Neymar (foto) de um lado, Messi do outro. Dois dos maiores jogadores do mundo, em busca de uma identidade em suas seleções. O primeiro é jovem, ainda não fez uma partida brilhante contra uma grande seleção, mas tem, no mínimo, mais duas Copas pela frente. O segundo é o maior jogador do planeta, em clube, mas, na sua seleção, não consegue render o esperado. Aliás, fala-se muito dessa geração de Messi, Higuaín, Mascherano, mas ela nada ganhou. Ela e outras que precederam o gênio Diego Maradona. Desde 1993, a Argentina não ganha absolutamente nada. Eu sempre acreditei que há jogador de clube e jogador de seleção. Por incrível que pareça, sou obrigado a admitir que Messi veste a carapuça. No clube é um leão. Na seleção, um gatinho, bem domesticado. Se vocês pegarem a final da Copa do Mundo, no Maraca, verão que ele perdeu dois gols incríveis, que não perderia atuando pelo Barcelona. Higuaín, então, nem se fala. Recebeu um presente dos “deuses”, e, diante de Neuer, tremeu e chutou para fora. Confesso, também, que torço para Messi ganhar um Mundial, para coroar sua maravilhosa carreira. Desde que não seja em cima da gente, tudo bem.
Meus filhos me pediram para ir ao jogo, nesta quinta. Eles só voltaram ao Mineirão, depois do vexame dos 7 a 1, uma única vez, num jogo do Galo. E me pediram por um motivo simples: querem ver Messi atuando, de pertinho. Quando o Barça joga, eles param para assistir pela tevê. Agora, terão a grande chance de ver o argentino, no Gigante da Pampulha. E o Lorenzo, o mais novo, me perguntou se pode vibrar num possível gol de Messi. Não que torça contra o Brasil. Jamais. É que adora Messi, torce por ele e sua genialidade. Ele também gosta de Neymar, mas como a maioria das crianças mundo afora, põe o argentino em destaque. Meu amigo Galvão Bueno diz que “ganhar é bom, e ganhar da Argentina é melhor ainda”. Também acho. Porém, quando o Brasil está fora de uma competição, torço pelos hermanos, pois gosto do futebol praticado por eles.
Não existe mais craque no futebol brasileiro. Neymar é o único e joga no Barça. Essa carência é culpa dos técnicos retranqueiros, que acabaram com o nosso futebol, e, mais recentemente, de Felipão, aquele técnico que tomou de 7, em casa, numa semifinal de Copa. Com certeza, nosso maior vexame, nossa maior vergonha e uma das maiores vergonhas do esporte mundial, não só do futebol. Por isso mesmo, sou contra a escalação de Fernandinho no time brasileiro. Ele entregou três dos sete gols da Alemanha. Mas é um direito de Tite querer resgatar alguns dos fracassados daquele vexame. Eu não convocaria nenhum deles, e o povo brasileiro, em sua maioria, também não. Tite tem suas convicções e espero que esteja certo, pois torço muito por ele e gosto de sua honestidade, franqueza e a forma de trabalhar. Não há como não gostar dele e seu trabalho, pois evoluiu demais e é, sem dúvida, nosso maior treinador.
Com certeza, Edgardo Bauza, técnico dos hermanos, vai pegar o teipe de Brasil 1 x 7 Alemanha e mostrar os erros de Fernandinho e cia. Claro que é outro jogo, outra história, e o Brasil de hoje está mais compactado, mais bem treinado, mais encorpado. Os argentinos precisam da vitória, pois, se o Mundial da Rússia fosse hoje, estariam fora até da repescagem. Mas acho que isso é passageiro, pelo grupo que têm e pela qualidade de alguns jogadores. Mas o Brasil não tem o que temer. É jogar aquilo que Tite tem treinado e mostrar que, até aqui, mesmo jogando contra adversários que não são do nosso nível, aprendemos o que Tite deseja. Podemos, também, pôr em prática contra a Argentina. Uma vitória deixará nossa torcida resignada e feliz. Jamais apagará os 7 a 1, mesmo porque isso só ocorrerá se vencermos a Alemanha, em sua casa, numa semifinal de Mundial. Porém, será um alento, pois o torcedor do Sudeste é exigente.
Aqui não é o Nordeste, onde os torcedores, carentes e distantes de seus ídolos, batem palmas para tudo. Aqui, se o Brasil apresentar futebol de primeira linha, será aplaudido. Se for um time comum e ficar na roda para os hermanos, a vaia será certa. Espero que os jogadores continuem entendendo a mensagem do técnico Tite. Ele conseguiu mudar o time da água para o vinho em apenas quatro jogos. Mas o caminho até o Mundial é difícil, complicado, e nosso time precisa evoluir muito se quiser pensar em ganhar a Copa do Mundo. Espero que meu filho e as demais crianças que irão ao Mineirão para ver Messi jogar vejam um show dele, uma maravilhosa atuação de Neymar, e uma grande vitória brasileira. Estamos precisando disso depois que Felipão nos fez passar a maior vergonha de nossa história. Eu não vou esquecer jamais daquele 8 de julho de 2014, e de quem participou daquele vexame. Aquilo doeu na alma e na mente de quem ama o futebol. Qualquer outro sentimento diferente disso, eu não entendo.
Fonte: Super Esportes