Foto: Ahmad Jarrah / Circuito MT
Em meio a militância pela luta de igualdade de direitos e contra o preconceito, a comunidade LGBT ainda não se vê representada nos Poderes Executivo e Legislativo de Mato Grosso e Cuiabá. A não presença de políticos na Parada da Diversidade de Cuiabá, realizada na tarde da última sexta-feira (04) nas ruas do Centro da capital, representa o cenário, onde os representantes políticos ainda preferem ignorar as pautas de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros.
Se a empatia da sociedade cuiabana foi evidente durante todo o trajeto da passeata, a falta de apoio dos políticos também foi sentida. Os nomes do prefeito Mauro Mendes (PSB), do presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Maluf (PSDB), da deputada e presidente da Comissão de Direitos Humanos da AL, Janaina Riva (PSD), foram lembrados pelos organizadores. Porém, apesar de ajudarem na realização da Parada, nenhum deles estava lá.
Na Câmara Municipal, palco do encerramento da Parada, o único representante era o vereador Alan Kardec (PT), que chegou a realizar audiências públicas nos últimos três anos, para debater a temática da comunidade LGBT.
“Nós estamos aqui hoje representando a Câmara Municipal e mais que isso, aqueles vereadores progressistas, vereadores que discutem a diversidade sexual, que discutem politicas públicas para a população LGBT e não tem medo de discutir isso com a sociedade. Não são todos, mas a nossa proposta traz a Câmara um pouco mais progressista para Cuiabá”, afirmou o petista.
Segundo um dos organizadores da Parada e membro da ONG Livre Mente, Clóvis Arantes, o grupo cobra representatividade e políticas públicas efetivas, que garantam dignidade aos LGBTs.
“Nós exigimos ser representados dentro da câmera, como parte da sociedade cuiabana. Essa sociedade tem heterossexuais e homossexuais. Os vereadores tem que representar o povo cuiabano, o povo que mora, que paga imposto, que contribui efetivamente em todos os espaços dessa cidade. Nós queremos estar representados, e não só por um vereador, e sim por todos. Pois todos devem ter o compromisso de lutar pelos direitos humanos. E nós, só lutamos por direitos humanos, não lutamos por privilégios”, declarou Arantes ao Circuito Mato Grosso.
Ato político
O encerramento da Parada em frente a Câmara Municipal teve um motivo político: cobrar visibilidade e que as pautas de reivindicações do movimento fossem respeitadas. Além disso, um ato de resposta ao que aconteceu em junho deste ano, quando religiosos ocuparam o mesmo local para pressionar os vereadores a mudar o Plano Municipal de Educação (PME), retirando as palavras "gênero", “diversidade sexual” e “orientação sexual”, do documento que estabelece metas do ensino público para os próximos dez anos.
Kardec, que diante a pressão religiosa votou pela mudança no PME, declarou que o objetivo é fazer com que a Câmara atenda as necessidades de toda a sociedade.
“Temos que trabalhar em Cuiabá na questão do nome social, com políticas sérias contra a homofobia e discriminação. Teve o Plano Municipal de Educação que retiraram as questões de gênero, mas mantivemos o currículo multicultural. Ampliar este debate, fazer com que a Câmara seja essa caixa de ressonância da sociedade, não só de parte dela”, afirmou o vereador.
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