Cidades

Profissionais de UPA em Cuiabá relatam descaso da Secretária de Saúde e sentimento de impotência

Profissionais da saúde, que atuam na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Morada do Ouro, em Cuiabá, estão relatando descaso da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e denunciam falta de equipamentos, medicamentos básicos e profissionais para atuarem no local. Do outro lado, a SMS afirma que tem se esforçado para solucionar os problemas.

Uma profissional, que prefere não se identificar, afirma ao Circuito Mato Grosso que há quase um mês estão em falta medicamentos e itens básicos, como anti-inflamatórios, para infarto, convulsões, soro hospitalar e medidor de glicose.

“Não conseguimos atender as coisas básicas que chegam e devem chegar para a gente na UPA. Então, se chega um idoso desidratado, eu vou fazer o que? Se chega uma pessoa com complicações relacionadas a diabetes, eu vou fazer o que? Se chega uma pessoa convulsionando, eu não consigo nem parar a convulsão porque não tem medicação”, desabafa a profissional.

Ela também conta sobre a falta de pessoal para o trabalho. De acordo com o relato, houveram dias em que não havia alguém para atuar no box de emergência e com isso alguns profissionais, de outro setor, foram remanejados para atuar no local.

“Está um absurdo. A equipe não está completa, todos os dias faltam médicos, faltam técnicos e enfermeiros. A UPA está funcionando normalmente, eles não fecham, não param, querem dar a impressão de que está tudo funcionando, que está tudo bem, mas não está. É vergonhoso a gente ser obrigado a trabalhar desse jeito, sendo que a gente não pode fazer o mínimo pelos pacientes”.

Ela conta que em casos mais simples, tentam aliviar o quadro com medicamentos substitutos, mas existem casos mais graves, como um infarto, e os pacientes devem ser encaminhados para outra unidade.

O eletrocardiograma e o raio-x são alguns dos equipamentos que estão com problemas. No caso do raio-x, a unidade está com um equipamento portátil, que segundo a profissional, é um equipamento muito limitado. Ele não capta imagens de pacientes obesos e não capta de algumas partes do corpo, além de não mostrar uma imagem com boa resolução.

“A gente tem um sentimento de que não pode fazer nada, não pode reclamar, só tem que trabalhar, porque a cada dia tem mais cobranças. Eles ficam contabilizando quantos pacientes a gente atende por dia, porque eles pagam por produtividade, então quanto mais atendemos, é melhor, então o atendimento é ruim, nem todo mundo a gente consegue atender rápido”.

A profissional desabafa que a equipe não tem retorno sobre as reclamações, quando vem alguma posição da SMS, são mais cobranças.

“É um sentimento de impotência, de não ser ouvido e só ser cobrado. O pior de tudo é não ter para quem reclamar”, finaliza.

A Secretaria Municipal de Saúde

Procurada, a SMS encaminhou uma nota ao Circuito Mato Grosso. Eles alegam que as unidades de saúde de Cuiabá tem atendido em capacidade máxima, devido a uma grande demanda de pacientes.

Alegam estar esbarrando em dificuldades para disponibilizar equipes de atendimento, devido ao impedimento de fazer contratações temporárias, algo imposto pela Justiça de Mato Grosso.

A pasta também cita que tem rescindido dezenas de contratos temporários e que já está solicitando abertura de edital para concurso público e processo seletivo destinados aos cargos na saúde. Algo que demanda tempo e não tem prazo de conclusão.

Confira a nota na íntegra:

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informa que:

– As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Policlínicas e Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) têm atendido em sua capacidade máxima devido à grande demanda de munícipes em busca de assistência médica.

– A Pasta informa à população que, mesmo com todos os esforços para pagar plantões extras aos profissionais, têm esbarrado na dificuldade de disponibilizar equipes para atender aos pacientes devido ao impedimento de fazer contratações temporárias, imposto pela Justiça estadual.

– Além da proibição de fazer novas contratações, em virtude de decisões judiciais de primeira e segunda instância, transitadas em julgado, desde outubro, a SMS tem rescindido dezenas de contratos temporários, dentre eles, médicos.

– Para sanar tal situação, a Pasta já protocolou junto à Secretaria Municipal de Gestão os processos solicitando abertura de edital de concurso público e processo seletivo para provimento de cargos na Saúde de Cuiabá. No entanto, essas medidas demandam tempo e não têm prazo para serem conclusas.

– Preocupada com a situação, a secretária interina de Saúde, Suellen Alliend, questionou a Secretaria de Estado de Saúde (SES) quanto à retomada de hospitais regionais no interior, além da Santa Casa e do Hospital Metropolitano, bem como sobre a publicação da portaria de custeio relativa à repactuação dos leitos do Hospital São Benedito, para que a rede assistencial volte a contar com o mínimo de equiparação, evitando que praticamente todos os casos de média e alta complexidade do estado venham a recair sobre o HMC.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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