O sapateiro Marcionone de Souza Bueno está na fila por liquidação em Franca (Foto: Márcio Meireles/EPTV)
O sapateiro Marcionone de Souza Bueno, de 21 anos, está desde a noite de sábado (2) guardando lugar em frente à loja de uma rede varejista no Centro de Franca (SP) para ter acesso às ofertas da tradicional liquidação realizada nas 780 filiais da empresa espalhadas por 16 estados na sexta-feira (8).
Ele é o primeiro de uma crescente fila formada por quem abre mão de conforto para economizar até 70% nas compras, mas que também dá um jeito de conter a ansiedade com jogos de cartas e dominó, além de fazer amizade com quem tem o mesmo propósito.
Bueno diz ter poupado R$ 2,5 mil para renovar os móveis de sua casa de uma só vez. Armário, geladeira, cama de casal, panelas e brinquedos que não foram presentados aos filhos no último Natal entram na lista de desejos.
Adepto da liquidação do Magazine Luiza há cinco anos, ele reconhece que em condições normais não conseguiria, mas tem convicção de que o dinheiro será suficiente para concretizar todas as compras na próxima sexta-feira.
"Vale a pena, todo ano eu venho. Mesmo pegando o último lugar venho, porque se compra muita coisa barata. Quando você entra até se perde. Economiza bastante", calcula.
Desde sábado, Bueno se reveza com a mulher na reserva da primeira posição e tem dormido em um colchão. Ele apenas deixa o posto para tomar banho em casa, a 40 minutos de ônibus dali.
A espera no calçadão acaba servindo de pretexto para novas amizades. "Dá umas 21h eu deito e durmo, mas acordo de novo. Ontem [madrugada de domingo para segunda-feira] ficamos até quatro e meia da manhã jogando dominó. Não conseguimos ficar deitados, ficamos ansiosos", afirma.
O sapateiro é perfilado por pessoas como a cabeleireira Luciana Cristina Silva Santos, de 37 anos, que aproveitou a baixa procura de sua clientela neste começo de ano para tentar comprar, a preços reduzidos, uma cama, um telefone celular e um tablet.
Os aparelhos eletrônicos são os primeiros itens a se esgotar na liquidação, conta a moradora que há dez anos participa da promoção da rede varejista e, desde sábado em frente à loja, é a segunda na fila.
"Para pegar a promoção no começo, ficar muito para baixo não adianta. Celular acaba mais rápido", diz.
Assim como Bueno, ela se reveza com familiares a fim de ver as ofertas antes de todo mundo. "Compensa, porque as promoções são boas. Eu e Luciana nos revezamos. Quando ela fica aqui vou pra casa. Quando ela vai eu fico", afirma o sapateiro Bryan Eduardo, de 23 anos, irmão da cabeleireira.
Fonte: G1