Cidades

Polícia investiga sumiço misterioso de corpos em cemitério SP

O furto de corpos sepultados no Cemitério Municipal de Cubatão (SP) tem preocupado moradores e familiares de mortos que estão enterrados no local. Nos últimos 30 dias, dezenas de pessoas começaram a procurar a Câmara da cidade para denunciar a violação de tumulos e o desaparecimento dos corpos ou dos ossos de parentes.

A funcionária pública Roberta Simone Reis, de 46 anos, foi uma das pessoas que se deparou com a situação inusitada. Do dia para a noite, a gaveta que guardava os restos mortais do marido, Luiz Antônio dos Reis Neto, morto em 2011, foi destruída e o corpo desapareceu sem deixar qualquer vestígio.No último mês de agosto, durante o Dia dos Pais, Roberta resolveu visitar o marido e, para sua surpresa, o corpo de outra pessoa estava colocado no local. "Era nítido que outra pessoa havia sido enterrada na vaga do meu marido. Além de não ter sido avisada, ninguém conseguiu me informar onde foram parar os restos mortais dele", lamenta.

Segundo a administração do cemitério, desde 1999 não é mais possível manter um corpo de forma perpétua no local. Além disso, não há campas ou gavetas para compra. Os restos mortais enterrados vão para exumação após cinco anos e os familiares são avisados pela administração municipal por meio do Diário Oficial do município. No caso de Luiz Antônio, essa possibilidade foi descartada, já que ele havia morrido há apenas três anos e a família não foi notificada sobre uma possível exumação.

Após dias de investigação, Roberta descobriu que, no lugar onde o marido estava anteriormente, descansava agora uma mulher chamada Maria José dos Santos, morta no último dia 17 de maio. "Fui procurar saber o que estava acontecendo e os funcionários do local me diziam que era um engano, que não sabiam que ainda não tinha completado o tempo para exumação, mas essa resposta não me satisfez. Tenho toda a documentação provando que meu marido deveria estar lá. Descobri até que o nome dele ainda consta no registro como se tivesse na campa, junto com a outra mulher. Então seriam dois corpos em uma mesma gaveta, explica.

Roberta conta ainda que um dos funcionários do cemitério afirmou para ela que os restos mortais do marido estão em um dos ossuários do cemitério. Segundo a prefeitura, o local está interditado para facilitar eventuais exames de identificação futuros.Assim que percebeu a alteração, Roberta foi ao 1º Distrito Policial da cidade, localizado em frente ao cemitério, e fez um boletim de ocorrência. As investigações policiais já tiveram inicio. Segundo a advogada da vítima, Talita Tomazin de Paiva, a investigação inicial é sobre um possível comércio de gavetas. "A polícia me informou que essa é a linha de investigação deles. Algum funcionário do local vendia as campas, algo que não é permitido", disse. Talita e Roberta afirmam que, após a denúncia, pelo menos uma dezena de pessoas procuraram ambas para relatar casos parecidos.

Comissão investiga o caso
Após a denúncia de Roberta, a Câmara de Vereadores de Cubatão abriu uma Comissão Especial dos Vereadores (CEV) para investigar o caso. A funcionária pública foi a primeira a prestar depoimento. Segundo o relator da Comissão, Adeildo Heliodoro dos Santos (SDD), os trabalhos ainda estão no início. "Existem indícios de graves irregularidades, mas inda são indícios. Os trabalhos tem um prazo máximo de 90 dias. Precisamos desse tempo para concluir a investigação", afirma.

De acordo com o vereador, caso seja constatada alguma irregularidade o caso será encaminhado ao Ministério Público Estadual (MPE). A prefeitura afirma que existem cerca de 8 mil gavetas e mil campas no local. Ainda segundo a prefeitura, não existe uma superlotação no Cemitério Municipal. Assim que a reclamação de Roberta chegou, todos os gestores do local foram afastados até o fim das investigações e determinação de eventuais responsabilidades. Também foi aberto um processo administrativo para apurar o caso.

Em depoimento na noite desta quinta-feira (18), o Secretario de Gestão, Cesar Pimentel, e o Diretor de Administração, Cleber Pieruzi, afirmaram que não há venda de gavetas no local.Segundo eles, foi aberta uma sindicância interna que apurou tais irregularidades que, segundo eles, não existem. Ainda segundo Pimentel e Pieruzi, existem três programas para o controle de entrada e saída de corpos no local. O detalhe é que não existe o cruzamento entre os programas, o que pode gerar confusão.

Outra pessoa que prestou depoimento nesta quinta foi a moradora Silvia Carvalho, que também foi vítima da prática. Ela contou à Comissão que os restos mortais dos pais foram retirados do local onde estavam sem aviso prévio. Silvia afirmou que o pai morreu em 7 de setembro de 2008, portanto, o aviso de exumação deveria sair em setembro de 2013. Em outubro, uma vizinha da família foi ao cemitério e, ao passar pela gaveta onde deveria estar o pai de vítima, percebeu que havia outra pessoa. Foi então que Silvia procurou explicações, mas sem sucesso.

G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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