— Desde setembro planejávamos a ação e sabíamos que a polícia não estaria aqui no dia da abertura da Copa – explicou Guilherme Land, um dos coordenadores da ação. Na tarde de hoje, havia apenas alguns colchões e poucas famílias ocupando os apartamentos de cerca de 90 metros quadrados, equipados com grandes janelas e banheiras nos banheiros. Havia água e energia elétrica.
O perfil dos novos ocupantes é diverso. Enquanto um grupo de crianças jogava bola no terraço, Leonardo Cordeiro, estudante de filosofia da USP lia um texto sobre lógica. No nono andar, a auxiliar de limpeza Ana Silva, de 34 anos e grávida de cinco meses, almoçava uma quentinha ao lado da filha, Paola, de 6 anos.
— Eu gostei dessa nova casa. Quero ficar aqui porque já estou cansada de mudar. É a sexta casa em que moro – disse Paola.
O edifício é de propriedade privada e não possui dívidas de IPTU com a prefeitura. Na loja, no nível da rua, uma gráfica funciona há nove anos.
— Pago aluguel aqui, e é caro. O prédio não está abandonado, há porteiro todos os dias. O movimento escolheu um momento em que o local estava vazio para entrar — afirmou Nivaldo Bertoncelo, dono da gráfica. No 15º andar do edifício mora a zeladora Maria Almeida Silva, de 63 anos.
— Até 1990, o prédio era residencial, ocupado pelo pessoal da embaixada da Alemanha. Depois foi alugado para escritórios e há quatro anos os proprietários decidiram vender. Mas o negócio ainda não aconteceu – disse Maria. Ela afirma não ter sido hostilizada pelos novos ocupantes do lugar.
O MMRC pretende instalar até 96 famílias na área. E não descarta novas invasões nos próximos jogos do Brasil.
— Não sei se teremos condições de fazer outras. O que queremos é a provocação política, em um bairro que não está acostumado a ver esse tipo de coisa — diz Land.
O Globo não conseguiu localizar os proprietários do edifício.
O Globo