Pluct, Plact, o ser de outra galáxia, anda muito preocupado. Até mesmo sem saber o que fazer para provar para a cronista ensandecida ainda guardadinha do outro lado do túnel que, sim, está de posse e dominando todos os seus incríveis poderes! Todos, menos o que lhe permite sair de vez do hospício Terra, já que segue sem força propulsora para dar um tóin em direção ao espaço sideral, deixando para trás a atmosfera gravitacional abafada, ressecada e desconexa que o aprisiona.
Ele espera ansioso que a camada de ozônio seja aliviada com muita água o que talvez quem sabe lhe permita romper a atração fatal que o faz testemunha incrédula dos fatos que vem ocorrendo no Patropi. (Aprendeu – e gostou – da designação quando buscava na literatura um sentido qualquer para os acontecimentos que têm sido verificados no último período temporal por aqui designado como mês.) Foi indo, indo… e, pelo visto, ainda irá muito além em direção ao passado, sem obter nenhuma referência segura que o permita justificar essa “balbúrdia estapafúrdia”. É que NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESSE PAÍS…
Parece que até São Pedro, o santo encarregado das faxinas no céu, não está de graça com o povo brazuca e proibiu terminantemente os anjinhos de darem uma geral, arrastar alguns móveis celestiais e jogar uma água pra limpar a lama vigente e recorrente por aqui. Não adianta as garotas do tempo ficarem prometendo o que não podem cumprir com seus sorrisos esperançosos e, sabemos todos, inconfiáveis: quem manda no céu é ele e a chave para aliviar o calorão do veranaço de novembro está jogada no fundo de um baú qualquer, muito bem malocado nos porões infindáveis e não muito organizados da residência oficial do pai celestial.
Nada de água, que é pra ver se essa gente bronzeada toma tenência e se apruma. E que seja rápido! Porque do jeito que a coisa vai nem dia sim, dia não, as torneiras da Cantareira poderão se abrir…
Quer saber? Ele (o alienígena, não São Pedro) está louquinho de vontade de deixar pra baixo esse mundo louco e intraduzível. Sofrendo, é claro, por saber que vai romper o único elo da cronista com a realidade exterior. Mas também, que diferença faz?
Nem ela acredita mais nos acontecimentos que o extraterrestre anda reportando quando ultrapassa na encolha as paredes acolchoadas que protegem a escriba da cruel realidade que a cerca. Não adianta dizer que ela tinha razão, o dito virou não dito, apagou-se o que estava escrito e a cela protetora é o “mió” pra eu e ela, pensa o ser querendo uma vaguinha no cafofo prisional. E que seja rápido, antes que ele seja requisitado para abrigar uns, outros e que tais.
A lotação dos presídios federais está pela tampa de tanto bam-bam-bam e a cela pinelística já está sendo requisitada e propinada por sua excelente localização: próxima ao Rio Sul, em frente a sede do Botafogo, a um passo do Iate Club do Rio de Janeiro. Uma excelente rota de fuga marítima. Quem sabe no iate do milionário empreendedor, recém arrestado e ancorado nas águas da Enseada. É um pulo (depois de um “aquézinho” básico para os vigilantes da loucura tupiniquim). E aí, a Itália, Jesus e as contas turbinadas nos paraísos fiscais são os limites.
Aqui fora, no Brasil varonil, a falta de um tudo impera… Sabem a exceção? Virou a regra. O “Eu não sabia”, o “Sempre foi assim” agora justificam tudo: roubar, extorquir e, por que não? Matar a decência e a moralidade, asfixiadas numa overdose de ladroagem explícita. Papo careta, dirão os que se locupletam e aceitam o jogo podre que agora não tem mais medida e virou mal feito na linguagem esdrúxula de quem tinha obrigação de cuidar do galinheiro.
É claro que a cronista está achando que o ET surtou de vez. Foi contaminado pelo “É bola” que domina as mais altas esferas aqueles que, ao serem pegos com a boca na botija, apresentam saldo ZERO nas suas contas bancárias.
Conta outra, Dona Carochinha!
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Fábulas fabulosas”, do SEM FIM… delcueto.wordpress.com