Parte do vídeo foi publicada nesta terça (7) pelo jornal Folha de S.Paulo. Nele, detentos de uma facção criminosa gravam os corpos de três rivais, que estão decapitados. O material, ao qual o R7 também teve acesso, foi repassado pelo Sindspem (Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do Estado do Maranhão). O vice-presidente da entidade, Cezar Bombeiro, falou sobre o vídeo.
— Os presos fizeram essa filmagem de quatro presos mortos e três decapitados. Ela foi feita no dia 17 de dezembro do ano passado.
O material foi repassado, segundo Bombeiro, por detentos de facção criminosa a agentes penitenciários ligados ao sindicato. Ele disse não ter detalhes sobre quem seriam os responsáveis pela gravação.
O vídeo, que tem dois minutos e 32 segundos de duração, começa com a câmera apontada para o chão. Esse quadro grava somente os pés dos detentos (em nenhum momento da gravação os suspeitos das mortes mostram os rostos, mas é possível ouvir suas vozes e até risadas). Um preso pede a quem gravava para "ajustar o foco" da câmera. Com a câmera nas mãos, o preso atravessa o que parece ser uma quadra poliesportiva. O chão está molhado, com poças de água e de sangue.
No canto da quadra, aparecem três corpos empilhados. Duas cabeças estão sobre as costas de um dos mortos. Os corpos estão bastante machucados, com cortes, perfurações e hematomas — um indicativo que podem ter sido torturados. Um dos detentos puxa a cabeça do terceiro morto e a posiciona ao lado das outras duas.
O secretário de Segurança Pública Aluisio Mendes disse não ter tido acesso ao conteúdo do vídeo até o fim da manhã desta terça, mas afirmou que tomará ciência do material e que a polícia vai investigar a gravação. De acordo com ele, todas as mortes ocorridas dentro do sistema penitenciário do Maranhão — mais de 60 desde janeiro de 2013 — estão identificadas.
— Todos os crimes cometidos no sistema penitenciário, todas as mortes ocorridas dentro do sistema penitenciário já foram alvo de inquérito. Mais de 80% deles já foram submetidos à Justiça inclusive com autoria definida e os que não foram ainda só estão dependendo de laudos do IML para serem concluídos até o final deste mês.
Mendes colocou o vídeo em dúvida e criticou mais uma vez o relatório produzido pelo juiz Douglas Martins, do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que aponta problemas no sistema carcerário do Maranhão. O secretário explicou que o documento do CNJ levou em conta, por exemplo, um outro vídeo que foi apontado como tendo sido feito em Pedrinhas, mas que na verdade não passa de uma “fraude”.
— O que sei é que um vídeo que foi divulgado recentemente, e que inclusive fez parte do relatório do CNJ, que esse comprovadamente é falso. Não ocorreu em nenhuma penitenciária do Maranhão e é um vídeo americano, inclusive. Eu não vi ainda esse último vídeo. Teria que verificar para ver se foi produzido aqui. Mas, em princípio, o que sei é que o vídeo que fez parte do relatório do CNJ é falso, o que comprovamos de maneira enfática, que estava na internet há oito meses e foi produzido nos Estados Unidos.
A reportagem do R7 procurou o governo do Maranhão para comentar o material de presos decapitados, mas a assessoria de imprensa informou que não se pronunciaria sobre o assunto.
R7