A Polícia Civil abriu investigação para apurar as denúncias feitas pela técnica de enfermagem Amanda Benício contra o Hospital São Judas Tadeu, em Cuiabá-MT. De acordo com a profissional, a unidade de saúde teria cometido atos de negligencia no tratamento de pacientes infectados pela Covid-19. O inquérito foi aberto nesta terça-feira (6).
Hoje (7), a delegada Luciani Barros Pereira de Lima ouviu a técnica de enfermagem, que deu detalhes sobre a queixa registrada na Central de Ocorrências de Cuiabá, na última segunda-feira (5).
A apuração preliminar também apura os fatos apontados em um segundo boletim de ocorrência, registrado pela Polícia Militar, em que Amanda consta como uma das partes envolvidas em um princípio de tumulto ocorrido no hospital, localizado no bairro Jardim Califórnia.
Os próximos passos da investigação são a requisição de documentos que se fizerem necessários para o esclarecimento dos fatos e oitivas de pessoas citadas pela profissional de saúde no boletim registrado, entre elas familiares de pacientes atendidos e funcionários do hospital.
O caso
De acordo com o boletim de ocorrência registrado na Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), a profissional de 38 anos trabalhou no hospital até 1° de abril e teria sido demitida após ter relatado aos proprietários da unidade, por meio de uma rede social, as irregularidades que estava observando.
Ainda conforme a queixa, ela teria procurado a unidade policial após se dirigir ao hospital e questionar sobre o seu pagamento, mas a responsável pelo departamento de recursos humanos teria gritado com a técnica de enfermagem.
Em entrevista ao VG Notícias, a técnica de enfermagem denunciou que o Major da Polícia Militar, Thiago Martins de Souza, 34 anos, que faleceu na madrugada do último domingo (4), estava sofrendo maus tratos no Hospital São Judas Tadeu, durante as duas semanas de internação.
Ela relatou que o agente de segurança estava saturando, não estava tomando banho e que o militar chegou a comparar o atendimento com o Pronto-Socorro Municipal da Capital. Amanda também afirmou que foi falado na frente de Thiago que teriam que deixar outro paciente morrer para que o militar pudesse ser intubado. “E foi o que aconteceu”, revelou.
A profissional ainda apontou que faltam medicamentos no hospital e que há erros na execução dos procedimentos. A técnica contou que os pacientes seriam amarrados ao serem intubados, já que os sedativos não estariam sendo utilizados.
Em nota, o Hospital São Judas Tadeu negou todas as declarações da ex-funcionária e informou que a profissional foi demitida por práticas não condizentes ao que é exigido pela unidade. No entendimento do hospital, Amanda teria agido por vingança.
Confira a nota na íntegra:
O Hospital São Judas Tadeu vem, nesta oportunidade, negar veementemente todas as notícias veiculadas na data de hoje, 5 de abril de 2021, que envolvem condutas supostamente promovidas em desfavor da saúde dos pacientes.
As acusações espúrias foram proferidas por uma funcionária que trabalhou 50 dias na Instituição, e foi demitida na semana passada justamente por práticas dissonantes com as exigidas pelo Hospital e, por isso, utiliza-se dessa pauta com cunho de promover retaliação e vingança.
É evidente que as afirmações são desprovidas de qualquer fundamento e principalmente provas. Diante da gravidade, o Hospital está empenhado na adoação das medidas cíveis e criminais cabíveis em face da profissional e isso será a maior resposta que poderemos dar a população.
De qualquer forma, reforçamos que o Hospital São Judas Tadeu é uma Instituição séria e respeitada, com histórico de excelência em serviços prestados à população cuiabana há mais de 35 anos.
Sempre atuamos com profissionais sérios e comprometidos com a ética e o bem estar dos pacientes e assim permaneceremos nossa caminhada.