Hermes Bergamin, prefeito de Juína, conta que por várias vezes já esteve na sede da Funai, em Brasília, procurando soluções. “Estou viajando há praticamente trinta dias pra tratar desse assunto e já sentei várias vezes com o governador Silval Barbosa pra tratarmos da ampliação das reservas indígenas dos Enawenê-Nawê”, relata o prefeito que foi o primeiro a procurar a Funai e o Governo do Estado para debater o assunto.
Bergamin conta que nessas idas e vindas a Brasília percebeu que alguns deputados e advogados são impedidos de participar de reuniões sem um motivo justificável e que isto estaria impedindo um debate mais democrático em torno da demarcação.
“Eu, como prefeito de Juína, mostrei à Funai a realidade dos índios da nossa região, que os índios estão passando necessidades, que não têm saúde, não têm estradas de acesso, não têm escolas. Eles estão passando por uma situação degradante e a Funai, ao invés de só pensar em aumentar as áreas indígenas, deveria começar a cuidar melhor dos índios aqui da nossa região”, observa o gestor.
E ao lembra que Juína hoje tem 62% de áreas indígenas, diz incisivo: “Nós não precisamos de mais reservas dentro do nosso município e sim de atenção para com os índios”.
Ainda de acordo com Bergamin, caso a ampliação da reserva aconteça, os Enawenê-Nawê passarão a ter quase 1 milhão de hectares de terras, sem contar que, segundo ele, a etnia Cinta-Larga é detentora de uma área que se aproxima de 2 milhões de hectares. “Isso vai, sem dúvida, acabar com a agricultura, com a pecuária, com a madeira e por consequência vai aumentar o desemprego na cidade”, alerta.
A Funai deve passar aos prefeitos de Sapezal, Brasnorte e Juína, nos próximos dias, um mapa das áreas de interesse para ampliação de reservas nos três municípios. Porém, o governador Silval Barbosa e o prefeito Hermes Bergamin já se manifestaram contrários à criação de áreas indígenas no município de Juína.
“O que eu propus foi firmar uma parceria entre a Prefeitura de Juína, o Governo do Estado e o Governo Federal para juntos darmos uma melhor condição de vidas aos indígenas, pois já estamos cansados de vê-los esquecidos pela Funai, indo pra ponte cobrar pedágio porque eles estão à míngua”, desabafou.