Menos de 24 horas depois o país deve escolher entre o atual presidente Juan Manuel Santos e o candidato de oposição Óscar Iván Zuluaga, apadrinhado pelo ex-presidente Álvaro Uribe.
A coincidência de datas foi lamentada nas redes sociais tanto por torcedores quanto por donos de bares, que esperavam lucrar com a volta da seleção à Copa depois de 16 anos fora da competição.
“Seria um grande fim de semana para os bares. Quando há Lei Seca, deixamos de faturar em média 20 bilhões de pesos (cerca de R$ 24 milhões). Isso em um fim de semana sem Copa do Mundo. Com a estreia da Colômbia no dia da proibição creio que o prejuízo será ainda maior”, diz Camilo Ospina, presidente da Asobares (Associação dos Bares da Colômbia).
Desde cedo
Para contra-atacar, a maioria dos 1.100 bares do país vai abrir mais cedo. Como a lei passa a valer só às 18h do sábado, os estabelecimentos vão vender bebidas a partir das 10h (hora local). “Interviemos junto ao governo e à prefeitura para que a proibição não fosse ampliada de 36 para 72 horas, como já aconteceu outras vezes”, diz Ospina.
Durante a última semana, rumores de que a Lei Seca seria antecipada para as 12h de sábado fizeram com que o assunto virasse piada entre os torcedores. “Se a Colômbia ganhar, em qual prisão vão colocar as 40 milhões de pessoas que vão violar a lei?”, diz um dos “memes” compartilhado por torcedores no Twitter.
Festa em casa
Para os aficionados da seleção, a proibição só muda o lugar da festa: dos bares para dentro das casas. “Esse é o dia é em que mais se bebe, ainda mais com jogo da seleção. Eu e meus amigos compramos todas as bebidas até quinta-feira, para garantir, porque algumas marcas corriam o risco de acabar”, conta Oscar Javier Mejia Espinosa, de 30 anos.
Ele e mais cinco amigos compraram três caixas de cerveja e quatro litros de "aguardiente" (destilado de cana com anis). O mesmo vai fazer o estudante Esteban Londoño Valencia, de 22 anos. “Somos dez pessoas, vamos nos reunir e cada um vai trazer as bebidas que comprou. Estamos todos muito ansiosos. Desde o sorteio da Copa, imagino como será o dia 14 de junho”, conta.
Segundo plano
A ansiedade com a estreia é tanta que as eleições parecem ter ficado para escanteio. Nas ruas, em vez de panfletos de candidatos, há vendedores que comercializam enfeites, camisas falsas e figurinhas do álbum da Copa.
Tentando aproveitar a “febre mundialista”, a campanha de Zuluaga transformou o candidato em mais uma figurinha da seleção, com direito ao uniforme do time. Santos reagiu e fez tabelas da Copa com seu slogan: “Pela paz, vote Santos”.
“Somos apaixonados pelo futebol e os candidatos sabem disso. A expectativa é maior em relação ao que vai acontecer neste sábado do que em relação ao que vai acontecer no domingo”, diz a cientista política Patricia Muñoz Yi, professora da Pontifícia Universidade Javeriana.
Para o sociólogo e historiador do esporte Rafael Jaramillo Racines, o resultado da partida de estreia pode influenciar na participação dos eleitores na disputa –no país, o voto não é obrigatório.
“Uma vitória poderia gerar uma corrente positiva que leve as pessoas a participarem mais e faça com que diminuam os índices de abstenção, que chegaram a 60% no primeiro turno”, afirma.
Mas o pesquisador não arrisca um palpite –nem para a estreia colombiana na Copa nem para as eleições. As últimas pesquisas de intenção de voto mostram um empate técnico entre Santos e Zuluaga: o presidente teria 47,7% das intenções contra 48,5% de Zuluaga, segundo levantamento da empresa Gallup.
G1