De acordo com Pluct, Plact, o extraterrestre exilado na Terra, é o que resta. Poesia e fé.
O diagnóstico é solidamente embasado num Aleph zero número de informações e dados coletados nas viagens intergalácticas multidimensionais realizadas pelo involuntário personagem das Fábulas Fabulosas da cronista que você costuma acompanhar. Aquela, recolhida por livre e espontânea vontade do outro lado do túnel.
Se não bastassem as viagens, junte a esse feedback a base de dados para pesquisa literalmente universal, com direito a todas as vias – lácteas e galácticas – de informações geradas pelo Big Bang quântico que desandou nessa bagaça toda.
Primeiramente, vamos colocar na balança e considerar o fato de que nenhuma forma alienígena viria para a Terra a passeio. Podemos deduzir que não é só por aqui que o bagulho anda doido.
O que explicaria a “missão” terráquea de Pluct, Plact, mas não a falta de força propulsora para, vencendo as amarrações e demandas mecânicas interestelares, sua nave poder partir em paz para outras pernadas nas estrelas.
Cientificamente falando os motivos seriam físico, químico e biológico. Uma combinação de fatores que transforma a ação em reação infalível cada vez que a missão interplanetária direciona suas energias, faz seus cálculos propulsionantes e objetiva um básico “pode ficar aqui que eu vou pra PQP”, ou o clássico “parem o mundo que eu quero descer”.
Nada acontece. A nave faz ping e… pong ricocheteia e volta para a Terra!
Não é um fenômeno único ou particular. Está assim para todo mundo, em todo lado. Não há ninguém que, nesse momento, não tenha noção do perigo. A maioria está apertando firmemente o START. Mas o resultado, ou melhor, a ausência dele, é o mesmo para geral.
Daí a conclusão de Pluct, Plact de que não, não pode ser somente um fenômeno científico inexplicável que está reduzindo a ação a uma reação lamentável.
Tipo aquela cena clássica de quando alguém cai na areia movediça e o primeiro alerta, depois daquele grito de surpresa, diante da situação é: ”NÃO SE MEXA”. E vai tudo afundando. Especialmente o horizonte de quem recebeu o conselho de que manter a imobilidade é essencial para aumentar por preciosos segundos a sobrevivência. Até que…
Enquanto isso, as informações continuam a chegar em profusão e vão sendo catalogadas e indexadas. O visitante costume leva-las para a amiga em suas visitas noturnas.
São tantas e tão complexas que não caberão no curto tempo em que os raios de luar banharão o interior da cela da cronista. São eles que iluminam o contato imediato entre os dois seres quase inexistentes, mas ligados pelo nó cego de uma amizade improvável.
Somando, multiplicando, subtraindo, dividindo, tirando a raiz quadrada, analisando a incógnita cartesiana da função pitagórica aplicada às condicionais e variantes de abordagens científicas, incluindo as da quântica mais avançada, Pluct Plact chegou a uma assombrosa conclusão.
É a de que a força capaz de bagunçar o equilíbrio planetário e impedir sua partida é a da maldade pura e simples. Aquela, cada vez mais sem filtro, a que esse mundão que já foi de Deus está exposto.
E contra ela não há remédio, lei ou ação violenta que resolva. Não é assim que se ameniza, amansa e doma a fera da maldade. Violência gera violência que nada mais é do que uma filial do mal que aflige a todos.
Poesia é fé, em todas as suas formas e variantes, podem ser a solução. Pelo menos para o ingênuo viajante que ainda crê na espécie humana. Até quando?
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Fábulas Fabulosas”, do SEM FIM…