Em entrevista ontem ao "Poder e Política", projeto da Folha e do UOL, o novo líder peemedebista disse que agora é o momento de o Planalto repactuar o apoio de seus aliados para garantir sucesso em 2014. Essa operação se daria numa eventual reforma ministerial -negada pelo Palácio do Planalto.
"Nós já viramos o relógio de mais da metade do mandato [da presidente Dilma Rousseff, iniciado em janeiro de 2011]. Nós estamos aí a 16 meses para começar a campanha eleitoral propriamente dita", disse o peemedebista.
Cunha, 54 anos, está em seu terceiro mandato e é um dos deputados mais poderosos do PMDB. Além da liderança da legenda, é tido como exímio operador político. Começou sua carreira nos anos 1990 no antigo PPB (hoje PP), sigla de Francisco Dornelles e de Paulo Maluf.
Embora sugira a Dilma a recomposição dos cargos entregues aos partidos, Cunha acha que que o PMDB não deve falar nada. "Quando ela [Dilma] chamá-lo [o PMDB] para conversar sobre esse movimento, certamente o PMDB vai conversar. E aí vai ser o momento desse debate".
A lógica de Cunha é simples. Passados dois anos de mandato, Dilma precisa reacomodar as forças que dão apoio ao Planalto. Alguns grupos ficaram mais fortes. Outros se enfraqueceram. O PMDB, por exemplo, tem cinco ministros, mas dois deles são ligados à seção maranhense do partido -sob a liderança de José Sarney, que acaba de deixar a presidência do Senado e entrou em fase crepuscular na estrutura de poder da sigla.
Apesar desse apelo vocalizado por Cunha e mencionado nos bastidores por muitos outros aliados, a presidente Dilma tem dado ordens a seus assessores para negar que vá fazer uma reforma ministerial.
Ela teria um relacionamento ruim com o Congresso? Cunha responde de maneira oblíqua: "Nos dois primeiros anos do governo Lula [também] não era muito bom o relacionamento".
O líder do PMDB tentou também afastar os boatos sobre a substituição de Michel Temer na vaga de candidato a vice-presidente, em 2014, ao lado de Dilma. Mas deixa sempre uma janela aberta para um outro aliado:
"Michel, neste momento, é um nome que agrega mais. Se você fosse buscar um candidato a presidente da República do PMDB, o governador Sérgio Cabral, certamente, hoje, teria muito mais visibilidade eleitoral do que o próprio Michel Temer".
Para Cunha, o PMDB "caminhará com naturalidade" para reeditar a chapa Dilma-Temer. "Dificilmente haverá alteração desse quadro. Não vejo nenhum sinal de mudança".
O deputado defende a recondução de Michel Temer como presidente do PMDB, decisão que o partido tomará em convenção agendada para início de março. Mas não há tanta certeza sobre o atual vice-presidente da legenda, o senador Valdir Raupp (RO), que toca a agremiação no dia-a-dia.
O vice-presidente do PMDB "pode ser o Valdir Raupp ou pode não ser. Esse debate vai acontecer nas próximas duas semanas".
Sobre o desempenho da chapa presidencial PT-PMDB em 2014, Cunha acha que "será uma eleição difícil". Para ele, Aécio Neves (PSDB) conseguirá ser majoritário em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, com uma vantagem de até "2,5 milhões de votos sobre qualquer outro".
"Eduardo Campos [PSB] vai se sair muito bem no Nordeste. É um governador bem avaliado" e Marina Silva (com seu novo partido, o Rede), "certamente vai sair menor do que saiu em 2010".
Fonte: FOLHA.COM