Cidades

Preços de medicamentos sobem mais de 3% em junho, de acordo com pesquisa

Idosos e portadores de doenças crônicas sentem maior impacto no bolso com alta dos medicamentos. Pesquisa da empresa Precifica revela que o custo dos remédios subiu 3,06% em junho de 2023 no comparativo mensal. Este foi um dos fatores que contribuíram para que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do grupo "saúde e cuidados pessoais" oscilasse 0,19% no mês, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A professora aposentada Solange Ribeiro, 74, sabe bem o peso dos medicamentos no orçamento. Diabética, hipertensa e cardiopata, a idosa conta que os gastos com remédios somam quase um salário mínimo e entende que os produtos deveriam ter descontos maiores para os públicos mais dependentes.

“Ao contrário de outras despesas, não há como economizar no uso de medicamentos por se tratar de uma questão de vida. Felizmente, tenho recursos para bancar, mas grande parte da população não tem esse privilégio e fica sujeita ao agravamento de doenças. É preciso um olhar mais atencioso para essa questão”.

Levantamento recente feito pela IQVIA Brasil mostra que o grupo dos idosos movimenta mais de R$ 1 trilhão por ano e que mais de 42% das pessoas com mais de 65 anos tomam, em média, mais de cinco medicamentos por dia.

Preços altos
De acordo com o estudo da Precifica, os principais vilões da alta dos medicamentos foram os antiparasitas, que dispararam 84,5%. A escalada se deu em função da necessidade de realinhamento da oferta com os descontos do mês anterior – quando houve queda de 34 p.p. – e da chegada do período de férias escolares, quando pais tendem a reforçar doses de vermífugos e antiparasitários em seus filhos.

O aumento registrado na amostra, que foi baseada no Índice de Preços de Medicamentos no e-Commerce (IPM-COM), e a alta verificada pelo IBGE, além da gangorra de preços mês a mês, mostram que é preciso atenção e agilidade das farmácias e drogarias na adequação dos preços praticados de vendas.

"Acompanhar o sobe e desce dos preços não é tarefa simples. A melhor forma de definir precificação e promoções assertivas é com soluções capazes de fazer o monitoramento em tempo real e analisar dados externos e internos para sugerir preços mais convidativos aos clientes, extraindo a melhor rentabilidade possível", afirma Ricardo Ramos, diretor executivo da Precifica.

Inadimplência dificulta

A dificuldade do consumidor para adquirir o coquetel necessário para o dia a dia impacta diretamente na operação das farmácias. O empresário Ricardo Cristaldo, proprietário da Droga Farma, em Cuiabá, conta que a alta inadimplência compromete o fluxo de caixa das companhias do setor farmacêutico.

“7 em cada 10 dos nossos clientes estão pagando de forma atrasada e isso nos leva ao endividamento, à perda de empregos, entre outros problemas”.

Cristaldo entende que o cenário é ainda mais grave para os empreendimentos de pequeno porte. Para ele, a tendência é que as empresas passem a segmentar seus mercados para conseguirem se sobressair.

“As vezes, para crescer econômicamente, é necessário diminuir e setorizar os campos de atuação para aumentar a eficácia dos investimentos”.

Outro gargalo na visão do empresário são as vantagens fiscais que as gigantes do varejo farmacêutico e o e-commerce do setor têm em relação às pequenas empresas, que acabam dificultando a concorrência. “A nossa esperança é que a reforma tributária equipare as desigualdades”, comenta Ricardo Cristaldo.

Preço baixo é diferencial

A estratégia do empresário Edilson Pereira para aquecer as vendas é a mais tradicional das relações comerciais: a oferta de descontos sobre produtos. O gerente da rede Varejão dos Remédios, na capital, destaca que a procura por preços baixos é o único fator levado em consideração pelo cliente na hora de comprar medicamentos, itens de higiene e beleza.

“Ter bom atendimento e bom serviço de entrega são importantes, mas o que decide mesmo é o preço, ainda mais em tempos de dificuldades financeiras. Na maioria dos casos, R$ 1 faz toda a diferença”, afirma.

Segundo Edilson, a redução das margens de lucratividade já faz parte da realidade das empresas do segmento. Nem mesmo o reajuste de 5,6% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em abril último deve mudar o panorama. O empresário diz que parte dos empreendimentos optou por não repassar o aumento integral ao consumidor para preservar o fluxo de vendas.

Impostos explicam altos preços

O alto custo dos medicamentos no país é fruto da pesada carga de impostos, explica o vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Mato Grosso (Sincofarma-MT), Hamilton Teixeira. Ele aponta que determinados produtos chegam a ter 35% de tributos sobre seus preços.

Para fugir dos valores salgados e manter o bolso “saudável”, o representante sugere ao paciente que verifique com o médico durante as consultas se há a possibilidade de prescrição de opções mais econômicas, como os genéricos e similares.

“Outra orientação é para que os pacientes peçam para que os médicos receitem medicamentos contemplados pelo ‘Farmácia Popular’. São cerca de 40 remédios para diversas patologias que saem a custo zero ou, no máximo, com coparticipação que varia de 10% a 20% no preço”, sugere Teixeira.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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