Jurídico

Primeira mulher à frente da OAB-SP, Vanzolini terá desafio de unir advocacia

A advocacia paulista elegeu a criminalista Patricia Vanzolini como primeira mulher presidente da seccional de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil. No pleito desta quinta-feira (25/11), ela obteve 35,83% dos votos.

Logo após a confirmação da vitória, a presidente eleita afirmou que o momento é de união e que assume o compromisso de atuar em prol de todos os advogados do estado.

"Com a alegria e a honra de ser escolhida a primeira mulher a presidir a OAB de São Paulo, venho agradecer em nome de todos os integrantes da chapa o histórico apoio recebido pela advocacia paulista. Mais do que representar a primeira mulher no comando da maior seccional do país, reconheço o peso da responsabilidade que é reconstruir a Ordem com meu compromisso de atuar na defesa intransigente das prerrogativas de todos os advogados e da valorização da profissão, do primeiro ao último dia de meu mandato."

Entre os apoiadores de Vanzolini que comemoraram a escolha está o criminalista Antonio Cláudio Mariz de Oliveira. Para ele, Patrícia Vanzolini e Leonardo Sica, como vice-presidente, reúnem condições para pautar a gestão em um trabalho de valorização profissional, por meio da defesa das prerrogativas, da observância dos preceitos éticos e de uma campanha de esclarecimento sobre o papel do advogado na sociedade.

"É fundamental também que a entidade seja recolocada como porta voz dos anseios e das aspirações  da sociedade brasileira. Quando presidi a Ordem criei o Conselho da Mulher Advogada. Passados mais de trinta anos vejo com júbilo e esperança a Patrícia chegar à Presidência. Espero que sejam novos tempos", ressaltou.

Advogadas ouvidas pela ConJur ressaltam a importância da maior seccional do país ser presidida por uma mulher, após quase 90 anos de existência. Viviane Girardi, diretora da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), destacou que a vitória de Vanzolini nas eleições da seccional paulista da OAB representa muito para a advocacia e para as mulheres.

"Ela concretiza anseios e lutas históricas das mulheres pelos espaços de lideranças. Também aponta para o acerto da política da paridade e das cotas raciais implantadas pelo Conselho Federal da OAB: únicos mecanismos de mobilidade e participação democrática no exercício do poder. Ter uma mulher à frente do maior colégio eleitoral do país e que nos chega pela via da oposição é um feito grandioso. Patrícia terá desafios enormes em seu mandato e a missão de resgatar e unir a advocacia, mas tenho certeza da sua competência, talento e êxito à frente da seccional paulista", comemorou Girardi.

Para a advogada criminalista e ex-presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim), Eleonora Nacif, causa espanto que até 2021 nenhuma mulher tenha ocupado a presidência da OAB paulista. Lembrou que as mulheres tinham, no máximo, a oportunidade de atuar como "vice", algo questionável, tendo em vista a grande quantidade de profissionais brilhantes que militam na advocacia paulista. 

"Portanto, fiquei profundamente feliz com a notícia de que pela primeira vez uma mulher foi eleita para essa empreitada. É um momento de virada, um divisor de águas, essa vitória sem precedentes. Digo isso pois a Ordem, como qualquer outro espaço de poder dentro do sistema de Justiça, reproduz — ou reproduzia — de maneira automática e irrefletida, dinâmicas opressoras e discriminatórias, que acabavam por perpetuar as mesmas pessoas, com os mesmos perfis, em espaços de poder, concentrando privilégios para os mesmos grupos", afirmou.

"Para podermos efetuar críticas em relação à discriminação de gênero em espaços como a Magistratura, Ministério Público, Defensoria, Legislativo e Executivo, precisamos dar o exemplo. Patricia é o nosso exemplo. Mas o maior desafio se inicia agora: a gestão em si e a concretização de propostas."

"A vitória de Patricia Vanzolini na eleição da OAB-SP é um marco para a Ordem em muitos aspectos. Patricia será a primeira mulher a presidir a maior seccional do país! Tem um projeto de modernização da OAB-SP, com mais transparência, e uma postura intransigente na defesa das prerrogativas da advocacia. Um projeto voltado para todas e todos, de importância ímpar, porque vai na busca de todas as mais importantes vertentes democráticas", enfatizou Cecília Mello, desembargadora Federal aposentada e advogada criminalista, que será conselheira estadual na nova gestão.

Paula Sion, advogada criminalista e conselheira da Comissão de Prerrogativas da OAB-SP, disse que o sentimento é de imensa alegria. Segundo ela, inverter a cabeça do presidente da chapa pouco antes do registro foi uma escolha mais do que acertada — originalmente Leonardo Sica seria o candidato a presidente.

"A vez era, de fato, das mulheres e de avanço em nossa instituição e isso se provou nas urnas. Como integrante da chapa encabeçada por minha sócia Dora Cavalcanti e Lazara Carvalho fico honrada por ter pautado o debate sobre a paridade de gênero nestas eleições e de ter, sem dúvida, contribuído para a mudança. Que venha o novo! Aproveito para agradecer aos quase 20 mil advogados que nos prestigiaram com seu voto", celebrou.

O Movimento de Defesa da Advocacia cumprimentou Patrícia Vanzolini pela vitória, assim como todos os demais integrantes da chapa 14, desejando muito sucesso nesse importante desafio. "Igualmente, cumprimenta os demais candidatos pela participação nesse sufrágio, certo de que a união de classe é fundamental para a plena realização do papel constitucional da atividade, essencial para a manutenção do estado democrático de direito", escreveu em nota o presidente da instituição, Eduardo Salusse.

O advogado Alfredo Scaff, candidato a presidente pela chapa “Movimento OAB para você”, parabenizou a vencedora e desejou sucesso na nova gestão. “A nossa campanha foi extremamente propositiva, foi feita por pessoas e com engajamento, saímos maiores da missão. Seguiremos sempre insistindo em nossas propostas para a classe”, completou.

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.