A intenção é reunir provas contra essas pessoas para processá-las e, no limite, obter autorização na Justiça para que elas não participem de futuras manifestações.
Segundo a polícia, os 65, entre os quais nove adolescentes, negaram adotar a tática "black bloc", que defende o dano ao patrimônio como forma de protesto.
A polícia chegou aos 65 porque eles já haviam sido detidos durante protestos anteriores. Mas não conseguiu provar o que cada um fez –e, por isso, os liberou.
Agora, para reunir provas, a atuação se dará em duas frentes. Primeiro, as fotos dos "fichados" serão comparadas ao banco de dados da Polícia Militar com imagens dos protestos, para checar se alguém aparece em algum ato criminoso.
Depois, a polícia pretende monitorar futuras manifestações para saber o papel dessas pessoas.
Wagner Giudice, diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), disse que a ideia é usar a mesma "arma" do movimento "black bloc": as redes sociais.
"Primeiro, a gente vai precisar provar que o integrante vai participar do protesto pela internet. Depois, ele será notificado a comparecer na delegacia duas horas antes [do protesto] e só vai sair de lá duas horas depois, como ocorre com torcidas organizadas", disse.
DEPOIMENTO – A investigação da polícia, que já dura 29 dias, quer saber se o grupo é financiado por algum partido político ou organização sindical.
Alguns suspeitos disseram que sim, mas não informaram quais são as entidades nem se há auxílio financeiro.
Outras 15 pessoas não prestaram depoimento ontem e serão novamente notificadas. Ao todo, a polícia quer ouvir mais 200 suspeitos.
O publicitário Alexandre Morgado, 30, falou à polícia por cerca de 40 minutos. Ele afirmou que foi detido em um protesto em 15 de outubro. Disse ser socorrista do Grupo de Apoio aos Protestos Populares.
"Fazemos apenas o primeiro atendimento antes de o Samu chegar. Não sou 'black bloc' nem a favor da depredação do patrimônio", disse.
Folha de S. PAulo