O deputado estadual Oscar Bezerra (PSB) criticou a decisão do governo em levar em consideração resultados divulgadas pela CPI das Obras da Copa após deflagração da Operação Descarrilho, nesta quarta-feira (9). Segundo ele, os indícios apurados pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) já tinham sido apontados no relatório final da comissão, que investigou as principais obras da matriz de projetos da Copa de 2014 e apontou sobrepreço de acima de R$ 500 milhões, mais da metade na instalação do VLT. As investigações da comissão parlamentar encerraram no ano passado.
“Foi necessário a deflagração de uma operação da Polícia Federal para o governo acatar os apontamentos, que já tinham sido feitos pela CPI das Obras da Copa. O governo [estadual] foi abençoado de não ter assinado o acordo, senão estaria hoje no polo passivo da ação [de indícios de fraudes]”.
Bezerra pediu para o governador Pedro Taques anular o trâmite de acordo que fora suspenso mais cedo depois do início da operação federal.
“Peço ao governo para suspender de vez esse acordo. Não precisamos de ter responsabilidade e é por isso que venho insistentemente falando para parar com essa discussão [sobre a retomada das obras]”.
Nas construções para a Copa, o deputado Oscar Bezerra (PSB) afirma que somente em um estágio de serviços houve fraude de R$ 100 milhões. Ele diz que o projeto dos serviços para telecomunicação estava orçado, originalmente, em R$ 17 milhões, mas nos documentos analisados na CPI os valores aparecem em R$ 120 milhões.
“Os itens de telecomunicações, telefonia, informática e elétrica foram contratados tanto para o Consórcio Santa Bárbara/Mendes Júnior, quanto para o Consórcio C.L.E. no valor de R$ 17 milhões e passaram para R$ 120 milhões, com a conivência do projetista do consórcio executor e do governo”, pontua.
Segundo Bezerra, houve fraude também no projeto de fundação da Arena Pantanal, em algum momento, no trâmite dos documentos em Brasília, ainda nos estudos de definição da estrutura do estádio. O deputado diz que a soma de “excessos” na obra ficou na casa dos R$ 120 milhões. No caso das estacas para base da estrutura, o sobrepreço foi de aproximadamente R$ 20 milhões.
“Para a produção do anteprojeto da Arena foi contratada uma empresa por R$ 500 mil. Quatro meses mais tarde outra empresa foi contratada por mais de R$ 20 milhões para fazer o mesmo serviço da anterior. Na etapa seguinte, fizeram 64 sondagens de preços para ver quais metodologias de estacadas seriam usadas. Colocaram no projeto que seria a estaca raiz, que é um modelo mais barato. Mas, no projeto de execução, para subir o valor, as estacas eram um modelo helicoidal, que é muito mais caro. Só aí houve sobrepreço de mais de R$ 20 milhões. É um negócio enterrado no chão, quem vai saber o que foi feito?”, diz.
Bezerra diz ainda que os processos de licitações das obras para a Copa do Mundo em Cuiabá, as da Arena Pantanal e as de mobilidade urbana, incluindo o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), ocorreram por meio de “jogo de planilhas”, para o direcionamento da concorrência para os consórcios que venceram o certame.