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Problema de saúde na família pode impedir judoca de se manter no topo

Parte da vitoriosa história recente do judô brasileiro é construída graças a filhos de Brasília. Aqui cresceram Érika Miranda, Ketleyn Quadros e Luciano Corrêa — juntos, donos de uma medalha olímpica, seis mundiais e seis pan-americanos — e, hoje, treinam na capital aqueles que prometem ser os próximos campeões da cidade. Os jovens William Souza Junior, 19 anos, e Guilherme Schmidt, 16, lideram o ranking nacional em suas categorias e representarão a Seleção Brasileira de base em competições internacionais nos próximos meses. Vice-líder de seu ranking, Matheus Takaki, 16, compartilha com os amigos o sonho olímpico.

Guilherme Schmidt é o mais jovem dos três. Nessa idade, já lidera o ranking nacional no sub-18 e é o quarto colocado no sub-21. Para conquistar o sonho de se tornar profissional, poder viver do esporte e chegar à sonhada Olimpíada, porém, o atleta convive com um obstáculo ainda maior que seus oponentes no tatame: a dificuldade financeira.

Isso porque, diferentemente do que ocorre no sub-21, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) não banca a ida para todas as competições — principalmente internacionais — que contam pontos para o ranking. Assim, convocado para disputar competições na Turquia, em fevereiro, e na Croácia e Alemanha, em março, Guilherme terá apenas as duas primeiras viagens patrocinadas pela confederação.

Para lutar as duas etapas da Alemanha, consideradas importantíssimas por ele para o caminho até o Mundial da categoria, o judoca precisaria desembolsar em torno de R$ 14 mil. Segundo a mãe, Delsélia Ferreira, recém-formada em direito, a viagem será inviável caso não apareça alguma oportunidade de patrocínio.

“Quem sempre ajudou a bancar as viagens foi o pai dele, que recentemente teve um problema de saúde muito sério e passou por um transplante de fígado. Estamos sem condições financeiras no momento, justamente agora que ele tem conseguido se destacar”, lamenta a mãe. “A gente está tentando patrocínio. Ele pede muito nas redes sociais, faz campanhas para arrecadar dinheiro, mas é muito difícil. É o sonho dele, que infelizmente pode ser interrompido por falta de apoio”, complementa.

Pelo destaque, o judoca conseguiu uma bolsa integral do Colégio Projeção, de Taguatinga, para concluir o ensino médio. Mas, segundo Delsélia, apesar de ajudar bastante, o auxílio não é o suficiente para custear as viagens.

Resultados animadores

Os brasilienses venceram a seletiva nacional, disputada em novembro, em Lauro de Freitas, na Bahia. Neste ano, no Meeting da base — competição realizada em janeiro, em Pindamonhangaba (SP) —, novamente se destacaram. Por isso, permaneceram no interior paulista por uma semana, mesmo após o fim do torneio, para uma série de treinamentos com a seleção adulta, junto dos ídolos, Érika Miranda e Tiago Camilo.

Líder do ranking brasileiro sub-21 na categoria meio-pesado (até 100 kg), William Souza Júnior foi o único do DF a vencer o Meeting. Ele defende o posto de “principal promessa do judô brasiliense para os próximos anos”, nas palavras de Luiz Gonzaga Filho, presidente da Federação Metropolitana de Judô de Brasília (Femeju).
O rapaz de 19 anos coleciona títulos regionais e nacionais e integra a base da Seleção Brasileira, pela qual disputa neste fim de semana a Copa Internacional de Seleções, em Salvador. Entre março e maio, competirá em Portugal, na Alemanha, na Rússia e na Polônia. “Meu foco está em Tóquio-2020. Sei do tamanho da dificuldade, mas também sei que tenho potencial para chegar lá. Preciso treinar ainda mais e começar a pontuar no ranking do sênior. Ano passado, fiquei em quarto na seletiva olímpica. Não estou tão distante”, avalia.

A corrida olímpica será encerrada em janeiro de 2019, na última seletiva nacional antes de Tóquio-2020. O favorito à vaga é o paulista Rafael Buzacarini, atual líder do ranking adulto.

O maior rival de Guilherme Schmidt será Alex Pombo, brasileiro mais bem colocado no ranking mundial (23º) da categoria meio-médio, para competidores de até 73kg, e representante brasileiro nas Olimpíadas do Rio. Assim como William, Guilherme lidera o ranking nacional mesmo dois anos abaixo da idade limite da categoria. “Meu sonho é de, no fim do ciclo, entrar na seletiva olímpica. E, para chegar lá, farei tudo que estiver ao meu alcance”, promete o atleta de 16 anos.
O caminho, em tese, é simples: somar pontos no ranking adulto nos dois próximos anos. Enquanto isso, porém, eles têm de defender a liderança do ranking sub-18, motivo pelo qual Guilherme foi convocado para disputar competições na Turquia, em fevereiro, e na Croácia e na Alemanha, em março, representando a Seleção Brasileira.

Correndo por fora, está Matheus Takaki, vice-líder do ranking nacional sub-18 na categoria ligeiro. Além de precisar superar o medalhista olímpico Felipe Kitadai — bronze em Londres-2012 —, luta contra outro adversário para realizar o sonho olímpico: o peso. Isso porque a categoria mais leve do judô profissional é para atletas de até 60kg. “Primeiro, preciso ganhar peso para começar a pegar ranking entre os profissionais e tentar a vaga na seletiva olímpica”, projeta. Com apenas 1,62m de altura e 55kg, o atleta precisaria engordar ao menos 4kg para enfrentar os oponentes em igualdade física.

Os rapazes treinam na Academia Espaço Marques, de Taguatinga, escola criada há 10 anos, mas que já tem história no judô. Lá, por exemplo, surgiu Ketleyn Quadros, medalhista de bronze em Pequim-2008, primeiro pódio da história do Brasil no judô feminino. Eles estão sob comando de Robert Marques, treinador da base da Seleção entre 2009 e 2011.

Fonte: SuperEsportes

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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