Cidades

Por que tantos postes quebrados em Cuiabá?

Foto: Bruna Obadowski

Após diversas mudanças de modelos gestão após gestão, os postes de energia de Cuiabá continuam no velho dilema dos ‘malcuidados’. Seja por acidente automobilístico ou pelo tempo ruim, muitos estão caídos, retorcidos e até ‘inexistentes’ nas principais vias da Capital. Casos estes que podem gerar sérios prejuízos para a sociedade.

Ao longo da Avenida Miguel Sutil, por exemplo, é possível perceber diversos postes com variados tipos de problemas. Em um trecho próximo à trincheira Jurumirim, há um com aparência torta, prestes a cair. Logo em seguida, há ‘vestígios’ de concreto no canteiro central que provavelmente foi arrancado e não substituído por um novo.

Mais à frente, próximo à entrada do Centro de Eventos do Pantanal, há um de alumínio totalmente retorcido e sem utilidade, além de diversos com o posicionamento totalmente torto, o que intimida motoristas que passam pelo trecho.

O arquiteto Mauro Souza disse que passa diariamente pelo trecho e percebe a inutilidade dos restos de poste, o que pode gerar mais prejuízos à população. “Uma pessoa pode andar por aquele trecho, tropeçar e se machucar. Fora que é esteticamente horrível ver aquele ferro todo retorcido, sem utilidade alguma. Não entendo por que o poder público não toma atitude e retira esses postes”, observa.

A rotatória localizada em frente ao Círculo Militar é um dos locais mais atingidos ao longo da avenida. No canteiro próximo ao espaço, há um poste retorcido em forma de um triângulo e mais à frente há um também‘caído’ para o lado, aparentemente fruto de acidente.

“Há meses esses postes estão tortos assim. Teve uma vez que teve um acidente de carro aqui na rotatória e o pessoal [equipe da Energisa, empresa responsável pela distribuição de energia na Capital] só recolheu os destroços e deixou o poste aí todo retorcido”, contou a enfermeira Maria do Carmo, que trabalha nas proximidades.

 Fora das vias da Miguel Sutil, constatamos algumas irregularidades na região do Coxipó. Em meio ao canteiro próximo à Ponte de Ferro, há um poste de concreto derrubado com arames à mostra. 

“É perigoso esse poste sair rolando pela pista e provocar um grave acidente. Meu filho mesmo foi atravessar a rua e passou ao lado desse poste. Por um descuido, ele se machucou com o concreto quebrado que tem em volta dele. Embora tenha sido um susto, pois tinha grande movimentação de carros nos dois lados do canteiro, tudo acabou bem”, disse o comerciante Benedito Gomes, que vai diariamente ao trecho para buscar o filho Augusto, de nove anos de idade.

“Vergonhoso ver isso tudo acabando. Dá uma sensação de impotência ter que pagar rios de impostos e o mínimo não ser resolvido. Parece que o dinheiro não está sendo bem investido e corremos esses pequenos perigos diariamente, que poderiam ser muito bem resolvidos com a boa vontade da prefeitura”, desabafou Benedito.

Material resistente

Feitos para distribuir energia e iluminar as ruas da Capital, os postes têm diferentes materiais de sustentação. Fabricados em concreto ou alumínio, ambos foram projetados para suportar o peso dos cabos e dos demais itens, e não para suportar o impacto de um acidente de carro.

Responsável pelos postes de distribuição de energia, a Energisa informou que as peças são feitas de concreto armado, ou seja, barras de aço passam pela camada de cimento para que seja possível a sustentação de cabos, luminárias e transformadores. Mesmo com a resistência do material, o poste não suporta um impacto de grande proporção, o que ocasiona deformação dos mesmos.

Os de alumínio, que são de responsabilidade da prefeitura da Capital, servem apenas para iluminação das vias. Segundo a Secretaria de Serviços Urbanos, da mesma forma que os de concreto, os postes foram fabricados para suportar o peso da luminária e dos cabos de distribuição. No entanto, apresentam mais fragilidade. Deste modo, há tantos postes retorcidos pelos canteiros da cidade.

Cerca de 90 mil postes estão instalados nas vias públicas da Capital. A altura das peças varia de 9 a 12 metros, com o custo que vai de R$ 1 mil a R$ 10 mil. 

Outro lado

O secretário municipal de Serviços Urbanos, José Roberto Stopa, explicou que todo o trajeto da Avenida Miguel Sutil faz parte das obras de mobilidade urbana da Copa. Sendo assim, a via está sob responsabilidade do Estado, e a prefeitura está impedida de fazer qualquer tipo de intervenção, para não perder a garantia da obra.

Segundo Stopa, recentemente ele se reuniu com o secretário do Estado de Cidades, Eduardo Chiletto, que garantiu estabelecer prazos sobre a recuperação dos postes a partir do mês que vem. Até lá, nada pode ser feito.

Sobre as demais localidades, o secretário lamentou os inúmeros acidentes automobilísticos que causam a deformação das peças. “O excesso de velocidade das pessoas causa esses problemas, e nem é pelo mau tempo”, disse.

José Roberto ressaltou que, através do Boletim de Ocorrência, a prefeitura constata quem provocou o acidente para que a pessoa seja responsabilizada. No entanto, nem sempre isso é possível. “Tem gente que bate no meio da madrugada e some. Com isso, fica impossível saber quem será o responsável pelo dano. Mas quando isso acontece e constatamos, a pessoa deve pagar pelo prejuízo”. 

Mesmo sem a identificação dos responsáveis, para que os mesmos arquem com os danos, o secretário garantiu que boa parte dos postes danificados está sendo reformada pela prefeitura. 

Quanto aos postes de aparência ‘torta’, a Energisa informou que as peças não estão necessariamente defeituosas. Segundo a empresa, há casos em que o poste se acomoda com o local, e é bem sustentado pela base, que conta com concreto e ferragens. Sendo assim, não oferece risco à população.

Confira a reportagem na integra

Noelisa Andreola

About Author

Você também pode se interessar

Cidades

Fifa confirma e Valcke não vem ao Brasil no dia 12

 Na visita, Valcke iria a três estádios da Copa: Arena Pernambuco, na segunda-feira, Estádio Nacional Mané Garrincha, na terça, e
Cidades

Brasileiros usam 15 bi de sacolas plásticas por ano

Dar uma destinação adequada a essas sacolas e incentivar o uso das chamadas ecobags tem sido prioridade em muitos países.