A Polícia Civil de São Paulo prendeu na manhã de terça-feira, 28, um homem considerado o principal suspeito de matar o delegado Josenildo Belarmino de Moura Júnior durante assalto no dia 14 de janeiro. Moura Junior estava de folga no dia do crime e caminhava pela Rua Amaro Guerra, na Chácara Santo Antônio, zona sul da capital, usando camiseta, bermuda e chinelo, quando foi abordado.
O suspeito foi encontrado na região de Paraisópolis, também na zona sul, conforme a Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP). “Os investigadores levantaram provas sobre a autoria do crime e conseguiram, com a Justiça, o mandado de prisão”, diz a pasta. O nome do detido não foi divulgado, por isso não foi possível localizar sua defesa.
“O criminoso foi identificado após um trabalho de investigação que envolveu policiais do 11.° Distrito Policial, onde a vítima trabalhava, e outras seccionais do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap)”, diz a SSP em nota.
Moura Júnior tinha 32 anos e era de Pernambuco. Ele tinha acabado de concluir o curso de formação da polícia e atuava no 11° DP havia menos de um ano. Dias antes da sua morte, foi aprovado em um concurso para atuar, também como delegado, no seu Estado natal.
O LATROCÍNIO
Uma câmera de segurança instalada na rua registrou o momento em que o delegado é abordado. Nas imagens, é possível ver Moura Júnior caminhando. Na sequência, o criminoso chega em uma moto, estaciona na frente de um trecho da calçada, perto de uma obra.
O assaltante desce então da motocicleta e aborda a vítima ao lado de uma caçamba, no momento em que ela ia atravessar a rua. De capacete e apontando a arma para Moura Júnior, ele revista o delegado, que, aparentemente, não reagiu, mas estava armado. Em seguida, o criminoso atira quatro vezes contra a vítima. Dois tiros atingiram o delegado nas costas, um no braço e outro na garganta. A vítima cai ao lado de um carro, e o criminoso foge de moto.
O caso foi registrado como latrocínio consumado. Conforme a polícia, o suspeito faz parte de um grupo que atuava praticando roubos na região. Foram levadas a arma e o celular do delegado. A hipótese de execução foi descartada.
Segundo o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, secretário executivo da SSP, a Polícia Civil investiga a hipótese de ao menos três homens terem participado da ação. Além do ladrão que efetuou os disparos, outros dois estariam em duas motos, perto do local. “Pelo que apuramos, ele (Moura Júnior) entregou o celular e a arma, mas o ladrão pode ter achado que ele tinha outra arma e atirou pelas costas”, disse Gonçalves na época do crime.
Segundo funcionários da obra que testemunharam o crime, o criminoso fez uma abordagem padrão para roubo de celular e se surpreendeu quando encontrou a arma do delegado. Eles disseram ao Estadão que aquele foi o segundo assalto que presenciaram na região naquela semana. “Acontece direto”, disse um deles, que preferiu não se identificar.
A região de Santo Amaro tem média de 5 assaltos por dia, conforme dados da SSP referentes a 2024. A Rua Amaro Guerra teve 13 roubos registrados em novembro, último mês divulgado, como mostra o Radar da Criminalidade, ferramenta interativa do Estadão com base em dados oficiais. Apesar da diminuição de roubos e furtos na cidade, os latrocínios subiram 32,4% entre janeiro e novembro de 2024, na comparação com 2023.