Gripe Suína, H1N1 ou Influenza A. Esses são nomes dados à gripe que volta a preocupar a população do Brasil. Este ano a gripe H1N1 surpreendeu, e chegou antes das profilaxias programadas para a população. A gripe era esperada apenas para Junho de 2016, sendo a vacinação programada para dia 30 de Abril.
Após a confirmação de oito casos da gripe H1N1 em Mato Grosso, e de 35 notificações que ainda estão sendo avaliadas, a Diretoria de Vigilância em Saúde de Cuiabá emitiu um alerta ao município de Cuiabá.
Na capital foram notificados são 25 casos sendo um deles confirmado, levando o paciente à morte. Sete casos permanecem sob investigação e quatro foram descartados.
A hipótese para o aparecimento precoce da gripe na população é que pessoas que viajaram para o norte da Europa e para a Ásia podem ter trazido o vírus que circulou no final do ano naquelas regiões.
Em Cuiabá, apenas a rede particular está disponibilizando vacinas contra a gripe, que custam entre R$80 e R$100. Segundo o pediatra e vice-presidente da Unimed, Arlan Azevedo, mesmo com a antecipação do aparecimento da gripe, que era aguardada incidência da infecção pela H1N1 apenas para Junho, algumas pessoas já estão tomando a vacina.
A vacina disponibilizada para os pacientes, agora, faz parte do lote do ano passado e será necessário atualizá-la na data da campanha, 30 de abril.
“A vacina é altamente eficiente. Caso não tenha se vacinado ano passado ou já tenha tomado há um ano, é necessário se vacinar novamente. Quando chegar a tetravalente na rede pública, ou a tríplice com um novo vírus, será necessário tomar novamente”, explica o médico.
O mercado dispõe de duas vacinas – a tríplice, que abrange a Influenza A e B – e contempla três doenças diferentes, dentre elas, a H1N1. A tetravalente – contempla a H1N1, H3N2 E influenza A e B. Segundo o médico, a mais moderna, porque os sintomas da gripe não acontecem apenas pela H1N1, mas por outros vírus também, “logicamente, com menos intensidade”, conclui.
De acordo com o coordenador da Vigilância Epidemiológica e Saúde (Covida), Fernão Leme Franco, a campanha para vacinação será realiza a partir do dia 30 de abril (sábado), “dia D”, para a faixa de risco: crianças acima de 6 meses e menores de 5 anos, gestantes, lactantes, maiores de 60, profissionais de saúde e do sistema prisional, e pessoas que apresentem doenças como diabetes, cardiopatia e doenças respiratórias.
As vacinas estarão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde até dia 20 de maio, e devem ser imunizados cerca de 600 mil mato-grossenses.
GRIPE SUÍNA
SINTOMAS – O médico Arlan Azevedo explica que a gripe H1N1 é a responsável pelos casos chamados de “Síndrome Respiratória Aguda Grave”. “Ela desenvolve os sintomas muito mais intensos do que a gripe normal. São pacientes que começam com febre muito elevada, olhos vermelhos, um grau de prostração (cansaço), dor muscular, falta de motivação para trabalho de uma forma muito intensa”, aponta.
Ao contrário de uma gripe comum, que tem sintomas como febre baixa, dor no corpo, nariz escorrendo e os sintomas começam de forma mais leve, e só depois de dois ou três dias o quadro pode ficar mais intenso e rapidamente já melhora, a gripe H1N1 começa de forma muito intensa, com febre muito alta, desconforto respiratório severo e um comprometimento muito grande de um estado geral.
TRANSMISSÃO
O vírus é expelido na tosse, no espirro e na fala. Com isso, ele pode ficar na superfície de maçanetas, mesas e principalmente nas mãos. “A transmissão acontece se o paciente coloca a mão nos olhos, na boca ou mesmo pelas vias inalatórias”.
CUIDADOS
É necessário higiene das mãos com frequência, principalmente para quem já está com sintomas de gripe. “Lembrar que a gripe H1N1 em uma pessoa pode ser muito simples, mas em outra pessoa, esse mesmo vírus pode ter uma intensidade de sintomas muito maior”, explica o médico. “Nós somos ternos, gostamos de abraçar e beijar, mas, caso esteja gripado, tome mais cuidado nesses gestos afetuosos”, completa.
Em pessoas com imunidade mais alta, como jovens e adultos, podem desenvolver sintomas da doença mais amenos. Contudo, esse vírus passado para bebês, crianças e idosos, pode se manifestar de forma mais severa e levar à morte.
A gripe pode ser fatal, porque trabalha de maneira a obstruir o processo de troca do ar para dentro do sangue. “Ele bloqueia a passagem de oxigênio através do pulmão até chegar no sangue. Acontece como um entupimento de um filtro. O comprometimento que o vírus provoca no pulmão, impede que aja oxigenação no sangue. O paciente desenvolve um desconforto respiratório muito grande, porque acelera a respiração tentando colocar oxigênio para dentro do sangue, mas não consegue. Por isso a necessidade de que a Unidade de Terapia Intensiva tenha assistência ventilatória pronta para esses pacientes”, revela o médico.
A principal dica é evitar ficar em locais muito fechados, principalmente crianças e idosos. “Ser mais rigoroso em termo de lavagens das mãos. Lavá-las de forma um pouco mais demorada. Prestar atenção em todos os pontos das mãos, como dedos, costas das mãos. Usar o álcool gel é importante, ainda que não seja uma medida protetora definitiva, e lembrar que em locais públicos, se faça limpeza com álcool nas maçanetas, em cima de superfícies de mesas”, sugere o médico.
TRATAMENTO
Nas primeiras 48h, quando os sintomas ainda estão em desenvolvimento, o tratamento se dá com medicamento, contudo, com a piora do quadro é necessária a internação.
IMPORTÂNCIA DA VACINA
O patologista neuromuscular, Beny Schmidt, explica que é consenso na literatura médica que as vacinações contra doenças virais em tempo de epidemia são extremamente importantes. Ele cita o caso de 2009, quando a gripe suína dizimou milhares de pessoas.
De acordo com ele, a literatura preconiza vacinação protetora contra infecções virais que causam problemas respiratórios, como gripes e resfriados, em pessoas idosas, com doenças crônicas e debilitadas e em crianças com mais de cinco meses de idade.
“Porém, assim como foi dito nas atuais epidemias de dengue, chikungunya e zika, a prevenção sempre foi e sempre será melhor do que o tratamento das doenças. E, novamente, como está acontecendo com a zika, ressaltamos a inoperância do nosso governo em relação à falta inconcebível de saneamento básico no nosso País”.
Schmidt explica que não se deve vacinar pessoas com febre, em hipótese alguma. “Não conhecemos os efeitos colaterais das vacinas ministradas no Brasil. Temos relatos, no exterior, de inúmeras complicações, que não são raras, como narcolepsia, convulsões, meningites e o aumento de casos de síndrome de Guillain-Barré. Aliás, as pessoas acometidas por essa síndrome devem evitar tomar vacinas contra o H1N1”.
Para ele, é preciso redobrar as atenções em relação a essas vacinações múltiplas, que devem ser modificadas ano a ano, pois os vírus da gripe e dos resfriados são altamente mutantes, fazendo com que os laboratórios tenham que produzir vacinas novas para conseguir uma imunização eficiente.
“Cabe à classe médica do país prestar muita atenção nesses possíveis efeitos colaterais, estar preparada para dar uma boa orientação sobre quem realmente precisa ser vacinado e, sobretudo, evitar as neuroses, principalmente aquelas que, em vez de contribuir, aceleram a disseminação das doenças virais em aglomerados hospitalares e recintos fechados”.