Uma organização criminosa especializada em extorsão virtual, com ramificações no Rio Grande do Sul e foco em vítimas de Mato Grosso, foi desarticulada na manhã desta terça-feira (18.11) pela Polícia Civil de Mato Grosso. A Operação Falso Contato cumpriu 32 mandados judiciais, incluindo 16 de busca e apreensão domiciliar, nas cidades de Porto Alegre e região metropolitana, visando apreender dispositivos eletrônicos como smartphones e notebooks, essenciais para a atuação do grupo. A ação é o resultado de uma complexa investigação de quase dois anos, conduzida pela Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI).
O golpe utilizado pelo grupo, conhecido como “sextorsão”, explorava a vulnerabilidade das vítimas através de um esquema meticulosamente orquestrado. Inicialmente, um criminoso criava um perfil falso de uma suposta adolescente em redes sociais, como o Instagram, e migrava a conversa para o WhatsApp sob o pretexto de buscar auxílio profissional. Após obter uma foto do rosto da vítima, o grupo realizava montagens falsas de vídeos ou fotos íntimas. Na etapa seguinte da extorsão, um segundo suspeito entrava em contato, passando-se por “policial civil” ou “pai da adolescente”, e ameaçava a vítima com prisão por pedofilia e exposição pública, exigindo pagamentos que chegavam a R$ 100 mil em troca de um suposto “acordo” ou “multa”.
As investigações da DRCI resultaram na identificação de 16 integrantes do grupo criminoso. Foi mapeado um forte elo entre os envolvidos e a Penitenciária Estadual de Charqueadas (RS), sendo os suspeitos reeducandos, ex-reeducandos, familiares ou visitantes do local. O delegado Guilherme Campomar da Rocha destacou que o trabalho investigativo de quase dois anos utilizou tecnologia de ponta e análise complexa de dados telemáticos para rastrear a rede interestadual. A atuação da Polícia Civil de Mato Grosso, segundo o delegado, prova a capacidade técnica em identificar e responsabilizar criminosos que agem no ambiente cibernético.
O delegado titular da DRCI, Guilherme Fachinelli, enfatizou que a Operação Falso Contato representa uma “resposta dura” da Polícia Civil de Mato Grosso contra aqueles que tentam buscar vítimas no estado, mesmo que de forma virtual. A complexidade do crime cibernético, que exige um combate especializado, foi confrontada pela perícia e pelo empenho das equipes. O sucesso da operação demonstra a coordenação interestadual, contando com o apoio da Coordenadoria de Enfrentamento ao Crime Organizado (Cecor) de Mato Grosso e do Departamento Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCCP) do Rio Grande do Sul.
A desarticulação deste esquema de extorsão envia um claro sinal de que as autoridades brasileiras estão aptas a rastrear e penalizar criminosos que utilizam o anonimato da internet para a prática de crimes graves como a “sextorsão”. A apreensão dos dispositivos eletrônicos é crucial para consolidar as provas contra o grupo, garantindo que os responsáveis por estas ameaças e extorsões sejam devidamente responsabilizados perante a Justiça.


