A Guarda Civil espanhola anunciou nesta quarta-feira (20) a detenção do principal colaborador do vice-presidente da Catalunha e realizava operações em prédios do governo regional, em plena tensão com Madri pela determinação da administração local de realizar um referendo de autodeterminação vetado pela justiça.
A Guarda Civil deteve Josep Maria Jové, considerado o braço direito do vice-presidente da Catalunha, o independentista Oriol Junqueras, confirmou uma fonte do ministério da Economia do governo catalão, vinculado à vice-presidência. Segundo a imprensa espanhola, o número de detidos chega a 14. Informações publicadas pela agência Efe também dão conta de que o secretário de Fazenda, Lluís Salvadó e responsáveis de Telecomunicações e Assuntos Sociais estão entre os detidos.
Uma fonte policial confirmou a detenção, sem revelar os motivos. A justiça, no entanto, havia advertido várias autoridades que não deveriam organizar o referendo e que ficariam expostas às consequências judiciais.
A informação foi divulgada no momento em que a polícia realizava operações de busca em vários prédios do governo regional, como parte das investigações para impedir a celebração do referendo previsto para 1º de outubro.
"A polícia militar espanhola (Guarda Civil) entrou nos escritórios do governo da Catalunha", anunciou um porta-voz da Generalitat, o Executivo regional, que citou a presença de agentes nos edifícios dos departamentos de Economia, Relações Exteriores e da presidência.
Centenas de pessoas protestaram diante da sede do ministério da Economia catalão para criticar as ações da polícia espanhola.
"O governo defende os direitos de todos os espanhóis e está cumprindo com sua obrigação. O Estado de Direito funciona", afirmou o primeiro-ministro do país, o conservador Mariano Rajoy, ao ser questionado sobre as operações no Congresso em Madri.
"Tire suas mãos sujas das instituições catalãs", respondeu Gabriel Rufián, deputado do partido Esquerda Republicana da Catalunha, antes que os nove representantes do partido e os oito do partido PDeCAT (conservador e independentista) abandonassem o plenário.
Escalada de tensão
As operações policiais se intensificaram desde o fim de semana, com a apreensão de grande quantidade de material eleitoral, como cartazes ou peças de propaganda.
A Guarda Civil apreendeu na terça-feira à noite mais de 45 mil notificações para convocar os membros das zonas eleitorais para o referendo, que o governo catalão está determinado a organizar, apesar da proibição do Tribunal Constitucional.
"O número de certificados de notificação apreendidos poderia representar 80% das comunicações necessárias para cobrir as mesas eleitorais", afirmou a polícia em um comunicado, que citou operações em vários prédios da empresa de mensagens Unipost para buscar os documentos.
No domingo, a Guarda Civil confiscou na região de Barcelona 1,3 milhão de panfletos, folhetos e cartazes para o referendo.
Os separatistas são maioria no Parlamento catalão desde 2015, mas segundo as pesquisas a sociedade catalã está muito dividida ante a independência da região de 7,5 milhões de habitantes.
Nas eleições regionais de 2015, os independentistas receberam 47,6% dos votos e os defensores da continuidade na Espanha 51,28%. Mas 70% dos catalães são favoráveis a decidir a questão em um referendo legal, segundo as pesquisas.