A greve dos professores e funcionários estaduais do Paraná chega ao 29º dia nesta segunda-feira (9). A data será marcada por mais uma assembleia da categoria para definir o rumo da paralisação, que prejudica quase um milhão de estudantes em todo o estado. O encontro será no Estádio da Vila Capanema, em Curitiba, a partir das 8h30, e deve reunir 20 mil servidores. O grupo que está acampado em frente à Assembleia Legislativa – cerca de 100 pessoas – deve deixar o local em direção à Vila a partir de 7h30.
A última assembleia realizada na Vila Capanema foi na quarta-feira (4) e também reuniu cerca de 20 mil trabalhadores. Em maioria absoluta, eles decidiram pela continuidade da paralisação.
Ao G1, a diretora de finanças do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), Marlei Fernandes de Carvalho, explicou que o retorno das aulas não será imediato caso os professores decidam encerrar a greve. "Teríamos que organizar algumas coisas ainda para que os alunos possam voltar com tranquilidade para a sala de aula".
Marlei também não descartou a possibilidade de que os trabalhadores insistam nas exigências pendentes e decidam pela continuidade da paralisação novamente.
Na sexta-feira (6), o sindicato foi notificado da decisão da Justiça que determinou o retorno imediato das aulas e informou que vai recorrer. Eles estão sujeitos a multa diária de R$ 20 mil em caso de descumprimento.
Ainda na sexta, Hermes Leão, presidente do APP, declarou que "há descrédito da categoria com relação às últimas propostas apresentadas pelo governo estadual".
Pendências
Mesmo depois de o governo ter retirado o pacote de medidas para revisão e ter avançado nas propostas de benefícios para os servidores, Hermes garante que ainda faltam algumas pendências. "Falta definir um calendário de pagamento de atrasos que o governo deve sobre promoções e progressões, nomeação de 463 professores, porque eles [o governo] tinham prometido fazer um decreto e não fizeram ainda, e consolidar o tema da redistribuição de turmas porque ainda temos turmas superlotadas", destaca.
Já o governo insiste em dizer que atendeu toda a pauta de reivindicações apresentada pela APP durante as negociações. Entre os compromissos firmados está a não apresentação de qualquer projeto de lei que suprima direitos dos servidores públicos e, em particular, dos educadores.
Prejuízo para os alunos
Os professores e funcionários de escolas públicas do Paraná estão parados desde o dia 9 de fevereiro, quando mais de 950 mil estudantes deveriam ter começado o ano letivo. Desde então, os trabalhadores estão acampados em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep-PR). A mobilização dos servidores reúne cerca de 100 mil pessoas em todo o estado.
O psicólogo especialista em educação, Marcos Meier, explicou que os alunos podem ter sido os principais prejudicados durante o período. "Toda greve vai causar algum tipo de prejuízo. Isso é verdade e não tem como escapar. O calendário escolar da rede estadual é elaborado com 200 dias de aulas. Então, se diminuirmos essa quantidade de dias fora de sala de aula, o calendário vai precisar ser refeito com, por exemplo, aulas aos sábados ou até mesmo durante o período de férias, caso a greve continue".
O pior dos prejuízos com relação aos estudantes, aponta Meier, é a desmotivação. "Muitos dos alunos que já estão em casa porque as aulas podem começar a qualquer momento poderiam ter estendido o período de férias, por exemplo. Ou seja, o aluno está em casa esperando que as aulas comecem e as aulas não começam. Isso pode, sim, deixá-los sem motivação", acrescenta.
Meier também defendeu o lado dos grevistas. "Quando a gente fala nesses prejuízos, temos que olhar o outro lado. Permanecer com professores desmotivados em sala de aula também é um prejuízo não só para os alunos, mas para a sociedade em geral. Se eles [os professores] não fizessem greve, não fizessem manifestação, estariam desmotivados e, com certeza, isso implicaria, também, no conteúdo aplicado", detalha o especialista. "Então, apesar de o remédio ser ruim ou amargo, ele é remédio".
Fonte: G1