Professores da rede estadual de São Paulo decidiram, em assembleia nesta quinta-feira (2), manter a greve iniciada em 16 de março. A categoria reivindica 75% de reajuste e melhores condições de trabalho, entre outras pautas.
Após votarem pela manutenção da paralisação no vão do Masp, os docentes se dividiram em dois grupos e partiram em caminhada pela Avenida Paulista em direção à sede da Secretaria de Estado da Educação, na Praça da República, no Centro.
De acordo com a Polícia Militar, 5 mil pessoas participaram do protesto. Já o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) divulgou balanço de 60 mil manifestantes. Uma próxima assembleia foi marcada para o dia 10 de abril, em frente ao Palácio dos Bandeirantes.
Na segunda-feira (30), reunião entre a Apeoesp e o governo terminou sem acordo. Segundo o sindicato, a Secretaria Estadual da Educação não ofereceu nenhuma proposta salarial aos professores. A pasta diz que, no encontro, apresentou um projeto de lei que visa ampliar os benefícios concedidos aos professores temporários das escolas estaduais.
Caminhada dividida
Os professores em greve se dividiram em dois grupos. Um deles seguiu pela Avenida Brigadeiro Luis Antonio, Avenida 23 de Maio, Túnel do Anhangabaú e depois Praça da República. O restante caminhou pela Avenida Paulista, Rua da Consolação e em seguida para o mesmo destino final.
Proposta
O governo afirma que o projeto de lei, apresentado nesta segunda ao sindicato, será encaminhado à Assembleia Legislativa, e estabelece a inclusão dos docentes temporários na rede de atendimento do Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual) – o acesso ao benefício é uma das cobranças dos grevistas.
A pasta diz que finalizou estudos para mudanças na contratação dos profissionais. Atualmente, a partir do terceiro ano de atuação dos professores temporários, a legislação exige a espera de 200 dias para uma nova contratação.
“A proposta da Educação, avaliada agora pela Procuradoria Geral do Estado, é que este período seja reduzido para o intervalo fixo de 40 dias, agilizando a convocação destes profissionais que atuam em caso de ausência dos professores efetivos, como licença-saúde por exemplo.”
Para a Apeoesp, entretanto, o projeto de lei não resolve o problema dos professores temporários. O sindicato diz que cobra da pasta uma nova forma de contratação, não apenas uma mudança no prazo.
Reivindicações
Em greve desde o dia 16, os professores pedem reajuste de 75,33%. Já o governo diz que deu aumentos acumulados de 45% nos últimos quatro anos.
O sindicato também questiona o pagamento do bônus. A administração estadual vai pagar R$ 1 bilhão em bônus por mérito para os 232 mil funcionários da Secretaria da Educação do Estado. A quantia é a maior da história, segundo a pasta. No ano passado, foram repassados R$ 700 milhões.
“Trata-se de uma opção do governo pagar bônus e não salário", diz a Apeoesp. A categoria ainda alega que o bônus “não incide sobre os benefícios da carreira, prejudica a aposentadoria e exclui os aposentados.”
Invasão
Na quarta (1º), cerca de 30 grevistas invadiram a sede da Diretoria Regional de Ensino em São Bernardo do Campo, no ABC. Câmeras de segurança registraram o momento da ocupação dos funcionários.
De acordo com a Secretaria da Educação, o prédio foi depredado e dois funcionários ficaram feridos. Já a Apeoesp disse que os professores foram até o local para fazer reivindicações e foram recebidos por seguranças armados, que tentaram impedir a entrada. Um dos professores ficou machucado no braço.
Em nota, a Secretaria de Educação repudiou a ação e disse que não admite atos de vandalismo. Já para a Apeoesp, o ocorrido reflete a política de truculência da Secretaria da Educação.
Fonte: G1