Fotos: Sandra Carvalho
Atualizada em 21/01/2017 às 8h59
Familiares do João Vitor Alves de Oliveira, de 20 anos, e Hugo Vinicius da Silva Salomé, de 19 anos, reconheceram os corpos encontrados na noite desta quinta-feira (19) cerca de 10 metros, na MT 040, próximo a localidade de Porto de Fora, região que dá acesso ao Distrito de Mimoso, em Barão de Melgaço. No início da noite, a Polícia Técnica confirmou, por meio de nota, que os corpos são de João e Hugo.
Eles estavam enrolados lacrados com fita adesiva. Moradores da região desconfiaram do mau cheiro e ligaram para a polícia, que constatou os cadáveres ensacados.
A namorada, Cleidinara Almeida Machado, a irmã e a prima de João Vitor estiveram o Instituto Médico Legal (IML), em Cuiabá-MT, na tarde desta sexta-feira (20). Cleidinara conversou como o Circuito Mato Grosso.
Após dez dias de angústia, Cleidinara tem dúvidas de que a justiça possa ser feita. “A gente espera que o caso seja esclarecido, mas não sabemos se vai, não", diz a jovem que descreveu os policiais como “muito agressivos”. “Eles ficam apavorando lá no bairro”, relatou à reportagem.
Ao Circuito Mato Grosso, o advogado que cuida do caso de João e Hugo, Sérigo Barcelos, relatou o abalo da família. “Estão totalmente abalados. Eles sofreram angustiados com o desaparecimento e agora a confirmação”.
Segundo o advogado, o inquérito que havia sido aberto na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) como desaparecido passará a ser investigado como homicídio. As investigações correm em sigilo. A polícia informou que não pode dar detalhes da apuração para não prejudicar o processo.
Os corpos estavam, em estado avançado de decomposição, estavam dentro de sacos plásticos, enrolados com fitas adesivas, e foram levados para Instituto de Medicina Legal (IML), em Cuiabá, onde passam por exames periciais para identificação da causa morte e coleta das digitais para identificação formal das vítimas.
Na Corregedoria da PM foi aberto um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), no entanto, sem o pedido de afastamento do cargo, uma vez que, segundo a instituição, não há provas contra eles que justifique a medida.
As investigações prosseguem pela DHPP, que somente irá se pronunciar sobre o caso, ao final das investigações.
O caso
O desaparecimento de João Vitor de Oliveira, de 20 anos, e Hugo da Silva Salomé, de 19, aconteceu no último dia 9 de janeiro, por volta das 13h, quando foram vistos pela última vez após abordagem de dois policiais militares no bairro São João Del Rey.
Populares informaram que os policiais estavam à paisana em um carro marro modelo Clio, da Renault, quando pararam e agrediram os dois rapazes, supostamente sem motivo. Uma testemunha disse ter visto os dois policiais colocando os rapazes dentro da viatura algemados. "Eu estava passando e, então, vi que os dois estavam algemados no chão e sujos de terra, então um dos policiais colocou os dois rapazes dentro da viatura e o outro levou o carro", explicou.
Depois do desaparecimento, a polícia teria dito a Júlio Alves, irmão de João Vitor, que antes da abordagem os dois abriram a porta do carro em que estavam e fugiram abandonando o veículo. Júlio Alves disse que Hugo tinha uma "disputa" com a polícia. Hugo Vinícius tinha saído da prisão há menos de um mês depois de cumprir pena por tráfico de drogas.
João Vitor já tinha sido preso suspeito de assalto, mas, segundo o irmão, foi considerado inocente pela Justiça.
A Polícia Militar por meio de nota confirma a abordagem, mas nega que eles tenham sido presos. "Eles fugiram antes de serem revistados", esclareceu a PM.
Leia mais: PM irá apurar envolvimento de policiais em sumiço de jovens em Cuiabá