Cidades

Projeto de revitalização não tem data para sair do papel

Um dos cartões postais de Cuiabá e região que deu origem à cidade, o Porto, bairro da capital-mato-grossense, recebeu com esperanças uma notícias que poderia satisfazer uma demanda antiga da população: a revitalização de sua orla, que fica às margens do Rio Cuiabá. Anunciado com pompa no dia 27 de agosto de 2013, num evento aberto à imprensa, que contou com uma maquete digital, o projeto “Porto Cuiabá”, orçado inicialmente em R$ 28 milhões, ainda não possui data para ser entregue, quase dois anos e meio depois de seu lançamento.

Segundo o então secretário de governo do município, o deputado federal Fábio Garcia (PSB), o projeto original constava, na época, da construção de 1300 metros que acompanham a orla do rio que dá nome à capital, além da implantação de quiosques, arquibancadas e espaços de convivência para as pessoas.

No entanto, o Circuito Mato Grosso visitou o andamento das obras na última semana. A parte estrutural, de fato, está praticamente concluída, com muros de arrimo que minimizam os efeitos da erosão entre o asfalto e a margem do curso d’água, além da pavimentação de 900 metros que devem ser utilizados, no futuro, como espaços de convivência entre as pessoas, além de comércio, gastronomia e demais atividades propostas pelos frequentadores. 

Esta fase, orçada em R$ 5 milhões, ainda não contempla a construção de espaços de convivência, e nem uma nem outra possui data para ser entregue.

O secretário de governo e de comunicação da prefeitura, Cleber Lima, disse ao Circuito que a responsabilidade pelo atraso nas obras deve-se à judicialização de comerciantes que, antes do projeto, ocupavam as margens do rio com estabelecimentos gastronômicos. Segundo ele, houve resistência das pessoas em face do vencimento de suas concessões, o que obrigou o poder público a recorrer à justiça. Perguntado se a obra possuía compromisso de ser entregue na época da Copa de 2014, ele disse que o objetivo “não era fazer uma obra para turista ver”.

“Sempre dissemos que era uma obra para atender a cidade, e não uma obra para turista ver. A principal característica dela é recuperar um espaço tradicional que não estava mais sendo explorado pelas pessoas”, disse.

Questionado sobre a provável data de entrega desta fase da obra, que contempla a construção dos muros de arrimo e a pavimentação de 1300 metros de orla às margens do rio Cuiabá, Cleber afirmou que o plano inicial era que sua conclusão se desse no aniversário da cidade, no dia 08 de abril. Entretanto, “devido às chuvas acima do esperado”, de acordo com o secretário, o término agora está previsto “para o primeiro semestre”, ou seja, sem dia específico.

“Nossa previsão era entregar no aniversário de Cuiabá, em abril. Como está chovendo mais do que o previsto, não conseguiremos entregar em abril, mas entregaremos no primeiro semestre.” 

Moradores reclamam de falta de diálogo

O Bairro do Porto contém boa parte da história da capital de Mato Grosso. Como um dos únicos que beiram o rio que dá nome à cidade, hoje não é raro associarmos a localidade com práticas ilícitas, como comércio de drogas e prostituição, devido à degradação presente em algumas áreas. No entanto, parte da população resiste a essa realidade e não esmorece frente ao descaso do poder público com uma região que faz parte da identidade do povo cuiabano.

Esthefane Sena é empresária e possui um dos comércios mais antigos de toda Cuiabá, tocado por sua família por gerações. “A Baianinha”, casa de artigos religiosos do Bairro do Porto, já foi de propriedade de seu bisavô, hoje com 102 anos de idade. Ela lamenta pelos comerciantes tradicionais que ocupavam a orla do rio, e que foram retirados pela justiça em face das obras de revitalização do espaço, além de fazer críticas ao tratamento dispensado pelo poder público aos usuários de drogas, afirmando que eles “são doentes, e precisam de ajuda”.

“As peixarias que existiam na Beira Rio eram populares e acessíveis. Essa revitalização é só uma desculpa para tirar, à força, pessoas que deixam a paisagem mais feia. Os usuários de drogas precisam de ajuda, não de serem expulsos”, disse ela.

A poucos metros dali, encontramos outro comerciante, Marco Aurélio Pinto, o “Marcão do Boxe”. Ele também não deixou de fazer críticas à administração da prefeitura, dizendo que “não precisava arregaçar a Beira Rio”, e que ações que poderiam ser realizadas pelo poder público foram deixadas de lado, como a revitalização dos imóveis históricos que fazem parte do Bairro do Porto.

“Tão fazendo isso só para enganar o povo. Estão mexendo só na Beira Rio e esquecendo o resto do Porto. Essa prefeitura tá pior do que na época do Chico Galinha”, ironizou ele, referindo-se ao ex-prefeito Chico Galindo (PTB).

Encostado num muro e apreciando uma coca-cola gelada na quente tarde cuiabana, Elizio Leme, açougueiro, disse que, na época das discussões sobre a revitalização da orla do Porto, o vereador Mário Nadaf (PV), chegou a conversar com os moradores in loco, com o discurso de ser uma atração para a Copa do Mundo de 2014. Entretanto, as melhorias propostas, como rede de esgoto e pavimentação, ficaram só na promessa.

“Prometeram implantar rede de esgoto. Aqui quando chove a água sobe 30 cm. As bocas de lobo vivem entupidas. Essa obra da orla é para inglês ver”.

Parque das Águas devem ter obras retomadas nesta semana

As três medições realizadas pela empreiteira que está construindo o Parque das Águas já tiveram pagamento autorizado e até o fim desta semana as obras devem voltar com carga total, afirmou o secretário municipal de cultura Alberto Machado, em contato com o Circuito Mato Grosso.

Alberto explicou que as obras começaram em setembro de 2015, mas que as verbas solicitadas ao Ministério do Turismo, responsáveis por quitar as três medições já realizadas pela empreiteira, não foram liberadas pelo Governo Federal. Entretanto, ele afirma que a prefeitura de Cuiabá assumiu a iniciativa,e que a construtora já assinou um novo contrato.

“As obras começaram em setembro, mas o Ministério do Turismo não repassou a verba. Mas até o fim desta semana a empreiteira receberá pelas três medições realizadas, aí voltaremos aom a carga total”, disse.

O Projeto Parque das Águas, orçado em R$ 18 milhões, pretende transformar a Lagoa Paiaguás em um ponto turístico da Capital. O modelo buscará trazer alternativas de pontos turísticos para a população cuiabana.

O parque terá 270 mil m², com 1.500 metros de pista de corrida e caminhada, 1.600 metros de ciclovia, dois quiosques, duas academias ao ar livre, dois parquinhos infantis e um mirante. A partir das 20 horas, os visitantes poderão conferir um espetáculo com fontes luminosas no centro da lagoa, que possui 80 mil metros quadrados de lâmina d’água. O espaço contará ainda com estacionamento para mil vagas.

Leia reportagem na edição 571 do Jornal Circuito Mato Grosso

Diego Fredericci

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