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Por que o calor está sufocando a Europa e o que isso revela sobre o futuro do planeta?

Grande parte da Europa tem sido sufocada pelo tempo quente nos últimos dias – em muitos lugares do sul do continente as temperaturas se aproximam dos 38ºC e há poucos sinais de alívio. Para especialistas, as ondas de calor ficam mais frequentes e chegam cada vez mais cedo, expondo impactos das mudanças climáticas. Para piorar, isso eleva o risco de incêndios.

Na Itália, houve emitidos alertas de calor para pela menos 16 cidades. Paris chegou a fechar o topo da Torre Eiffel para visitantes e, no sul da França, um reator nuclear teve de ser desligado, porque a descarga de água aquecida em um rio ameaçaria a vida selvagem. Em Londres, o torneio de tênis de Wimbledon teve o dia de abertura mais quente registrado – acima de 32ºC.

“Em alguns lugares na Europa, estamos experimentando temperaturas que nunca foram registradas antes, então é realmente incomum”, disse Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Mudança Climática Copernicus, com sede na Espanha.

A Europa Ocidental está sob influência de um forte sistema de alta pressão, aprisionando ar seco do norte da África, conforme a Organização Meteorológica Mundial (OMM) na terça-feira.

A onda de calor é o resultado do que é conhecido como domo de calor – uma poderosa área de alta pressão na atmosfera. Ela faz com que o ar desça, se comprima e aqueça, suprime a cobertura de nuvens e resulta em sol forte.

O calor intenso se estenderá da França à Bélgica, aos Países Baixos e à Alemanha nesta quarta-feira, 2, antes de seguir em direção à Polônia, na quinta-feira, 3.

Buontempo, porém, acrescenta outro fator. “Com as mudanças climáticas, estamos destinados a ver ondas de calor mais intensas, longas e frequentes, e é exatamente isso que estamos vendo.”

A Europa, com um grande contingente de idosos, tende a ver efeitos mais dramáticos na saúde da população. Conforme a OMM, mais de dois terços das ondas de calor severas no continente desde 1950 ocorreu desde 2000.

“O futuro próximo para a Europa é sombrio. Seca e calor impulsionados por combustíveis fósseis só vão piorar mais rapidamente. Não há volta nisso – apenas aumento contínuo”, disse, nas redes sociais, Peter Carter, diretor do Climate Emergency Institute.

Segundo especialistas, eventos climáticos extremos – como ondas de calor, fortes tempestades e estiagens severas – vão se tornar cada vez mais comuns em várias partes do mundo, incluindo o Brasil.

O verão 2024/2025 foi o sexto mais quente no Brasil desde 1961, com temperatura 0,34°C acima da média histórica do período de 1991 a 2020. O verão anterior já havia sido o mais quente da série histórica.

Em 2023, o Brasil registrou nove ondas de calor e oito em 2024, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Essas ondas se caracterizam, segundo critérios da OMM, por temperaturas máximas que ficam, no mínimo, entre 5oC e 7oC graus acima da média por ao menos cinco dias seguidos.

O número de dias com ondas de calor no Brasil, de acordo com estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), aumentou oito vezes (de 7 para 52) nas últimas três décadas.

O aquecimento global também está ligado a variações bruscas de temperaturas, como ondas de frio e ocorrências atípicas de neve e granizo.

(Com agências internacionais)

Estadão Conteudo

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