O primeiro-ministro da Malásia, Najib Razan, confirmou que a peça encontrada na Ilha Reunião, no Oceano Índico, pertence ao voo MH370 da Malaysia Airlines. O avião com 239 pessoas desapareceu em março de 2014, quando voava de Kuala Lampur, na Malásia, para Pequim, na China.
“A equipe internacional de especialistas conclusivamente confirmou que os destroços da aeronave encontrados na Ilha Reunião são, de fato, da MH370”, disse Najib em um anúncio televisivo nas primeiras horas desta quinta-feira (6), pelo horário local malaio.
Pouco depois, em coletiva de imprensa, o procurador-adjunto francês Serge Mackowiak foi menos categórico. Ele disse que especialistas que examinaram o destroço chegaram a uma “presunção muito forte” de que eles pertencem ao voo MH370, mas que isso ainda precisa ser confirmado.
O pedaço de 2 metros de comprimento encontrado, conhecido como "flaperon", uma parte da asa, foi encontrado no dia 29 de julho em uma praia da ilha. Nas proximidades também foram achados os restos de uma mala e garrafas com inscrições em indonésio e chinês.
Mistério
Logo após o anúncio do premiê malaio, a empresa aérea Malaysia Airlines afirmou, em comunicado, que espera que a confirmação sobre o achado no Índico dos restos do MH370 ajude a “resolver” o “mistério” sobre o acontecido, informou a agência EFE.
No texto, a companhia expressou sua solidariedade aos familiares dos 239 ocupantes do voo e afirmou que o achado é “um importante progresso para resolver o deseparecimento do voo MH370”. “Esperamos que sejam encontrados mais objetos que ajudem a resolver esse mistério”, acrescentou a empresa.
Alguns familiares de ocupantes do voo disseram que ainda é preciso descobrir o que aconteceu exatamente. “Não é o fim”, declarou à Reuters Jacquita Gonzales, que perdeu seu marido Patrick Gomes, comissário de voo. “Eles ainda precisam encontrar o avião todo e nossos companheiros também. Ainda os queremos de volta”, afirmou.
Primeiras descobertas
No dia 31 de julho, uma autoridade da Malásia confirmou que o destroço pertencia a um Boeing 777, mesmo avião que fazia o voo MH370. A confirmação aumentou a possibilidade de que a peça realmente fosse da aeronave, já que não há relatos de outro Boeing 777 desaparecidos no mundo.
"A partir do número da peça, está confirmado que os destroços pertencem a um Boeing 777. A informação é da MAS (Malaysia Airlines). Eles me informaram", disse o vice-ministro dos Transportes, Abdul Aziz Kaprawi, à AFP. "Acredito que estamos nos aproximando da resolução do mistério do MH370. Esta pode ser a evidência convincente de que o MH370 caiu no Oceano Índico".
Os investigadores acreditam que o avião misteriosamente se desviou de seu trajeto de Kuala Lumpur a Pequim, em março do ano passado, e posteriormente caiu no sul do oceano Índico.
O destroço encontrado foi enviado à França para análise. A perícia foi feita perto de Toulouse e contou com a participação de uma equipe técnica da fabricante norte-americana de aviões Boeing.
Buscas
As buscas realizadas até o momento levaram as autoridades a acreditar que o avião caiu no sul do oceano Índico, devido aos sinais do avião detectados por satélite, mas nunca uma prova física havia sido encontrada.
"É manifestadamente um passo muito importante, e se estes destroços procederem efetivamente do MH370, isso permitirá às famílias um desenlace", disse o ministro dos Transportes da Austrália, Warren Truss.
A peça foi encontrada na quarta (29) em Saint André de La Reunion, litoral oriental da ilha francesa, por funcionários de uma associação encarregada da limpeza da margem.
"Começamos a trabalhar às 7h. Por volta das 9h, fizemos uma pausa. Eu aproveitei para ir buscar uma pedra na margem. Naquele momento vi uma coisa incomum na margem", contou Johnny Bègue, que liderava a equipe encarregada da limpeza.
Depois de perceber que se tratava de um pedaço de avião, coberto em grande parte de areia, a equipe o levou à terra firme e posteriormente avisou as forças de ordem.
Indenizações
A descoberta do destroço reanimou os esforços dos familiares dos passageiros do voo para buscar indenizações maiores, disseram advogados do setor aéreo.
A maioria das pessoas no avião era da China. Zhang Qihuai, advogado que representa as famílias, disse à Reuters que mais de 30 familiares na China já concordaram em processar a empresa se for confirmado que os destroços são parte do avião desaparecido.
Joseph Wheeler, conselheiro especial da firma de advocacia Maurice Blackburn Lawyers, da cidade australiana de Melbourne, também afirmou que iniciou novas conversas com mais famílias na Malásia desde a descoberta de quarta-feira.
“Isso está desencadeando uma retomada do monitoramento e das recomendações às famílias”, disse Wheeler à Reuters. “Se houver indício de que a aeronave teve problemas técnicos, isso pode muito bem desencadear uma onda de ações civis em todo o mundo, predominantemente na Malásia e na China”, disse.
Zhang afirmou que os familiares discutiram entrar com processos na China, na Malásia ou nos Estados Unidos.
Relembre o caso
O voo MH370 da Malaysia Airlines, um Boeing 777-200, decolou de Kuala Lumpur na madrugada do dia 8 de março com 239 pessoas a bordo e deveria chegar a Pequim seis horas mais tarde. Quarenta minutos após a decolagem, o avião desapareceu subitamente das telas do radar.
As autoridades malaias asseguram que o aparelho mudou de rumo em uma "ação deliberada" para atravessar a Península de Malaca em direção contrária a seu trajeto inicial sem motivo aparente.
Segundo o grupo de especialistas que estuda o caso, o avião voou em direção ao sul do Índico com todas as pessoas a bordo inconscientes pela falta de oxigênio até ficar sem combustível e cair ao mar.
Desde então não se encontrou nem sequer um pequeno pedaço da fuselagem da aeronave que confirme o acidente. Segundo as investigações, o avião teria caído em algum lugar das águas do sul do Oceano Índico.
Fonte: G1