De acordo com o psiquiatra forense Zanizor Rodrigues, profissional da área de saúde mental há mais de 40 anos, e professor aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), as políticas de Estado voltadas a pacientes que sofrem dependência química são “amadoras no Brasil”, tendo em vista tratar-se de uma área que “carece de mais recursos e de uma gestão eficiente”, diferente do que ocorre hoje, e Mato Grosso não é exceção nessa realidade.
“Não existem projetos definidos, a quantidade de usuários é muito grande e não há serviços suficientes, nem ambulatoriais, muito menos de internação, nos casos-limite. Em Mato Grosso, temos o drama do complexo Adauto Botelho”, diz ele.
Dados do World Drug Report 2014 afirmam que existem até 324 milhões de usuários ilícitos desses entorpecentes no mundo, a maioria na faixa entre 15 e 64 anos e que em sua maioria usaram substâncias como maconha, opioides (do qual derivam a morfina e a heroína), cocaína e anfetaminas e estimulantes, pelo menos uma vez no último ano.
De acordo com o estudo da ONU, ainda que a maioria das pessoas considere a maconha como a droga ilícita menos prejudicial, tem havido um crescimento considerável de usuários que buscam tratamento por transtornos causados pelo seu uso na última década, principalmente nas Américas, Oceania e Europa. Mesmo assim, os opioides, como a heroína, permanecem no topo entre aqueles que buscam ajuda médica ou psicológica por sua utilização irresponsável na Ásia e na Europa, assim como a cocaína, nas Américas.
No Brasil, o World Drugs Report mostra um dado preocupante: até 2009, cerca de 3% dos estudantes universitários faziam uso de cocaína. Se levarmos em conta que naquele ano havia 5.954.021 universitários no país, de acordo com o Censo da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), então o número mínimo de usuários dessa droga dentro das faculdades brasileiras é de 178.620 – cifra que já deve estar superada.
Entre as consequências fisiológicas para o organismo daqueles que usam drogas de maneira irresponsável, ou já se encontram enfermos, Zanizor faz um alerta: “A droga prejudica a atividade cardíaca e o metabolismo. Dependendo da quantidade, podem ocorrer infartos pulmonares, embolia, morte súbita etc.”.