro Mendes (PSB), que não disse se vai se reeleger novamente – mas tudo indica que sim – termina. Durante sua campanha em 2012, quando disputou o segundo turno das eleições com Lúdio Cabral, o então prefeito, ‘abraçou’ fortemente duas causas em Cuiabá: a saúde e o transporte público. Com o slogan “Um novo caminho para Cuiabá”, o prefeito foi eleito com 169.688 votos, correspondentes a 54,65% do total de votos válidos.
Na propaganda política vinculada nos principais meios de comunicação, o Mauro fez promessas que até hoje não foram cumpridas. Vamos relembrar algumas propostas e saber qual a situação atual do transporte coletivo e da saúde.
Transporte público – Promessa |
Situação |
Ar condicionado em todos os ônibus |
Na campanha, todos os ônibus teriam ar condicionado… Mas não foram entregues nem metade deles refrigerado até o momento |
Retorno dos cobradores |
O prefeito vetou o retorno dos cobradores, afirmando que isso “aumentaria o valor da tarifa”. |
Saúde |
Situação |
Construção do Pronto-Socorro
|
Principal bandeira da campanha, hospital não será entregue até o final do mandato. O projeto prevê que local ficará pronto em junho de 2017. |
Unidade de Atenção Integral à saúde da mulher e da criança
|
No mês de maio desse ano foi inaugurada a nova ala pediátrica do Pronto Socorro de Cuiabá. Após o término da construção do novo PS a atual unidade irá abrigar um hospital infantil. |
Valorização do trabalhador da saúde |
Profissionais da saúde ficaram em greve por 50 dias. Sem acordo com a prefeitura a população foi a maior prejudicada. |
Em entrevista ao jornal Circuito Mato Grosso, o historiador e analista político, Alfredo da Mota Menezes, pontuou que a gestão do prefeito será marcada por investimento em asfalto e saúde. “Se ele conseguir que o São Benedito continue funcionando e o Pronto Socorro saia em 2017, ele marca o tempo”.
Para o cientista político, João Edson, a gestão Mauro Mendes é boa, porém com relação a Saúde o classificou como ausente. “Talvez faltasse habilidade para lidar com essas coisas e aí quem pagou e está pagando é a população”.
Um dos grandes problemas enfrentados pelo prefeito em 2016 foi à greve dos médicos que durou 50 dias. João Edson criticou a forma como o gestor lidou com greve: “Apesar de ele também estar certo, eu acho que o método que ele utilizou para enfrentar isso talvez não tenha sido o mais correto. Foi um método muito fanfarrão e político”, concluiu João.
Transporte Público
Outro ponto de destaque na gestão de Mauro, o transporte também acabou se tornado seu calcanhar de Aquiles. “Esse é um problema sério, pois existe um discurso muito grande que não reflete na realidade”. Para ele não existe uma solução em curto prazo. “Acho que na verdade a prefeitura tem uma dívida muito grande com isso”.
CAB Cuiabá
No dia 02 de maio de 2016, o prefeito Mauro Mendes decretou a intervenção da empresa CAB Cuiabá, que fornece serviços de água e esgoto. No dia seguinte (03), a Câmara de Vereadores de Cuiabá aprovou o decreto e a concessionária passou a ser administrada pela prefeitura num prazo de 180 dias, podendo ser prorrogado.
Os serviços prestados pela concessionária já haviam sido questionados em diversos momentos, tanto pela sociedade, quanto pela mídia e pontualmente pela prefeitura, porém, apenas recentemente o prefeito decidiu tomar providência sobre a situação.
Em Várzea Grande
Completando um ano de mandato, a então prefeita de Várzea Grande, Lucimar Campos (DEM) assumiu a gestão da cidade após a cassação do mandato do ex-prefeito Walace Guimarães.
A gestora do lado de lá da ponte também é analisada por João Edson e recebe uma estrelinha de maior credibilidade que o ex-prefeito. “É mais visível, mais presente a existência da prefeitura hoje, o Walace era ausente. O secretariado é mais qualificado, agora o secretariado dele era quase insignificante. O quadro administrativo da Lucimar é um quadro maior e melhor, mas nós só precisamos entender que Várzea Grande não é bairro, é uma cidade”, pontuou.
A limpeza nas ruas da cidade é outro ponto destacado: “Agora você anda por Várzea Grande e vê os meio fios pintados. Em gestões passadas isso não acontecia”. Para João Edson, a atual prefeita, que já indicou sua vontade em se reeleger, tem condições para dar continuidade no trabalho, por ser a melhor opção para a cidade, aos olhos dos moradores.
Já o historiador e analista político, Alfredo da Mota Menezes, confessou não saber responder sobre a atual gestão da prefeita que de um lado está fazendo muita coisa e do outro não está fazendo nada. “A prefeita Lucimar esta fazendo o que é possível de olho na reeleição. Agora para saber se as coisas estão sendo feitas realmente é preciso entrar lá (Prefeitura)”.
PROPOSTAS |
SITUAÇÃO |
4 novas unidades de Pronto Atendimento |
Ao completar 149 anos, Várzea Grande recebeu as quatro novas unidades de PA |
Construção de novas creches |
Foram entregues sete novas creches e estão previstas a entrega de outras quatro |
Reforma e ampliação do Hospital e Pronto Socorro |
Segundo a Assessoria de Imprensa da Prefeitura, 100% da reforma do PSM foi entregue. |
Coleta e tratamento de esgoto |
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi retomado e as obras de coleta e tratamento de esgoto serão entregues. |
Estado de Mato Grosso
Em um ano e quatro meses como governador do Estado, José Pedro Taques (PSDB) vem enfrentando inúmeros problemas. Com a bandeira de governo honesto, Taques assumiu o estado após a Copa do Mundo de 2014 e agora enfrenta, com dificuldades, uma crise política nacional.
“Eu acho que o Pedro Taques tem que sair um pouco dessa imagem de governador honesto e ser um governador mais administrativo e arrojado. É um governo que tem credibilidade moral muito alta, mas que precisa aumentar a credibilidade administrativa”, pontua João Edson.
O cientista político critica a interferência da justiça no governo Taques até agora. “Parece-me que existe uma judicialização e por isso estão dando muita bola para o Ministério Público Federal (MPF) que é independente e não pode gestar um Estado. Ele foi feito para fiscalizar e não para ficar gestando. Nós estamos vivendo numa fase em que a parte jurídica está forte demais, está mandando muito e justiça não foi feita para mandar”.
Em contrapartida, Alfredo da Mota Menezes, disse que Mato Grosso passou por grandes problemas no Judiciário, Legislativo e o Executivo nos últimos governos e que o governo Taques veio para dar uma arrumada na casa. “Eu estou torcendo por esse governo”, finalizou.
Segurança – Propostas |
Situação |
Restruturação dos plantões metropolitanos visando prédios adequados |
Foi anunciado que o Estado investirá mais de R$ 1,1 milhão na compra de equipamentos tecnológicos, móveis, veículos e munições para atender cinco Delegacias em Mato Grosso. |
Reestruturar o sistema prisional do Estado e expandir as vagas do Sistema Prisional |
O Sistema Penitenciário de Mato Grosso recebeu investimento de R$ 63.747.706,35 milhões em 2016. 1.936 novas vagas serão abertas. Porém seria preciso mais de 5 mil vagas para suprir a necessidade do Estado, segundo o presidente do Sindicado dos Servidores Penitenciários de Mato Grosso, João Batista |
Fortalecer as ações de combate ao tráfico de drogas |
Foram feitas operações como “Civil Carga Máxima” que prendeu mais de 495 pessoas. Mas, com o sistema penitenciário comprometido pela superlotação é provável que essas pessoas não estejam mais presas. |
Educação |
Situação |
Valorizar os profissionais e oferecer condições básicas nas unidades educacionais |
Neste mês de maio de 2016, foi publicado no Diário Oficial a autorização para a elaboração e apresentação de estudos técnicos do Projeto de Parcerias Público-Privadas do Estado de Mato Grosso. A intenção é que o Governo não gaste nada, nem com as obras e nem com o pessoal, a não ser com professores e assessores pedagógicos. Assim, em vez de gastar com recursos – como contratação de pessoal – o Estado vai pagar aluguéis mensais dos imóveis e pela prestação dos serviços. |
Garantir os repasses constitucionais para a Educação |
|
Promover a realização de Concursos Públicos |
|
Construção, ampliação e melhoria da infraestrutura das unidades educacionais |
RGA: Prometeu e não cumpriu.
No ano passado, o Governo do Estado prometeu pagar o Reajuste Geral Anual (RGA) previsto por lei para os servidores públicos. No dia 6 de maio de 2016, em uma reunião com representantes de sindicados do funcionalismo público do estado, o governo anunciou que não vai pagar a reposição referente ao mês de maio de 2015 que foi de 11,28%.
Durante a reunião o governador disse que não ter dinheiro em caixa para que seja pago o reajuste e que o estado já tinha estourado o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. O pagamento do RGA comprometeria os próximos salários dos servidores e isso causaria atrasado. Ele justificou que a recomposição teria um impacto de R$ 628 milhões na folha salarial de 2016.
Para João Edson, existiam formas para dar o reajuste aos servidores como foi acordado em 2015. “Sinceramente isso foi infantil, pois quando ele garantiu que pagaria ele não tinha visto o orçamento primeiro? Ele não se lembrou da crise que o país está passando? Como ele promete dar o reajuste e agora diz que não vai dar pra pagar”, questionou.
Saúde em Mato Grosso
Segundo o cientista político, João Edson, a Saúde está um caos em Mato Grosso e não só em Cuiabá. No dia 29 de janeiro de 2016, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Gestão (Seges), publicou no Diário Oficial, a adjudicação e homologação do processo licitatório para a compra de 150 novas ambulâncias que seriam destinadas aos 141 municípios de Mato Grosso. O custo de cada ambulância Tipo B, ficou em aproximadamente R$ 163 mil.
A empresa De Nigris Concessionária da Mercedes-Benz de São Paulo foi à vencedora do certame que demorou seis meses para ser concretizado. Acontece que até a data da publicação desta matéria nenhum município recebeu esses veículos. As ambulâncias foram compradas , porém a maioria das cidades do interior do Estado ainda não recebeu nenhum veículo.
Legado da Copa 2014
Parece que as obras abandonadas após Copa do mundo serão retomadas. A mais esperada é a retomada do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), que está há um ano parada. Após a retomada das negociações entre o governo e o consórcio do modal, as obras têm previsão para serem retomadas em outubro de 2016.
Para João Edson, é de extrema importância que o VLT saia. “A população está preocupada se esse ‘trambolho’ do VLT vai continuar no meio da cidade ou se vai sair. Tem que dar um jeito e o VLT precisa funcionar.”
Segundo o advogado e representante do Consórcio VLT, Aldair Trova, as obras têm prazo para iniciar, mas a conclusão depende dos fatores técnicos e do suporte financeiro do Estado.
Sinop
Considerada por muitos como a “Capital do Nortão”, Sinop sofre com a situação do aterro sanitário desde 2014. O lugar é alvo de uma ação judicial e considerado inapropriado para o descarte de qualquer resíduo. A justiça determinou que a prefeitura mudasse de lugar ou criasse um novo aterro. Na segunda-feira (16.05), o local foi tomado por um incêndio e acabou sendo bloqueado para o descarte do lixo pela própria prefeitura que sempre conseguia reabrir o local.
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi criada para investigar a prefeitura de Sinop sobre a locação de imóveis (a maioria para a pasta da saúde) acima do preço de mercado. A CPI vai investigar 59 laudos feitos para avaliar os valores pagos pelo executivo. Pelos balanços, a prefeitura paga R$ 18 mil de aluguel pelo imóvel que abriga o Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), e, em uma avaliação feita por duas empresas, o valor não poderia passar de R$ 11,4 mil, mostrando sobre preço de 57%.
Apesar dos problemas citados, o cientista político João Edson, avalia como boa a gestão do prefeito de Sinop, Juarez Costa (PMDB). “Ele está no segundo mandato e materialmente é visível tudo o que ele já fez pela cidade. Dá para ver que é palpável aquilo que ele desenvolveu”, disse referindo-se as obras de infraestrutura.
Rondonópolis
A segunda maior cidade do Estado Rondonópolis, tem como prefeito Percival Muniz (PPS), avaliado por João Edson como “nem bom e nem ruim”. Para ele a cidade vem de um processo bastante confuso devido às administrações passadas. “O Muniz assumiu a prefeitura com a autoestima muito baixa e a maior obra que ele poderia ter feito era levantar essa autoestima no momento de crise”.