Pressão arterial elevada (hipertensão) é a pressão persistentemente alta nas artérias. Como normalmente ela não causa sintomas durante muitos anos, até um órgão vital ser lesionado, a hipertensão arterial é chamada de “assassina silenciosa”. A hipertensão arterial não controlada aumenta o risco de problemas como acidente vascular cerebral, aneurisma, insuficiência cardíaca, ataque cardíaco e lesão renal.
Quando a pressão arterial é aferida, dois valores são registrados. O valor mais alto reflete a maior pressão nas artérias, que é alcançada quando o coração se contrai (durante a sístole) e o valor mais baixo reflete a menor pressão nas artérias, que é atingida pouco antes de o coração começar a se contrair novamente (durante a diástole).
A hipertensão arterial sem causa conhecida (a mais comum) é chamada hipertensão primária. Várias alterações no coração e nos vasos sanguíneos provavelmente se associam para aumentar a pressão arterial. Por exemplo, a quantidade de sangue bombeado por minuto (débito cardíaco) pode estar aumentada e a resistência ao fluxo de sangue também pode estar aumentada, pois os vasos sanguíneos se estreitam (constrição).
O volume de sangue pode estar aumentado também. Outras alterações podem contribuir para o aumento da pressão arterial, incluindo a acumulação de quantidades excessivas de sódio dentro das células e a redução da produção de substâncias que dilatam as arteríolas. A hipertensão arterial com causa conhecida é chamada de hipertensão secundária. Entre 5% e 15% das pessoas com hipertensão arterial têm hipertensão secundária.
Em muitas dessas pessoas, a hipertensão arterial deriva de uma doença renal. Muitos distúrbios renais podem causar hipertensão arterial, pois os rins são importantes no seu controle. Por exemplo, lesões renais causadas por inflamação ou outros distúrbios podem prejudicar sua capacidade de remover sódio e água suficiente do corpo, aumentando o volume de sangue e a pressão arterial.
A obesidade, o sedentarismo, o estresse, o tabagismo e quantidades excessivas de álcool ou sódio na dieta podem desempenhar um papel no desenvolvimento da hipertensão arterial em pessoas que têm uma tendência hereditária para desenvolvê-la. Além disso, a apneia do sono pode contribuir para a hipertensão arterial existente ou agravá-la.
O estresse tende a causar aumento da pressão arterial temporariamente, mas a pressão arterial geralmente retorna ao normal assim que o estresse termina. Geralmente a hipertensão arterial não causa sintomas, apesar da ocorrência concomitante de determinados sintomas, porém erroneamente, atribuídos à hipertensão arterial como dores de cabeça, sangramento nasal, tontura, rubor facial e fadiga.
Pessoas com hipertensão arterial podem apresentar esses sintomas, mas tais sintomas ocorrem com a mesma frequência em pessoas com pressão arterial normal. A hipertensão arterial grave ou de longa duração não tratada pode causar sintomas, pois pode lesionar o cérebro, olhos, coração e rins. Os sintomas incluem dor de cabeça, fadiga, náusea, vômito, falta de ar e inquietação.
Ocasionalmente, a hipertensão arterial grave faz com que o cérebro inche, resultando em náusea, vômito, piora de dor de cabeça, sonolência, confusão, convulsões, sonolência e até mesmo coma. Esse quadro clínico é chamado encefalopatia hipertensiva. A hipertensão arterial grave aumenta a carga de trabalho do coração e pode causar dor torácica e/ou falta de ar.
Às vezes, a pressão arterial muito alta faz com que a grande artéria que transporta o sangue oriundo do coração (a aorta) se rompa, causando dor torácica ou abdominal. As pessoas que têm esses sintomas estão em emergência hipertensiva e, portanto, requerem tratamento de emergência. A pressão arterial é medida após uma pessoa ficar sentada ou deitada durante cinco minutos.
Ela deve ser medida novamente após a pessoa ficar em pé durante alguns minutos, especialmente se a pessoa for idosa ou tiver diabetes. Uma leitura de 140/90 mm Hg ou superior é considerada alta, mas o diagnóstico não pode ser baseado em uma única leitura. Às vezes, mesmo várias leituras altas não são suficientes para fazer o diagnóstico, pois as leituras podem variar muito. Se uma pessoa tiver uma leitura inicial alta, a pressão arterial é medida novamente durante a mesma visita e, em seguida, é medida duas vezes em pelo menos outros dois dias para comprovar que a hipertensão arterial persiste.
A hipertensão primária não pode ser curada, mas pode ser controlada para que sejam evitadas complicações. Como a hipertensão arterial não tem sintomas em si, os médicos tentam evitar tratamentos que causam efeitos colaterais ou interferem na vida da pessoa.
Medidas alternativas geralmente são levadas em conta antes que quaisquer medicamentos sejam prescritos. No entanto, normalmente, a terapia medicamentosa é iniciada simultaneamente às medidas alternativas em todas as pessoas com pressão arterial igual ou superior a 160/100 mmHg e em pessoas com pressão arterial igual ou superior a 140/90 mmHg e que também têm diabetes, alguma doença renal, evidência de lesão em um órgão vital ou outros fatores de risco para doença arterial coronariana. Pessoas obesas com hipertensão arterial são aconselhadas a perderem peso.
Perder apenas 4,5 kg pode reduzir a pressão arterial. Para as pessoas que são obesas ou que têm diabetes ou níveis elevados de colesterol, alterações na dieta (ou seja, uma dieta rica em frutas, legumes e laticínios com baixo teor de gordura, com teor reduzido de gordura saturada e gordura total) são importantes para reduzir o risco de doenças do coração e dos vasos sanguíneos. Os fumantes devem parar de fumar.
A redução da ingestão de álcool e de sódio (mantendo-se, ao mesmo tempo, uma ingestão adequada de cálcio, magnésio e potássio) pode tornar a terapia medicamentosa para a hipertensão arterial desnecessária. O consumo diário de álcool deve ser reduzido para não mais de duas doses (um total diário de aproximadamente um litro de cerveja, 240 mililitros dem vinho ou 60 mililitros de uísque ou outro destilado) para homens e uma dose para mulheres.
O consumo diário de sódio deve ser reduzido para menos de 2,5 gramas ou de cloreto de sódio (sal) para 6 gramas. Praticar exercícios aeróbicos moderados é útil. Pessoas com hipertensão primária não precisam restringir sua atividade física, desde que a sua pressão arterial seja controlada. O exercício regular ajuda a reduzir a pressão arterial e o peso e melhora o funcionamento do coração e a saúde em geral.
Os medicamentos que são utilizados no tratamento de hipertensão arterial são chamados anti- hipertensivos. Com a grande variedade de anti-hipertensivos disponíveis, a hipertensão arterial pode ser controlada em quase qualquer pessoa, mas, o tratamento tem de ser adaptado ao indivíduo. O tratamento é mais eficaz quando a pessoa e o médico se comunicam bem e colaboram com o programa de tratamento.
Converse com seu médico e evitem a automedicação.
Até a próxima semana.
DRA POLIANA PELISSARI
MÉDICA GENERALISTA PELA UNIFENAS BH