Três importantes municípios da Baixada Cuiabana passam por um período turbulento devido à crise que se alastrou no Poder Executivo de cada localidade. Não muito longe da Capital mato-grossense, as cidades de Chapada dos Guimarães, Santo Antônio de Leverger e Várzea Grande encontram-se abandonadas, sem projetos efetivos pensados a longo prazo e com pontos potenciais jogados às traças. E o ‘calcanhar de aquiles’ de cada gestão vai de encontro com o que é considerado primitivo, mas ainda assim muito presente na política do Estado: o coronelismo.
As três cidades possuem características importantes com propensão grande à economia, mas que pararam no tempo devido à falta de investimentos nos setores que são destacados em potencial, como a indústria em Várzea Grande e o turismo em Chapada dos Guimarães e Santo Antônio de Leverger.
Além da falta de projetos, há as denúncias de irregularidades na gestão de cada cidade. No entanto, o que se percebe é o reflexo dos grupos em que o prefeito é inserido, além da forte influência do Legislativo em busca de interesses individuais. Ao juntar todo o aglomerado de casos e ocorrências, há a atuação do famoso ‘coronelismo’ entre os poderes, que deixa a população em segundo plano.
Recentemente, o gestor de Chapada dos Guimarães, José de Souza Neves (PSDB), pediu afastamento do cargo, após um longo período de idas e vindas ao Executivo. Ele foi apontado pelo Ministério Público (MPE) pelo ato de improbidade administrativa em manutenção de serviços essenciais, além de usar os serviços do advogado contratado pelo município, para defendê-lo.
No dia da renúncia, no último dia 12 de março, o agora ex-prefeito fez diversas denúncias contra a Câmara de Vereadores da cidade. Na ocasião ele declarou que foi vítima de um ‘conluio’, uma vez que os vereadores da cidade teriam motivos pessoais para querer o afastamento dele.
“Esse é um conluio de pessoas que estão usurpando os recursos do município de Chapada. Eu não participo de conluios, e é por isso que estou saindo. Não foi para isso que entrei na política. Entrei para fazer a coisa certa e honesta. Agora, a perseguição é muito grande. Quem não quer mais sou eu”, disse momentos depois de apresentar o pedido de afastamento.
Outro caso que ganhou destaque em capa nos veículos de comunicação foi o suposto ‘atentado’ ocorrido em fevereiro deste ano contra o vice-prefeito de Santo Antônio, Valdir Pereira de Castro Filho (PDT). À época, após sofrer um tiro de raspão no braço devido a um suposto assalto contra um policial, o irmão do pedetista acusou o prefeito da cidade, Valdir Ribeiro (PT), de ser o mandante do crime.
Para ele, o assalto foi algo ‘encenado’ e o petista estava atrás do crime. Contudo, a Polícia Judiciária Civil (PJC), após levantamento de informações, constatou que o tiro disparado contra o vice-prefeito foi proveniente de um roubo, e não de atentado. O que agravou ainda mais a crise política do Estado, que estava apertada há meses desde que o petista foi quase afastado pelo Legislativo municipal, por unanimidade. No entanto, ele conseguiu garantir a vaga através de liminar.
Já em Várzea Grande, a problemática se estende há décadas. Conhecida também como ‘Cidade Industrial’, a cidade passa por um longo período crítico, até agora sem solução. Mandato após mandato, a prefeitura ainda encontra-se estagnada, o que resulta em ruas esburacadas e problemas sérios com saúde, segurança e educação, além da falta de atendimento à população, que, quando há condições, opta por procurar as soluções em Cuiabá.
Em torno das últimas gestões está a presença de um grupo familiar que governou a cidade durante anos, por diversas vezes, mas pouco fez para reverter a realidade caótica de Várzea Grande. Após diversas derrotas nas urnas, os mesmos familiares buscam de volta o poder com inúmeras acusações, abertura de processos e difamações, sem pensar em soluções efetivas e construtivas à cidade. O que reforça a teoria do ‘coronelismo’!
Todavia, ao se deparar com a triste realidade, o atual prefeito da cidade, Walace Guimarães (PMDB), carrega uma longa ficha comprometedora. Entre os pontos está a reprovação das contas da cidade pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), referentes ao ano de 2013; suposta existência de servidores-fantasmas no Executivo e uso indevido do carro da prefeitura, além da ação do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), em novembro passado. Na ocasião, a equipe invadiu o gabinete do peemedebista e secretarias, à procura de documentos que comprovem supostas fraudes em licitações.
Embora haja esta longa lista de ‘supostas’ irregularidades, Walace sinalizou forte interesse em disputar a prefeitura novamente em 2016. Mesmo em ‘queda livre’, referente a um índice popular alarmante, há uma luz no fim do túnel para o gestor.
Fontes ligadas a Walace afirmaram que os desgastes podem se reverter, assim como ocorreu com o ex-gestor Murilo Domingos (PR), que foi reeleito mesmo após ter 80% de rejeição da população, o qual despontou como pior prefeito do Estado.