Cidades

Polícia quer ouvir parentes e amigos de vítimas da chacina

A Polícia Civil quer ouvir parentes e amigos para traçar o perfil das vítimas da chacina na sede da torcida Pavilhão Nove, do Corinthians. Oito pessoas foram mortas na noite de sábado (18). Os investigadores também estão à procura de algumas testemunhas-chave no caso.

Câmeras de segurança de um posto de combustíveis, que fica ao lado da quadra da torcida, gravaram cinco pessoas que conseguiram escapar dos assassinos. Duas já foram ouvidas. Outras três ainda não foram identificadas. Elas podem ajudar a esclarecer o que aconteceu na noite de sábado.
Com base no que foi apurado até agora, a polícia sabe que três homens chegaram armados, mandaram oito torcedores se ajoelhar e abriram fogo. A principal hipótese é que o motivo da chacina esteja relacionado a uma disputa por pontos de venda de drogas. A polícia também acredita que dos oito mortos, apenas um era o alvo dos bandidos: Fabio Neves Domingos, de 34 anos, ex-presidente da torcida.

Ele foi um dos corintianos presos em Oruro, na Bolívia, em 2013. Domingos estava entre os 12 suspeitos de disparar um sinalizador que atingiu e matou o adolescente boliviano Kevin Espada. Ainda de acordo com a Polícia, depois de ser solto, ele se envolveu numa briga entre corintianos e vascaínos em Brasília.

Suspeitos
A Polícia Civil acredita que a ordem para executar os oito torcedores do Corinthians tenha partirdo de uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios. Dois suspeitos já foram identificados. Nesta quarta, os investigadores vão fazer os retratos falados dos suspeitos.

Investigações feitas pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) apontam que alguns dos mortos comandavam pontos de tráfico de drogas na região da Ceagesp, na Zona Oeste da capital paulista. Eles teriam se desentendido com grupos rivais.

Com base no que as testemunhas relataram, a polícia descarta que a motivação tenha sido uma rixa entre torcidas. Perto dos corpos foram encontradas cápsulas de pistola 9 mm. “Acabaram com a minha vida”, disse a mãe de uma das vítimas ao deixar a sede do DHPP, no Centro.

Enterro

Os corpos das vítimas foram velados e enterrados nesta segunda-feira (20) na capital paulista e na região metropolitana de São Paulo.

Sobre o caixão do compositor Mydras Schmidt, de 38 anos, foi colocada a bandeira da escola de samba Pérola Negra. Em 2014, ele foi puxador da agremiação da Vila Madalena, bairro em que cresceu, e onde seu corpo foi velado. A bandeira da torcida Pavilhão Nove também estava presente no velório. Os amigos cobram uma apuração da chacina.

"Ele gostava somente do samba e do Corinthians. Muito ruim a gente perder ele. Queremos justiça", diz Luciana Pires, amiga de Mydras.
Além de Mydras, foram assassinados Ricardo Junior Leonel do Prado, de 34 anos, André Luiz Santos de Oliveira, de 29 anos, Mateus Fonseca de Oliveira, de 19 anos, Fabio Neves Domingos, de 34 anos, Jhonatan Fernando Garzillo, de 21 anos, Marco Antônio Corassa Junior, de 19 anos, e Jonathan Rodrigues do Nascimento, de 21 anos.

Pavilhão 9
A torcida organizada Pavilhão Nove foi criada em homenagem aos presos mortos em um dos pavilhões da penitenciária do Carandiru, em outubro de 1992. Ela foi criada por um grupo de amigos que fazia trabalho social no presídio e promovia jogos de futebol contra o time "Corinthians do Pavilhão 9".

Sobrevivente viu execução

A mãe de um dos oito mortos contou ao G1 que um dos sobreviventes da chacina foi enrolado em uma bandeira do time e deixado vivo pelos criminosos. "Disseram para ele que ele tinha sorte que as balas tinham acabado e que ele ficou vivo para contar tudo", relatou. Segundo ela, outros rapazes que estavam no local conseguiram arrombar uma porta e fugir.

Ela esteve no Instituto Médico-Legal na manhã deste domingo (19) para fazer o reconhecimento do corpo do filho, e disse que as vítimas foram espancadas antes de morrer. "Deixaram o rosto e o braço dele todo machucado", afirmou. Ela preferiu não se identificar por medo de represálias.
Erasmo Carlos, cunhado de André Luiz de Oliveira, um dos mortos, pediu justiça. Ele esteve no IML neste domingo. "A gente espera justiça. Isso passa direto na televisão. Essa violência não pode ficar impune", defendeu.

Maria Enédna de Abreu, amiga de parentes das vítimas, afirmou que os torcedores eram boas pessoas. "Não dá pra entender o que aconteceu. Os meninos eram bons", disse.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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