Seis pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil nesta quarta-feira (28), por envolvimento no sequestro e na morte do servidor público aposentado Nicomedes Francisco Pinto Lopes, 69 anos. O caso ocorreu em março deste ano, no município de Chapada dos Guimarães (67 km de Cuiabá-MT). O inquérito já foi encaminhado à Justiça.
De acordo com o delegado Guilherme de Carvalho Bertoli, o entendimento de que os suspeitos extorquiram a vítima depois de raptá-la é corroborado, entre outros elementos de prova angariados na investigação, pela perícia que indicou que a vítima apresentava indícios de que estava morta entre 48 a 72 horas e ficou mais de um dia em cárcere e sendo extorquida pelos criminosos.
“A vítima foi sequestrada pelos criminosos, permanecendo tempo considerável em poder dos autores do crime brutal, visto que, entre a data do sequestro e o dia em que o corpo foi localizado, o laudo de necropsia descreve que o corpo apresentava enfisematosa de decomposição, caracterizando entre 48 a 72 horas após a morte”.
“Ou seja, a vítima permaneceu viva, sequestrada, sendo exigido dela comportamento imprescindível na extorsão mediante sequestro, qual seja, o fornecimento de senhas para transações bancárias, sem o qual não teria ocorrido a obtenção da vantagem indevida”, explicou o delegado no relatório encaminhado à Justiça.
A polícia também indiciou um casal por receptação dolosa. A dupla seria proprietária das máquinas de cartões pelas quais foram realizadas as transações para recebimento dos valores extorquidos da vítima.
Os outros seis indiciados tiveram as prisões decretadas pela Sexta Vara Criminal de Cuiabá, durante a Operação Omertá, realizada pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) em junho deste ano. Quatro deles permanecem presos preventivamente, um está foragido e a mulher foi liberada mediante medida cautelar, por ter filho menor de idade.
Roubo e execução
O aposentado desapareceu no dia 21 de março, quando estava na casa onde morava, em Chapada dos Guimarães. O seu corpo foi localizado quatro dias depois, às margens da rodovia Helder Cândia, em Cuiabá, com marcas de disparos de arma de fogo na cabeça.
A partir da comunicação do desaparecimento do idoso por seus filhos, a Delegacia de Chapada dos Guimarães iniciou a apuração, tratada até então como sequestro e extorsão, quando houve o apoio da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), que prendeu dois casais por receptação e associação criminosa.
Após a detenção dos dois casais, os policiais civis localizaram um telefone celular, modelo iPhone 8, e uma televisão de 50 polegadas que pertenciam à vítima. Já o outro casal foi identificado pela Polícia Civil como o destinatário das transferências de valores feitas da conta da vítima.
Um dos filhos de Nicomedes procurou a Polícia Civil e informou sobre uma transferência da conta bancária de seu pai, por meio de PIX, no valor R$ 4,9 mil, para a conta de uma mulher. Estranhando a transação, o filho entrou em contato com o pai pelo Whatsapp, porém, a mensagem foi visualizada e não foi respondida. Ele então tentou telefonou para a vítima, mas não conseguiu contato.
Desconfiado, o filho foi até a casa do pai e ao chegar viu que a residência estava trancada e o cachorro amarrado, o que não era costume. O veículo da vítima, um modelo Jeep Renegade, também não estava na casa e foi encontrada uma escada encostada ao muro, onde havia pegadas de botas.
No dia 22 de março, a Polícia Civil identificou que os criminosos fizeram compras com os cartões da vítima, algumas em valores altos totalizando R$ 8 mil em duas transações e outras compras menores realizadas em cartão de débito.
Durante a investigação, a Delegacia de Chapada dos Guimarães solicitou apoio da GCCO por haver a suspeita de um possível sequestro. A partir da localização do corpo, a investigação tomou outro viés e a equipe policial conseguiu reunir informações que levaram à identificação dos envolvidos, cujos mandados de prisão foram representados à Justiça.
A polícia apurou que, durante a execução do crime, um dos criminosos citou seu nome a um comparsa e, por conhecer a vítima, ele ficou com medo de ser reconhecido, quando então decidiram praticar o homicídio para ocultar e garantir a impunidade pelo roubo cometido.
“Esse criminoso era morador de Chapada dos Guimarães e já havia prestado serviço de pedreiro para a vítima e pelo comparsa ter falado seu nome, ele ficou com medo de ser reconhecido pela vítima”, explicou o titular da Derf de Cuiabá.