Na série “Narcos”, na Netflix – agora na segunda temporada, vemos a ascensão e queda de Pablo Escobrar. Brilhante empreendedor, não tanto como empresário. Construiu o império da droga e chegou a ser o sétimo homem mais rico do mundo. Montou uma estrutura organizacional fenomenal, uma espécie de consórcio entre os narcotraficantes.
Mas era um castelo de cartas. Se baseava no terror e seu poderio financeiro para sustentar suas operações.
No mundo empresarial, seria o mesmo que ter uma operação de escala mundial, sem governança, com controles frágeis.
Criar um negócio, empreender, vê-lo crescer é difícil. Mas mantê-lo e consolida-lo é ainda mais. O que vimos é que, crise após crise, e sem ter um plano B, uma estrutura “legal” para apoia-lo nos momentos difíceis, caiu até ter uma morte humilhante.
É mais comum do que se imagina. O poder embriaga. É o grande inimigo do empreendedor, principalmente se experimenta uma sequencia de sucessos. Você se sente invencível, brilhante, poderoso. Mas quando as coisas começam a dar errado você vê realmente com quem pode contar. Pode ter certeza de uma coisa, não é com quem você fez negócios que geraram muito dinheiro.
Isso é errado, imoral? Não. Somos capitalistas e temos que assumir. Apesar de termos evoluído muito nos últimos anos, no Brasil ainda é feio fazer sucesso, ganhar dinheiro. E se você sofre um revés, fica marcado.
Em outras economias mais evoluídas, um empresário/executivo que experimentou dificuldades é valorizado no mercado. Ele já sabe o que fazer e o que não fazer. Não incorrerá nos mesmos erros novamente. Nossa sociedade é cruel para o empreendedor, tanto o que está começando, mas principalmente para o que está RECOMEÇANDO.
Temos que assumir de uma vez: Somos capitalistas e não socialistas.
Neste momento de esperança de restabelecimento da confiança na economia e sinais de volta de crescimento (1,3% de projeção de crescimento do PIB contra 3,20% de queda este ano), teremos que ter muito sangue frio, confiar em nosso negócio, tê-lo “nas mãos”, controlar cada centavinho pois a retomada será mais lenta do que precisamos.
E precisamos ter os pés no chão, não nos acharmos invencíveis pois, como o que aconteceu com Pablo Escobar, quando começa a ter derrotas, o que terá é gente “pisando na sua cabeça”.
Narcos – Uma grande lição empresarial.