Opinião

Pontos Cantados na Umbanda

Nesta semana compartilho com os irmãos um texto da autoria de meu filho Flávio Mattos, em que o mesmo versa sobre os Pontos Cantados, que são na verdade as canções ritualísticas da Umbanda. Com vocês:

A Umbanda por excelência traz em sua trajetória o uso do poder do verbo, hoje expresso claramente sob a égide dos conhecidos Pontos Cantados. Contudo, muito se perdeu sobre a sacralidade desse instrumento de movimentação de forças, de modo que a louvação veio a confundir-se com a raiz. 

Podemos compreender o Ponto de Louvação como a tentativa de atingir o potencial que apenas um Ponto de Raiz é capaz de produzir, assim sendo, não é de se estranhar a imensa quantidade desses primeiros por aí, todavia, vale destacar que um não faz o outro menos importante, mas, estimo em dizer, há de se compreender a função de cada um. 

Um ponto de louvação comumente é escrito por um ser encarnado por conta própria, como em um desejo de alcançar o sagrado, carregando consigo seu percurso pessoal na construção da letra… É o profano tentando elevar-se ao Sagrado. Já no Ponto de Raiz, temos o Sagrado vindo de encontro ao profano, como uma possibilidade de transformação daqueles que ainda estão em planos mais densos.

O Ponto de Raiz é trazido pelas entidades as quais ao cantarem manifestam as mais variadas movimentações de agregação, desagregação e correlatos naqueles que as ouvem.

Por vezes nos habituamos a simplesmente pegar uma cópia de apostilas e livros, todavia, não incomum, a desvalorização para com quem se deu ao trabalho de passar horas de sua semana e anos de sua vida selecionando, escrevendo e estudando tais pontos, realmente acontece. Nem de longe fazer uso desses materiais é algo nefasto, todavia, compreender que a Magia exige esforço é algo elementar, afinal, não costumamos valorizar muito mais aquilo que normalmente lutamos para obter? 

Ao ouvirmos Pontos de Raiz já aprendidos por nossos sacerdotes ou até mesmo dos mentores espirituais, anotar é essencial. O Ponto Cantado é uma magia velada a olhos nus, quem se arrisca a se dedicar a estudar, registrar e refletir sobre o que recebe certamente terá uma transformação muito maior do que alguém que recebe e não reconhece todos os percalços que aquele produto final carrega. A escrita não é uma agressão à História Oral, mas, ouso dizer, sim uma declaração de valorização quanto ao que lhe é passado a fim de não deixar morrer o conhecimento que foi destilado para chegar com qualidade em nossas mãos. 

Tente, de dez em dez minutos por dia na semana, ao final do mês terá uma boa quantidade de verdadeira "Magia Cantada" e você aos poucos não mais se verá o mesmo. Assim sendo, quando receber um Ponto Escrito, lembre-se de que está recebendo um presente. Saravá.

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Opinião

Dos Pampas ao Chaco

E, assim, retorno  à querência, campeando recuerdos como diz amúsica da Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul.
Opinião

Um caminho para o sucesso

Os ambientes de trabalho estão cheios de “puxa-sacos”, que acreditam que quem nos promove na carreira é o dono do