Cidades

Problema de lixo não é resolvido pelo prefeito Mauro Mendes

Foto: Ahmad Jarrah

O tratamento de lixo foi um dos problemas que atravessou 2016 sem solução, agravando o problema de destinação de resíduos em Cuiabá, onde a quantidade de lixo só vem crescendo nos últimos anos e hoje já passa de 600 mil toneladas por dia.

Apesar de relacionado no plano de governo do prefeito Mauro Mendes (PSB), algum tipo de ação para a regularização dos serviços só apareceu em dezembro com apresentação de estudo sobre a reestruturação do aterro sanitário, atualmente classificado de lixão. O que já foi criticado pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) por causa da proposta paliativa. O problema deverá ser acompanhado de perto pelo futuro prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB).

A Prefeitura de Cuiabá opera sem licença o aterro sanitário desde 2008. O último pedido de renovação foi apresentado em março deste ano, mas foi indeferido pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) por falta de adequação a padrões acordados em Termo de Ajustamento de Conta (TAC) em 2013.

Conforme a Sema (Secretaria Estadual de Meio Ambiente), o município não conseguiu se encaixar em determinações para manutenção correta de resíduos sólidos, como o dreno de chorume, plano de desativação das lagoas de tratamento e de acúmulo de chorume. O pedido foi indeferido em maio deste ano.

O problema já tinha sido identificado pela prefeitura em 2013, ano em que o Mauro Mendes anunciou início de estudo para construção de um novo aterro sanitário. A proposta era a montagem de consórcio com outros municípios próximos a capital (Várzea Grande, Nossa Senhora do Livramento e Santo Antônio do Leverger, por exemplo) para a criação em conjunto de aterro. À época o problema foi caracterizado como urgente por causa de prejuízos ambientais e sociais.

Falta competência

A falta da preparação técnica para monitorar os serviços de resíduos é apontada como fator catastrófico pelo professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), engenheiro sanitarista e ambiental, Paulo Modesto. Segundo ele, o desconhecimento sobre os efeitos de tratamento inadequado já gera impactos ambientais, que podem custar muito para a recuperação. Cita uma análise realizada pela universidade que aponta contaminação da água a 60 metros abaixo do solo.

Conforme a prefeitura, 93% de todo lixo produzido em Cuiabá são coletados; considerando a quantidade, hoje de 600 toneladas por dia, os 7% não recolhidos somam 42 toneladas. Segundo o professor, isso representa 80% do que a maioria dos outros municípios em Mato Grosso produz ao dia.

Estudo realizado por três estudantes da UFMT aponta 140 bolsões e 114 pontos irregulares de acumulação de lixo em Cuiabá. Foram compiladas informações no começo deste semestre em 137 bairros – 37 na zona sul, 50 na zona leste e 50 na zona demarcada como norte/oeste. Os dados são do estudo sobre valorização de resíduos sólidos em ambiente urbano, realizado pelos universitários Ederson Santos Duarte, Gabriela Ribeiro Bezerra e Leonardo Ribeiro Pimentel, sob a coordenação do professor Paulo Modesto.

Reinaldo Fernandes

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