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Polícia usa simulação para concluir que pai matou Sophia

A Polícia Civil usou uma simulação computadorizada para chegar à conclusão de que a garota Sophia, de 4 anos, foi morta pelo pai. Ele está preso temporariamente e a polícia pediu à Justiça a conversão para prisão preventiva – sem prazo de liberação. Ricardo Najjar, de 23 anos, nega ter assassinado a filha e diz que encontrou a garota desacordada na sala de casa.

Sophia foi encontrada morta em 2 de dezembro com um saco plástico na cabeça no apartamento do pai no Jabaquara, na Zona Sul de São Paulo. No apartamento do pai, Ricardo Najjar, de 23 anos, os investigadores não encontraram sinal de arrombamento nas portas e janelas, nem sinal de que havia outra pessoa na casal, além dele e da filha.

Simulação computadorizada
Para concluir que o pai foi o autor do crime, os peritos usaram uma tomografia enviada pelo Instituto Médico Legal (IML) para criar um modelo com saco plástico com a mesma medida do encontrado na cabeça de Sophia. O teste era para verificar se a criança poderia ter se asfixiado, sozinha, com a sacola plástica e concluíram que isso seria impossível.

"Ela já tinha idade suficiente para tentar tirar o saco da cabeça ou então chamar o pai e gritar por socorro. Então todas essas considerações nos fizeram tornar o Ricardo como principal suspeito do crime", afirmou a delegada Ana Paula Rodrigues.

Conclusão da investigação
A conclusão da Polícia Civil também se baseou no laudo da Polícia Técnico Científica que indicou que a menina Sophia morreu esganada e que ela não sofreu abuso sexual. "Houve um trauma uma lesão cerebral e depois teve a asfixia direta que obstrução das vias aéreas", disse a delegada. O pai, no entanto, nega que tenha assassinado a filha.

"Ela teria sido morta por asfixia, esganadura. Há lesões no tímpano, o que indica que levou um tapa no ouvido e também lesões na boca, a sugerir que enquanto chorava ou gritava o pai teria tentado calá-la com as mãos", disse nesta quarta-feira (16) o secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes.

Simulação de computador fez polícia concluir que Sophia foi morta pelo pai (Foto: Reprodução TV Globo)

 

O resultado dos exames descartou que a criança tenha sido estuprada. A motivação do crime ainda é desconhecida, segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública.

Pai alega inocência
Ricardo Najjar disse para a polícia que foi tomar banho e que, quando voltou ao quarto, a filha já estava morta com um saco na cabeça. "Eu fiquei desesperado de ver minha filha desmaiada morta, eu não sabia o que era aquilo eu fiquei desesperado", disse em depoimento obtido pela TV Globo. Ele disse que retirou a sacola plástica da cabeça da criança e fez massagem cardíaca para tentar reanimá-la.

O pai de Sophia foi preso dois dias depois do velório da menina. Ele foi indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar) pelo crime contra a filha. O inquérito da Polícia Civil já foi entregue ao Ministério Público para que a denúncia contra Ricardo Najjar seja oferecida.

Áudio ao Samu
Um áudio obtido com exclusividade pelo Fantástico mostrou o telefonema feito por Ricardo ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no dia da morte de Sophia. Segundo a polícia, Ricardo Najjar fez três telefonemas entre 19h54 e 20h. O primeiro para o pai dele, o segundo para a namorada e o terceiro para o Samu.

Veja como foi a conversa com o socorrista:
– Samu, emergência.
– Bom dia, boa noite.
– Boa noite.
– Eu acho que a minha filha morreu.
– Qual o nome do paciente?
– Sophia.
– Certo. Qual é o seu nome?
– Ricardo.
– Seu Ricardo, me diga exatamente o que aconteceu.
– Eu fui tomar um banho, ela ficou no quarto. A hora que eu voltei, ela estava no chão, com um saco na cabeça.

O pai foi detido dois dias após o crime, durante o velório da menina. No depoimento à polícia, ele disse que retirou a sacola e fez massagem cardíaca na filha, conforme orientações do atendente do Samu. Contou que, depois, a namorada chegou e ela continuou o socorro. E que ele foi para a rua, aguardar a chegada da ambulância. Os atendentes do Samu constataram que a menina estava morta.

O pai contou à polícia o que, antes do ocorrido, "Sophia brincou com os gatos, assistiu a desenhos e até retirou a calça, por estar quente". Afirmou que ele e a filha estavam sozinhos quando "decidiu tomar banho de porta aberta, como sempre costumava fazer", e que "entrou no chuveiro por volta das 19h30".

Ricardo alegou que "saiu do banho depois de 10 minutos" e que "encontrou Sophia caída, com um saco plástico verde no rosto", que "puxou o saco até expor a boca e o nariz. Só que, ao ver sangue e vômito, encobriu novamente o rosto da filha."

Os investigadores não encontraram sinais de arrombamento nas janelas nem nas portas do prédio. A polícia disse ter indícios de que Ricardo não teria tentado reanimar a própria filha.

O advogado Marcelo Rocha Leal Gomes de Sá, que defende Ricardo Najjar, disse que ele “está sozinho numa cela, muito abalado, nega todas as acusações, chora de vez em quando".

"Não há nenhum histórico de distúrbio. Nunca precisou tomar nenhum tipo de medicamento. Nunca teve problema com drogas”, afirmou Gomes de Sá.

Pais separados
Ricardo e a mãe de Sophia, que também tem 23 anos, se separaram quando a menina era um bebê de 4 meses. Eles ainda eram adolescentes quando se conheceram. O pai costumava ficar com a filha aos fins de semana, a cada 15 dias. Segundo a polícia, no dia 2 de dezembro, a mãe de Sophia autorizou Ricardo a buscar a filha na escolinha.

Nos últimos 3 meses, o pai da menina morava com a namorada em um prédio a 700 metros da escola de Sophia. Ricardo Najjar é filho único, terminou o 2º grau, mas não fazia faculdade. Segundo o advogado, ele era auxiliar administrativo na empresa do pai, que também é professor universitário. O Fantástico procurou a mãe da menina, mas ela está muito abalada e preferiu não gravar entrevista.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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