Está preocupado com a aposentadoria? A possibilidade de uma reforma da Previdência e a perspectiva de ter que trabalhar mais para conseguir o benefício do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) estão fazendo muitos brasileiros se perguntarem: será que vou conseguir me aposentar?
"Eu mesmo estou com medo", diz Marcos Crivelaro, 49, professor de finanças da Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista). Apesar de contribuir com o INSS há 25 anos, ele não quer depender exclusivamente do governo na hora de pendurar as chuteiras. Por isso, tem um plano de previdência privada, poupa 10% da renda todo mês e investe em ações, Tesouro Direto e até em bitcoins (moeda virtual).
"Hoje você tem que abrir mão um pouco do seu presente para guardar para o futuro, porque ninguém vai fazer isso por você. Em vez de comer duas pizzas por semana agora, come uma e deixa a outra para comer aos 70 anos", diz Crivelaro.
Veja dicas de Reinaldo Domingos, presidente da Dsop Educação Financeira, e Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil,para quem quer garantir uma aposentadoria mais tranquila e não depender só do INSS. Confira.
1) Saiba quanto ganha e quanto gasta
O primeiro passo é saber quanto ganha e quanto gasta, por meio do orçamento financeiro, para identificar quanto consegue poupar e também para cortar as despesas desnecessárias. Se as despesas com casa e carro, por exemplo, já estão muito altas no presente, avalie se não deve mudar agora o padrão de vida.
2) Poupe mais que 10%
Para fazer uma economia que garanta uma tranquilidade no futuro, é bom começar poupando 10% de sua renda líquida, que é o dinheiro que você recebe após os descontos. Mas não basta: é preciso se esforçar para ir além disso. Segundo Reinaldo Domingos, quanto mais velha for a pessoa, menos tempo terá para acumular sua reserva para aposentadoria. Por isso, teria que guardar um valor maior por mês do que alguém que começou cedo.
3) Mantenha o foco e seja disciplinado
Se está poupando para a aposentadoria, é preciso manter o foco. Não pode pensar que está faltando muito tempo ainda e gastar com consumo. Se quiser comprar algo no meio do caminho, precisa fazer outra poupança para esse gasto específico, afirmam os especialistas. Além disso, é preciso manter a disciplina de poupar. "Não adianta guardar um mês e não poupar dez. Só terá dinheiro no futuro quem guardou no presente", diz Crivelaro.
4) Cautela com os riscos
O conselho de Domingos e Marcela é que o dinheiro para fazer uma reserva para o futuro seja aplicado em investimentos não muito arriscados (como ações). "Essa história de que ações são boas aplicações de longo prazo vale para os Estados Unidos, que já é um mercado maduro", diz a economista. Domingos também não aconselha a investir em ações, pois a pessoa pode não ter tempo para recuperar um eventual prejuízo. É melhor investir em aplicações de renda fixa que tenham mais segurança, como Tesouro Direto, fundos e CDBs de grandes bancos, sugerem ambos.
Para Crivelaro, investir em aplicações mais arriscadas, com chances de render mais, como ações, é uma boa opção para quem é mais jovem. Porém, ele sugere ir substituindo por investimentos menos arriscados ao chegar perto dos 40 anos. "Quem é jovem tem tempo de se recuperar de quedas", diz. "Para investir em algo mais arriscado é preciso conhecimento e ajuda de especialistas", diz.
5) Avalie quanto rende a aplicação
Se você investir o dinheiro economizado numa aplicação com rendimento maior, vai ganhar mais com os juros e precisará poupar menos por mês. Um exemplo: quem pretende poupar durante 30 anos para ter uma renda de R$ 3.000 mensais no futuro precisa depositar R$ 467,69 por mês na poupança; se optasse pelo Tesouro Selic, essa mesma pessoa precisaria depositar R$ 125,41 por mês para alcançar o mesmo objetivo. Isso porque o Tesouro Selic rende mais que a poupança. Os cálculos são de Marcela Kawauti. "Os juros altos, que trabalham contra o devedor, são favoráveis ao investidor", diz.
6) Cuidado com os imóveis
Investir em imóveis para garantir uma renda de aluguel pode ser uma boa alternativa para a aposentadoria, mas é preciso cuidado, afirma Domingos. Não é recomendado que a pessoa só tenha imóveis para alugar e nenhum dinheiro disponível em aplicações; se o imóvel ficar vago, o dinheiro vai faltar. "De preferência, 60% do dinheiro acumulado deve estar disponível em aplicações financeiras que tenham liquidez [que seja rápido para conseguir sacar o dinheiro vivo]", diz o educador.
7) Considere ter uma previdência privada
A previdência privada é um investimento indicado para quem quer complementar a aposentadoria do INSS. Ela é indicada para quem quer investir no longo prazo, pois oferece vantagens tributárias para deixar o dinheiro aplicado por mais de 10 anos. É preciso estar atento para escolher entre os tipos de previdência: o PGBL é indicado para quem faz a declaração completa do Imposto de Renda; o VGBL, para quem faz o IR pelo modelo simplificado. No PGBL, os impostos incidem sobre todo o dinheiro aplicado e no VGBL, apenas sobre a rentabilidade.
Fonte: UOL