Três dias após um episódio racista na Faculdade Getulio Vargas lançar luz sobre a problemática do preconceito racial, José Guilherme de Almeida, um docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), publicou em sua página no Facebook um relato discriminatório, causando revolta nos estudantes da instituição. “Odeio pretos e pardos falando muito alto e comendo de tudo, por muito tempo, nos hotéis três estrelas de orla de praia”, diz um trecho do post. Procurado pela reportagem, o professor não foi localizado. O IFSP alega que Guilherme não foi trabalhar hoje e que não tem permissão para fornecer contatos de servidores.
“Um café da manhã macabro, com tanta algazarra e gulodice. Alguém consegue comer carne de sol com cuscuz logo cedo, lotando o prato por três vezes? Eles conseguem, todos! Queria ser muito rico e ter o café no meu quarto sempre, nu e escutando Mozart”, escreveu.
Professor e pesquisador na Diretoria de Humanidades e atuante nas classes de licenciatura em geografia, José Guilherme apagou a postagem assim que começaram a surgir as primeiras ondas de revolta em sua rede social, mas o relato foi copiado e compartilhado. A atitude racista culminou em um protesto, organizado pelos próprios estudantes, que ocorreu na manhã desta segunda-feira (12), no saguão do instituto.
Procurado, o IFSP afirmou, em nota, que “repudia quaisquer formas de preconceito e discriminação dentro ou fora de seus muros, seja por parte de um servidor ou de outro cidadão” e enfatizou a existência de grupos de debates mantidos e frequentados por alunos e pela comunidade externa, que discutem temas ligados à representatividade. O IFSP disse que reconhece a gravidade dos fatos e que iniciou as apurações para esclarecer o ocorrido.