Adolescente de 15 anos fica cego do olho esquerdo após ser atingido por tiro de borracha (Foto: Arquivo Pessoal)
Um adolescente 15 anos ficou cego do olho esquerdo após ser atingido por um tiro de borracha disparado por um policial militar do 47º Batalhão, na madrugada de domingo, na Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo. Segundo a família, a ação ocorreu após a dispersão de um baile funk realizado perto da casa onde moram. Ele não participava do baile e estava em casa com os pais e irmãos. A Polícia Militar foi procurada para comentar o caso e informou que vai se pronunciar nesta sexta-feira (22).
"Perdi o olho, não foi a vida. Fico preocupado com meus pais", disse o jovem ao G1. Ele teve alta na manhã desta quarta-feira (21), depois de passar por cirurgia na Santa Casa de São Paulo. "Meu olho explodiu, fiquei sem olho, sangrou muito. Foi muito de perto."
O jovem disse que a mãe abriu a janela para ver o que estava acontecendo e se deparou com uma cena de violência policial. "A janela dá para a rua. Eu saí e vi os policiais armados com umas armas muito grande e subi. Minha mãe abriu a janela e viu uma mulher sendo espancada por um policial com um pedaço de madeira. Ela gritou para ele parar e o policial foi bater na minha mãe com o pedaço de madeira. Ela fechou e ele acertou a janela, que ficou amassada porque a madeira era muito grande."
Imagem feita por um morador mora momento de disparo de um policial com arma de bala de borracha (Foto: Arquivo pessoal)
O adolescente disse que estava na laje de casa para ver a confusão ao lado do irmão. "Ouvimos barulho de motos caindo. Minha mãe abriu a janela, aconteceu tudo aquilo e eu gritei para ele não bater na minha mãe. Depois disso, um policial apontou a arma para mim e atirou. Meu irmão gritou que eu tinha sido atingido e eles jogaram bomba de gás aqui em casa."
A mãe disse que a família estava participando de uma confraternização quando tudo aconteceu. "Meu filho estava na casa de cima, onde mora meu irmão. Estava tendo uma festa de criança. O mais velho estava olhando e conseguiu tirar a cabeça, mas o mais novo não conseguiu."
Ela disse que a família recebeu a visita de um tenente da corporação. "Ele se mostrou indignado com a situação. Meus filhos vão fazer o reconhecimento."
Se recuperando do ferimento no olho, o adolescente disse que o pai teve dificuldade para socorrê-lo. "Meu pai teve de esperar a fumaça baixar porque a gente não conseguia abrir o olho. O meu pai foi pedir ajuda para os policiais ajudarem a me socorrer e eles pegaram o cassetete para bater nele também. Ele precisou esperar os policiais saírem para me levar até o hospital. Demorou meia hora pra conseguir sair de casa", disse o adolescente cego.
Fonte: G1